segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

NÃO VÃO À GRÃ-BRETANHA



O governo britânico está a preparar uma campanha para dissuadir os trabalhadores búlgaros e romenos de emigrarem para o Reino Unido, afirmando que não é bom viver no país, que este é uma fonte de desencantos.

Segundo informa o PÚBLICO, em notícia que transcrevemos, o jornal romeno online "gandu.info", iniciou uma campanha de publicidade, convidando os ingleses a irem para a Roménia:

«A campanha que o Governo britânico pondera lançar na Roménia e na Bulgária para dissuadir trabalhadores destes dois países de emigrarem para o Reino Unido ainda não existe mas os seus efeitos já se sentem. O primeiro é político. O segundo, publicitário. A ideia partiu de um jornal online romeno, "Gandul.info", e de uma agência de publicidade e a campanha já circula. Mas ao contrário da que seria a campanha britânica, esta convida os britânicos a irem para a Roménia. Ao realçar os encantos deste país expõe os desencantos da Grã-Bretanha, mas talvez não nos termos desejados por Londres.

"Nós podemos não gostar da Grã-Bretanha, mas vocês gostarão da Roménia. Por que não vêm cá?", é o lema para toda a campanha que se desdobra em diferentes mensagens: "Os nossos jornais andam atrás das celebridades e não à escuta dos telefones das pessoas"; "O nosso Metro não foi desenhado tendo sardinhas em mente"; "A nossa cerveja de pressão é mais barata que a vossa água mineral" e "Metade das nossas mulheres parecem-se com Kate [Middleton]. A outra metade com a sua irmã", entre outros exemplos.

O efeito político, esse, aconteceu na sexta-feira, quando eurodeputados da Roménia e da Bulgária dirigiram uma carta conjunta ao presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, a lamentar o sentimento de serem tratados como cidadãos europeus de segunda classe, noticia a Reuters, que cita parte da missiva: "Acreditamos que uma vaga de declarações hostis desde o início do ano visa estigmatizar esses cidadãos como europeus de segunda classe que representam uma ameaça para os sistemas sociais simplesmente por quererem exercer os seus direitos básicos de liberdade de movimento e de trabalho."

Dias antes, o jornal britânico The Guardian avançava com a notícia quase certa embora não confirmada (mas também não desmentida) por um porta-voz do gabinete do primeiro-ministro David Cameron de que o Governo Tory se preparava para lançar uma campanha a avisar romenos e búlgaros: "Não venham, porque não é bom viver aqui"; uma notícia acompanhada antes e depois por uma torrente de outras, na imprensa tablóide, a alertar para o perigo de uma avalanche de imigrantes romenos e búlgaros a partir de Janeiro de 2014.

É nessa data que termina o prazo dado a certos países que o quiseram, como o Reino Unido, para aplicarem restrições à entrada a trabalhadores da Roménia e Bulgária, os últimos dois países a entrarem na União Europeia (UE), em 2007. Findos os sete anos previstos, a 1 de Janeiro de 2014, o acesso ao mercado de trabalho para trabalhadores de ambos os países passa a ser livre.

O Governo Tory está sobre pressão da ala mais à direita do partido, mas também de algumas figuras do Labour para impedir a entrada de imigrantes destes dois países. Além da campanha publicitária, põem a hipótese, segundo a imprensa britânica, de limitar o acesso de romenos e búlgaros (que emigrem para o Reino Unido) aos benefícios sociais. Os democratas liberais (centristas) britânicos lembraram o Governo que tem de agir de acordo com a lei e tratar romenos e búlgaros como todos os outros cidadãos da União Europeia a partir do próximo ano.»

Abstraindo dos receios britânicos quanto a uma vaga de imigração daqueles países, o que pode ser compreensível mas que estabelece, de facto, duas ou mais categorias de europeus, o que ainda é, creio, contrário aos tratados em vigor, acontece que tanto ingleses como romenos, e eventualmente búlgaros, têm razão.

Eu que já estive várias vezes em Londres, e também em Bucareste e em Sófia, devo confessar que Londres (exceptuando os museus, as temporadas de ópera no Covent Garden e pouco mais) é uma cidade muito pouco interessante, onde eu seria incapaz de viver.

Por outro lado, Sófia e, em especial, Bucareste, são cidades sem a desmesurada escala da capital britânica, muito mais humanizadas, com um agradável convívio com os seus habitantes, com um passado que nada desmerece, na História, o do actual Reino Unido e que, à parte uma situação económica e financeira difícil (que os ingleses também já estão a sentir), oferecem um acolhimento muito diferente (para melhor) do que o verificado em Londres.

Falo de capitais, mas presumo que nas outras cidades e na província a comparação se mantenha válida.

Julgo, pois, chegada a altura dos ingleses, altruisticamente (o que nunca aconteceu) fazerem as malas para passar uns dias nos Balcãs, deixando de ostracizar povos de antiquíssimas tradições alheias ao mundo anglo-saxónico.


2 comentários:

Zephyrus disse...

A capital inglesa beneficia muito com o que trouxe das ex-colónias. É sabido que o recheio de muitos dos seus principais museus é constituído por obras e valores do Antigo Egipto, Grécia Antiga, antigos impérios do Próximo e Médio Oriente, arte tibetana, até arte portuguesa, já para não falar das obras de artistas europeus de séculos recentes.

Também se sabe que as elites britânicas sempre tiveram um fascínio por Paris e pelas cidades do Sul da Europa, com destaque para Atenas, Roma, Florença, Veneza, Istambul, Sevilha, Cádis, Granada, e também por Lisboa ou Sintra. Por isso os jovens adultos das classes altas faziam a Grand Tour, com passagem pelo Norte de Itália (com especial destaque para a zona dos lagos alpinos), França, Grécia ou Sul de Espanha.

A título de curiosidade, refiro que durante a Grand Tour muitos jovens procuravam no Sul da Europa experiências de cariz sexual, e os próprios guias da Grand Tour salientavam que Paris, Florença ou Veneza eram cidades muito procuradas pelos amantes da sodomia.

Ainda hoje os britânicos sonham com o Sul, com o nosso sol e o nosso mar, com o nosso clima, paisagens, calor humano.

Os próprios britânicos reconhecem que vivem num país cinzento e sempre preferiram, portanto, as cidades meridionais.

Anónimo disse...

Aconselho a que visitem primeiro a Roménia e a Bulgária antes de irem a Inglaterra. os ingleses são uns pretensiosos de merda e os outros são pessoas simpáticas. E os romenos até são latinos.

Que os ingleses se fechem na sua ilha e não chateiem o próximo.