sexta-feira, 12 de março de 2010

PROFESSOR VÍTIMA DE BULLYING

Refere hoje o jornal PÚBLICO que um professor da Escola de Fitares - Sintra se terá suicidado, no dia 9 de Fevereiro, em consequência do bullying a que era sujeito pelos alunos de uma turma  (9º B) daquela escola. Admira que a notícia só hoje tenha vindo a público e ignoram-se ainda informações mais concretas e detalhadas sobre o acontecimento.

Porém, uma coisa é certa, e a ela já aludimos em post anterior. A indisciplina, a crueldade, a criminalidade em curso nas nossas escolas, só terminará se forem adoptadas medidas drásticas, todas as medidas drásticas que a situação exigir.

O mito das crianças boas, ingénuas, inocentes, vítimas da malvadez dos adultos, que foi especialmente glosado nos últimos anos, teve como consequência uma desresponsabilização crescente desses ternos meninos e meninas que não são exactamente o "bom selvagem" que, ainda que noutro contexto, referia Rousseau.

O fenómeno a que assistimos não é exclusivamente português. Infelizmente, no Velho Continente cada vez mais se ensina menos, se aprende menos, se sabe menos, em parte devido, falando agora do ensino universitário, a esse famigerado Processo de Bolonha - que a União Europeia impôs com propósitos certamente muito amadurecidos nos gabinetes mas inconfessáveis para a opinião pública - que tenderá a reduzir a população dita "civilizada" a uns tantos homens cultos e instruídos e a uns milhões de escravos ignorantes e estúpidos, dominados pelos primeiros. Convém, por isso, fomentar a ignorância e a violência dos jovens. Não só na Europa a situação é dramática, mas também na América, onde as universidades se estão a transformar em clubes de tiro ao alvo.

É preciso, de uma vez por todas, pôr-mo-nos de acordo quanto ao facto de que as crianças (e muitas vezes aplica-se o termo até aos 18 anos!!!) não são apenas vítimas de agressões dos adultos mas igualmente agridem os adultos e agridem-se violentamente entre si. As polícias sabem alguma coisa disso, mas parece que os psicólogos, pedopsiquiatras, pais, educadores, responsáveis pela educação, legisladores, juízes, etc., ainda não perceberam nada do que se está a passar. É grave, por todos os motivos: em primeiro lugar, pela própria circunstância em si mesma; depois, pelas consequências que daí derivarão para o país (no nosso caso) e para a própria civilização em geral. Se há interesses, obscurantíssimos interesses, que permitem, facilitam e até incentivam esta prática, deverão ser imediatamente denunciados por quem deles tiver conhecimento.

Para já, e como medida de salvação nacional - não estou a brincar com o termo, falo muito a sério -, castiguem-se exemplarmente os prevaricadores e reveja-se o conceito de criança. Há meio século poderia talvez dizer-se que alguém com 14 ou 15 anos era uma criança; hoje, muitos com 10 anos são já criminosos de delito comum. E há também que pedir responsabilidades a todos quantos, ao longo destes anos, andaram a fingir que as crianças consubstanciam apenas, e totalmente, a incarnação do Bem. Também eles são culpados, a vários títulos, da situação a que se chegou.

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