Concluí hoje a revisitação de "Der Ring" na versão Barenboim/Kupfer, vendo (e ouvindo) a última parte da Tetralogia: "Götterdämmerung", apresentada no Festival de Bayreuth.
A morte de Siegfried e a devolução do ouro às Filhas do Reno conduz à destruição do Walhalla, a morada dos Deuses. Crepúsculo anunciado desde que Wotan, para satisfazer sua esposa Fricka (a guardiã das virtudes domésticas) sacrificou Siegmund, quebrando-lhe a espada Notung no combate com Hunding. Siegmund, filho adulterino de Wotan, tivera uma relação incestuosa com Sieglinde, sua irmã gémea, engendrando Siegfried. O próprio Siegfried cometerá incesto com sua tia Brünnhilde e, tendo as Nornas deixado de tecer o destino dos homens, acabará morto por Hagen.
Resulta da história dos Nibelungos, e mesmo da vida de Wagner, que foi a condenação do incesto, desejada por Fricka, que levou à queda dos Deuses.
Um tabu controverso ao longo dos tempos, sobre o qual muitos se debruçaram no século passado com especial autoridade, como Sigmund Freud e Claude Lévi-Strauss.
Apesar das lições da História, o juízo social e penal relativamente ao tabu continua a ser severo, já que o discernimento humano não cessa de obnubilar-se.
(Publicado no Facebook em 25 de Fevereiro de 2021)
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