A Alemanha assinala hoje os 80 anos da chegada de Adolf Hitler ao poder. Foi a 30 de Janeiro de 1933 que o velho presidente da República (de Weimar), o marechal Paul von Hindenburg, deu posse a Hitler como chanceler do que viria a ser o Terceiro Reich.
Hoje, falando à mesma hora, a chanceler Angela Merkel declarou que o facto de Hitler ter alcançado democraticamente o poder «deve ser um aviso permanente para nós, alemães», acrescentando que «os direitos humanos não se impõem por si só. A liberdade não aparece sozinha e a democracia não se consegue sozinha». Será bom que a srª Merkel medite nas palavras que proferiu e não ignore que as exigências com que a Alemanha pressiona hoje muitos países da Europa constituem exactamente um convite à emergência de situações como aquelas que alcandoraram o futuro Führer à chefia do governo alemão.
Local onde foi construído o Museu (fotografia tirada em Abril de 2009) |
O discurso de Angela Merkel foi proferido no memorial da "Topografia dos Horrores", junto à Wilhelstrasse, na zona onde se situavam a antiga Chancelaria do Reich, a sede das SS, a Gestapo, o ministério dos Negócios Estrangeiros, etc. No local, foi inaugurada a exposição "Berlim 1933- O Caminho para a Ditadura" para mostrar a erosão das instituições democráticas nos primeiros anos da época nazi.
A Porta de Brandenburg, um dos locais emblemáticos de Berlim, tem uma exposição ao ar livre, lembrando a parada das tropas especiais e das SS, que dali saíram para desfilar na célebre avenida Unter den Linden "Sob as tílias" (árvores sempre muito apreciadas em todo o mundo e que ornamentam a avenida), na noite da nomeação de Hitler.
Segundo noticia o PÚBLICO, a figura de Hitler continua muito presente na Alemanha, quer com intuitos meramente comerciais, quer com intuitos políticos. Em 2010/2011 uma exposição sobre Hitler foi um sucesso, e no top dos best-sellers actuais está um livro Er Ist Wieder Da (Ele está de volta), de Timur Vermes, imaginando, de modo satírico, o regresso de Hitler a Berlim, sem fazer ideia do que se passou nos últimos 68 anos. Ainda é oficialmente proibido publicar (na Alemanha) o seu livro Mein Kampf (A Minha Luta), manifesto fundador do nazismo, que, segundo as convenções internacionais, entrará no domínio público daqui a dois anos.
Passado o tempo das emoções, dos exorcismos e dos aproveitamentos ideológicos de todos os quadrantes, convém que se analise, com o rigor que a História exige, o quadro temporal que permitiu a um homem inquestionavelmente controverso assumir o comando de um país como a Alemanha (berço de cultura) e de quase toda a Europa e de desencadear um conflito de proporções gigantescas.
Muitos scholars se têm dedicado à figura de Hitler, ao nazismo e a todas as matérias correlativas, embora nem sempre com a isenção e a objectividade que a verdadeira investigação exige. Mas importa que esse esforço prossiga e que, ao invés do que é muitas vezes defendido (e considerado politicamente incorrecto) não se pretenda ocultar o homem e a "obra", com o pretexto de dissuadir a propaganda, antes se estude atentamente o fenómeno, um dos maiores do século passado, e as circunstâncias que o permitiram.
Valha a verdade que Adolf Hitler tem ainda hoje muitos adeptos e simpatizantes na Alemanha, e um pouco por toda a Europa, e mesmo pelo mundo. Mas a ocultação da sua figura e do período que entusiasmou os alemães, antes de serem confrontados com a catástrofe, apenas aproveita aos que se servem, para os mais variados fins, da sua pessoa e das ideias que veiculou.
1 comentário:
Parece que a srª Merkel pretende um regresso ao nazismo, não sob a forma militar mas sob a forma económica. Essa pseudo puritana protestante melhor fazia em se preocupar com o seu segundo marido e entregar a coisa pública em melhores mãos.
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