domingo, 15 de maio de 2011

NÃO PERSIGA NENHUM RABO

 

POST PUBLICADO HOJE NO BLOGUE "PORTUGAL DOS PEQUENINOS"


NÃO SIGA AQUELE RABO


Mal chegou ao Eliseu, em Maio de 1981, Mitterrand aconselhou Jacques Attali, seu colaborador directo. Era, aliás, insuspeito na matéria. «A única coisa que lhe peço é que desconfie das mulheres. Sim, estou a falar a sério: das mulheres! Elas têm uma atracção por quem exerce o poder e estão dispostas a tudo para se aproximar. Farão de tudo para se aproximar de si. Desconfie sempre, sempre.» Strauss-Kahn, aparentemente, nunca se aconselhou com Mitterrand sobre este assunto. Nos democráticos EUA, um rabo é infinitamente mais perigoso que o colesterol ou atravessar a rua sem olhar para os carros. O que mais me impressionou numa esquadra em pleno centro de Nova Iorque foi a profusão de cartazes, cheios de "modes d'emploi" acerca do "assédio sexual", a apelar à delação através de dezenas de números de telefone. O pérfido encanto dos EUA consiste neste permanente oscilar entre o mais reaccionário puritanismo e a mais reles devassidão e desprezo pelos famosos "direitos humanos". Não terá sido, aliás, por acaso que Gore Vidal "estudou" o caso Timothy McVeigh na Vanity Fair de Novembro de 1998, e acabou por se corresponder com o condenado à morte por ter destruído à bomba o Murrah Federal Building de Oklahoma. Strauss-Kahn, actual director-geral do FMI e putativo candidato presidencial francês, não é exactamente nem mais nem menos do que qualquer outro homem atraído por rabos alheios, na circustância femininos. Ter supostamente tentado ir mais longe no devaneio, valeu-lhe, em solo norte-americano, o vexame de ter sido retirado da 1ª classe do avião que o traria à Europa para tratar da grande política. E ter-lhe-á valido a presença diante de um juiz ou de uma juiza de rabos menos interessantes do que o da empregada do hotel, alimentados a coca-cola e a hamburgers, que lhe vomitaram o seu insuportável moralismo jurídico, intraduzível e impróprio para meridionais. Isto é o género de peripécia que pode acabar com um homem público e tornar um rabo anódino e contingente famoso. Laclos e Sade fartaram-se de avisar bem antes de Mitterrand.

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