A RDP 1 e a TSF dedicaram hoje o seu fórum diário às práticas de bullying, ouvindo "especialistas" e cidadãos "anónimos", na maioria pais ou encarregados de educação de alunos. Este tema, a que as duas estações consagraram o seu espaço matinal, veio a propósito do recente desaparecimento (e suposta morte) de uma criança de 12 anos que, acossada pelos colegas, se terá lançado no rio Tua. Não são de hoje as acções agora designadas por bullying, termo importado dos nossos aliados britânicos, que parece serem especialistas na matéria, e que são hoje praticadas um pouco por toda a parte.
Em Portugal, país onde a educação se vem degradando nas últimas décadas, não só a instrução mas a educação em sentido mais lato, sintoma de uma generalizada decadência da sociedade (consequente da perda de valores éticos e da progressiva invasão da vida privada pela sociedade de consumo promovida em termos inconcebíveis pela economia neo-liberal), tem-se assistido nos últimos anos a casos de violência física e psicológica exercida por colegas de escola mas só raramente denunciados na comunicação social.
É claro que um caso de suícidio, como o que presentemente se relata, impunha uma divulgação nacional. Sabemos de há muito que nas nossas escolas se perdeu o respeito e a consideração pelos professores, e que os "privilégios" dos alunos foram ilimitadamente alargados. Nada de chumbos, de notas negativas, de repreensões, de castigos, atitudes que logo merecem o mais vivo repúdio não só por parte dessas estimáveis criancinhas, algumas já criançonas, mas também dos respectivos pais e encarregados de educação.
Não se ensina, não se aprende. Por culpa dos alunos, é certo, em parte também por culpa de alguns professores e mormente pelas leis que regem o ensino. Encontramo-nos perante um tumulto geral.
Mas é bom não esquecer que o bullying do secundário tem muito de importado das chamadas praxes académicas do ensino universitário, que todos conhecemos, e em que se praticam as maiores atrocidades morais e físicas, com a benévola compreensão das autoridades académicas. Quantos estudantes não se submetem a esses rituais com o receio de ficarem excluídos da "comunidade". Muitas das praxes relatadas pela imprensa, rádio e televisão só poderão ser imaginadas por autênticos ANIMAIS, com o devido respeito pelos animais ditos irracionais. E poucos são os que se revoltam,com medo das represálias, apesar de neste caso serem já, presumivelmente, de maior idade.
Quanto aos mais novos, os do secundário, ditos crianças, as crianças são sempre boas segundo as educadoras, os pedopsiquiatras e afins; como se não existissem crianças perversas, talvez a maior parte (leia-se Lewis Carrol ou Freud ou Nabokov), capazes de todos os males. E também pais perversos de crianças perversas, que chegam às escolas, agridem os professores, furam-lhes os pneus dos carros, etc.,etc.
Perante toda esta insânia reinante, face a todos estes actos, de bullying, de praxes ou similares, apetece (recorrendo a uma frase supostamente atribuida ao Doutor Goebbels) puxar da pistola.
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