domingo, 1 de maio de 2011

A NATO E A LÍBIA






Segundo noticia a comunicação social, as forças da NATO que bombardeiam a Líbia teriam destruído ontem o complexo residencial onde vivia o filho mais novo de Qaddafi, Saif Al-Arab Qaddafi, que morreu no ataque bem como a mulher e os filhos. O coronel Qaddafi e a mulher, que se encontrariam de visita ao filho, escaparam ilesos.

Algumas fontes mostram-se cépticas quanto à morte do filho do Líder e família, ainda que os jornalistas tenham sido convidados a visitar os locais destruídos e a ver os corpos.

Por outro lado, populares enfurecidos terão vandalizado as embaixadas britânica e italiana, o que levou o chefe do Foreign Office a conceder 24 horas ao embaixador da Líbia em Londres para abandonar o país.

Tudo isto releva mais de uma novela medíocre do que de uma acção militar.

Em primeiro lugar, a resolução aprovada pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas autorizou uma zona de exclusão aérea para evitar que o coronel mandasse avançar o exército sobre Benghazi e eliminasse os seus opositores rua a rua e casa a casa (zenga zenga), como ele prometera. A sublevação popular generalizou-se e Qaddafi começou a atacar por todo o lado. Muitos opositores foram mortos e a acção militar da NATO foi-se alargando, alegadamente para proteger os rebeldes. A parte oriental do país, a Cirenaica, já escapou ao controlo do regime mas no resto do país a situação é extremamente confusa.

Não é possível neutralizar Muammar Qaddafi, que teima em não abandonar o poder, sem aniquilar o seu potencial bélico, o que não estava expresso na resolução da ONU. Assim, arrasta-se penosamente uma situação de indefinição, com centenas de mortos, milhares de feridos e incontáveis destruições. Até quando?

Importaria clarificar o processo. Há ou não o direito (ou até o dever) de ingerência? Se não há, deveria deixar-se que os líbios se arranjassem entre eles, quaisquer que fossem as consequências. Se há (e os antecedentes da Jugoslávia, do Afeganistão, do Iraque, e outros, mostram os seus perigos), então cumpra-se a missão, rapidamente e em força. Não me parece que o caso da Líbia seja para meias-tintas, salvo para os vendedores de armamento.

Também não se percebe que os governos do Reino Unido e de Itália mantenham as suas embaixadas abertas (não sei se os respectivos embaixadores ainda habitam Tripoli) quando os seus aviões estão a bombardear a Líbia. Todos os representantes diplomáticos dos países atacantes deveriam ter já regressado aos seus países.

Isto recorda-me aquele sketch, que ficou famoso em Portugal, do indivíduo que ia fazer a guerra ao andar de cima (ou de baixo, não me lembro) e logo voltava.

É possível que as operações na Líbia obedeçam a uma estratégia oculta de algum governo-sombra mundial, de que nós, pobres mortais, não temos conhecimento. Mas a representação é tão má que nem as aparências se salvam.




Adenda: O Vigário Apostólico de Tripoli, Monsenhor Giovanni Innocenzo Martinelli, que se deslocou ao local onde se encontram os corpos, confirmou que um dos cinco cadáveres apresentados pela televisão líbia é efectivamente o do filho de Qaddafi, Saif Al-Arab Qaddafi.

1 comentário:

Anónimo disse...

TUDO MUITO CONFUSO. O QUE PRETENDE A NATO? DIVIDIR A LIBIA. MATAR KHADAFI. MAS NADA SE RESOLVE.

FAZ LEMBRAR O DITADO: NEM F....NEM DEIXAS F,,,,