segunda-feira, 15 de março de 2010

ISMAIL SHAMMUT


Ismaïl Shammut no seu atelier



Ismaïl Shammut (1930-2006) foi o mais importante pintor palestiniano contemporâneo e um dos mais notáveis pintores árabes do século passado.
  

Lydda, em 1948

A sua pintura, especialmente figurativa, reflecte os diversos aspectos da moderna história palestiniana, desde a Naqba (ele mesmo foi expulso da sua terra natal) até à luta dos palestinianos pelo seu país. As suas telas, ou outros suportes, evidenciam a determinação política de um povo arrancado às suas raízes ou exilado na própria pátria mas sempre perseverando no combate pelos seus mais legítimos direitos. De alguma forma, os temas tratados por Shammut constituem um espelho da sua própria vida. 
 

Auto-retrato
Usando um estilo específico, Shammut utiliza símbolos facilmente reconhecíveis das tradições e da cultura palestiniana, aspectos visíveis nos pormenores das suas composições, sejam os trajes característicos das mulheres palestinianas ou as paisagens das aldeias e dos campos do seu país natal. A sua obra não só documenta a experiência dos palestinianos antes e depois da Naqba como é também uma exaltação do sentimento e do orgulho nacional de um povo, diariamente perseguido e sujeito às maiores privações socioeconómicas numa Palestina ocupada.
 

 Tamam Shammut
Ismaïl Abdul-Qader Shammut nasceu em Lydda, na Palestina, em 1930, mas a proclamação unilateral da independência do Estado de Israel, em 1948, forçou-o a ir viver num campo de refugiados em Khan Yunis, na Faixa de Gaza.

 "Para onde ir...?"
Em 1950, ingressou na Escola de Belas Artes do Cairo, tendo realizado a sua primeira exposição de pintura em Gaza, em 29 de Julho de 1953. No ano seguinte, participou na Exposição da Palestina, no Cairo, em conjunto com a pintora palestiniana Tamam Aref al-Akhal, que viria a ser a sua esposa. Esta Exposição, apoiada pelo governo egípcio, foi inaugurada pelo próprio presidente Nasser, em 21 de Julho de 1954.

 "O que restou"
Ainda em 1954, Shammut viajou para Itália, a fim de frequentar a Academia de Belas Artes de Roma, instalando-se depois em Beirute, em 1956, onde passou a viver e a desenvolver a sua actividade artística e cultural.

 "Uma gota de água"
Em 1959, casou com a sua colega Tamam al-Akhal e em 1965 aderiu à Organização de Libertação da Palestina (OLP), ocupando o lugar de director das Artes e da Cultura Nacional. Em 1969 foi eleito primeiro secretário-geral da União dos Artistas Palestinianos e em 1971 primeiro secretário-geral da União dos Artistas Árabes.

 "No mercado"
Em 1983, na sequência da agressão israelita contra a OLP, no Líbano, mudou-se com a família para o Kuwait e em 1992, a seguir à Guerra do Golfo, foi para Colónia, na Alemanha. Voltou ao Médio Oriente em 1994, para se instalar definitivamente em Amman, na Jordânia. Em 1997, deslocou-se a Lydda, sua cidade natal, hoje Lod, em território israelita, para ver a sua casa agora ocupada por uma família judaica.

 "A Senhora das laranjas"
Ismaïl Shammut morreu em Amman, em Julho de 2006, com 76 anos.
 

"Mulheres da Intifada"
Ao longo da sua vida expôs, além dos locais já citados, na Palestina (Nablus, Ramallah e Jerusalém), em Amman (em cujo museu se encontra a sua colecção particular), Beirute, Tripoli, Damasco, Tunis, Argel, Rabat, Kuwait, EUA (New York, Washington, Pittsburgh, Filadélfia, Detroit, Chicago, Houston, Los Angeles, San Francisco, etc.), Paris, Londres, Roma, Viena, Tóquio, Pequim, Sofia, Belgrado, e em várias cidades da Alemanha.

 "Em direcção ao Sol"
Durante a sua carreira artística, Shammut nunca vacilou na sua dedicação à causa palestiniana, quer através da pintura, quer da investigação histórica, quer mesmo da acção política. Editou várias publicações, em árabe e inglês, entre as quais Art in Palestine (1989). De 1997 a 2000, em conjunto com a mulher, realizou uma colecção de 19 murais subordinados ao título "Palestina: o Êxodo e a Odisseia".
 

"Palestina, uma terra crucificada"

1 comentário:

Milu disse...

Que barato este post. Meus parabéns. Eu realmente desconhecia qq pintor palestino e adorei estas obras. Acho que o que é bom merece mesmo ser divulgado, sobretudo em se tratando de artistas da sofrida Palestina. Fico feliz por sua iniciativa.