Faleceu hoje, em Setúbal, com 92 anos, José Hermano Saraiva, uma das mais interessantes figuras portuguesas da segunda metade do século XX e dos primeiros anos do século XXI. Professor, historiador, advogado, autor de estimulantes programas televisivos, escritor, investigador, deputado à Assembleia Nacional e procurador à Câmara Corporativa, ministro da Educação Nacional, embaixador no Brasil, membro efectivo da Academia das Ciências, José Hermano Saraiva marcou indelevelmente o seu tempo e despertou nos portugueses o gosto pela história pátria.
Nem sempre a sua pesquisa terá utilizado os métodos históricos considerados mais "correctos", e daí a contestação de que era objecto por parte de outros historiadores "oficialmente encartados", mas a contribuição que prestou à divulgação da história nacional, ao longo de muitos anos, e o entusiasmo que colocava nas suas palestras televisivas, que registaram audiências espectaculares para o nosso país, constituem prova iniludível não só do seu vastíssimo conhecimento em matérias várias como do agudo sentido pedagógico que envolveu toda a sua actividade pública.
Deixando os pormenores para os obituários, apresento à família as minhas condolências.
Afastado da ribalta há alguns anos, por motivos de saúde e de idade, nunca o nome de José Hermano Saraiva foi esquecido. Este é, verdadeiramente, um daqueles momentos em que se pode afirmar que Portugal ficou mais pobre.
2 comentários:
Como diz o autor do blog, Portugal ficou mais pobre com a morte de José Hermano Saraiva. Ministro do Estado Novo, nunca foi um troca-tintas a mudar de ideias. Nem foi um servidor acéfalo do antigo regime. Procurou difundir o gosto pelo estudo da história de Portugal e apesar de algumas afirmações menos fundamentadas, ou precipitadas, divulgou o essencial, num serviço em que não vi até hoje quem se igualasse. Isso me basta para lhe render a minha homenagem.
Os seus programas foram vistos e ouvidos por milhões de portugueses ao longo dos muitos anos em que foram difundidos pela televisão. A juntar a isto, que não é pouco, existe também a sua obra literária propriamente dita.
Certamente nem sempre terá seguido os cânones, no que à matéria de investigação histórica, diz respeito. Mas isso que interessa? Os detalhes,interessam apenas aos investigadores que pretendem saber tudo até ao mais ínfimo pormenor. O que verdadeiramente interessa, foi o seu trabalho ciclópico de divulgação, que fez com que muitos dos nossos cidadãos passassem a interessar-se por História pátria, matéria que sempre foi para muitos, senão para a maioria, algo chato. As suas espantosas qualidades de comunicador, não deixaram ninguém indiferente. Era imbatível.
Paz à sua alma e que repouse para sempre no panteão dos verdadeiros, leais e nobres portugueses.
Marquis
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