terça-feira, 19 de outubro de 2010

A SITUAÇÃO EM FRANÇA


Agrava-se a situação em França, devido às sucessivas greves e manifestações provocadas pela decisão do governo de elevar de 60 para 62 anos a idade de reforma. Não me parece que essa medida seja razão bastante para tanta agitação social, no momento em que a Europa e o Mundo atravessam uma das piores crises da sua história.

Julgo, contudo, que os franceses se insurgem violentamente não tanto por esta medida em si mesma mas pelo cortejo, que se avizinha, de uma redução drástica de benefícios e do agravamento da sua situação económica e financeira, após a aprovação da alteração da idade de reforma.

Para já, com um milhão de pessoas nas ruas, nas diversas cidades e vilas do país, começa a França a ficar paralisada pela falta de combustíveis, de alimentos, pelo bloqueio de estradas, pela interrupção das carreiras aéreas e ferroviárias, e pelos confrontos entre a população e as forças da ordem.

A governação errática de Sarkozy, homem sem convicções, sem cultura, sem princípios, na verdade um falso francês, tem-se revelado catastrófica. Outros homens de ideias bem diversas, e sempre discutíveis, como De Gaulle, Pompidou, Giscard, Mitterrand e Chirac, souberam incarnar sempre uma certa ideia da França. O actual ocupante do Eliseu não faz a mínima ideia do que isso seja.

É também provável que este vasto movimento de contestação se alargue a outros países, como a Espanha, Portugal, a Bélgica, a Irlanda, a Itália ou a Grécia, onde, há semanas, já se registaram violentos confrontos com a polícia. A regressão das regalias sociais, especialmente quando não plenamente justificadas e qunado se assiste à delapidação dos dinheiros públicos, não pode deixar de gerar um clima de profunda indignação e revolta, até porque as vítimas dos rigores orçamentais são sempre as mesmas, os mais desprotegidos. A Alemanha, onde existe um maior rigor e os cidadãos são - sempre foram - mais organizados e disciplinados, poderá subsistir por mais algum tempo indemne a esta vaga contestatária, mas, apesar da mulher de blusa castanha que a governa, acabará por soçobrar no pântano europeu onde impera, claudicante o sr. Barroso.

Espera-nos o pior.

1 comentário:

Anónimo disse...

Não é um milhão de pessoas, são três milhões e meio, e ainda a procissão vai no adro!!!