Recordemos o Poeta, no 125º aniversário do seu nascimento.
SONÊTO JÁ ANTIGO
Olha, Daisy: quando eu morrer tu hás de
dizer aos meus amigos aí de Londres,
embora não o sintas, que tu escondes
a grande dor da minha morte. Irás de
Londres p'ra Iorque, onde nasceste (dizes...
que eu nada que tu digas acredito),
contar àquele pobre rapazito
que me deu tantas horas tão felizes,
embora não o saibas, que morri...
mesmo êle, a quem eu tanto julguei amar,
nada se importará... Depois vai dar
a notícia a essa estranha Cecily
que acreditava que eu seria grande…
Raios partam a vida e quem lá ande!...
Álvaro de Campos (Dezembro de 1922)
(Texto segundo a edição da Obra Poética, organização de Maria Aliete Galhoz, edição Aguilar, Rio de Janeiro, 1965)
1 comentário:
Magnífico soneto
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