domingo, 31 de janeiro de 2010
O CENTENÁRIO DA REPÚBLICA
sábado, 30 de janeiro de 2010
O FIM DE UM PROCESSO
Com a absolvição de Dominique de Villepin chega ao fim um dos processos mais mediáticos dos últimos anos em França, o caso "Clearstream". O actual presidente da República, Nicolas Sarkozy afirmou que desejaria ver o anterior primeiro-ministro pendurado no gancho de carne de um talhante. Afinal, os tribunais absolveram Villepin. Julga-se que Sarkozy, o acusador, não recorrerá da sentença, embora se ignore a posição dos procuradores do Parquet neste controverso processo, muito mais político do que jurídico.
Dominique de Villepin, diplomata, ex-secretário-geral do Eliseu, mais tarde ministro dos Negócios Estrangeiros, depois do Interior e finalmente primeiro-ministro é uma das mais interessantes figuras políticas francesas, escritor com obra publicada e notável orador. O seu discurso no Conselho de Segurança das Nações Unidas quando a infernal coligação anglo-americana contra o Iraque, liderada pelos criminosos Bush e Blair, pretendia o beneplácito da ONU para consumar "legalmente" a invasão daquele país, valeu-lhe um aplauso estrondoso, o primeiro na história de uma sessão do Conselho de Segurança, e o apoio não só de todo o mundo árabe como, afinal, do mundo inteiro.
Começando a ser evidente que Sarkozy sofre da doença bipolar, é muito possível que Villepin, um fiel partidário de Chirac, seja candidato à Presidência da República nas próximas eleições em 2012, e até que as ganhe, caso o candidato socialista volte a ser aquela galinha cacarejante que dá pelo nome de Ségòlene Royal.
BLAIR (CONTINUAÇÃO)
Disse, além disso, que o mundo seria mais perigoso, se Saddam não tivesse sido derrubado em 2003. “Com o barril de petróleo não a 25 mas a 100 dólares, ele teria tido a vontade e os meios financeiros [para reconstruir o arsenal] e nós teríamos perdido a coragem”, explicou Blair, ainda o dia de audições ia a meio. E hoje “o Iraque estaria a competir com o Irão”, tanto na corrida ao nuclear “como no apoio aos grupos terroristas”.
Não houve pacto secreto
Blair – que de manhã evitou as centenas de manifestantes que o esperavam à porta, entrando mais cedo e por um portão traseiro do centro de conferências – começou por negar que tenha feito um “pacto secreto” com George W. Bush, quando visitou o seu rancho no Texas, na Primavera de 2002. A suspeita foi lançada pelo ex-embaixador em Washington Christopher Meyer, que disse ter sido acordado nessa cimeira o derrube de Saddam Hussein. As armas de destruição maciça, garantiu o diplomata, foram justificação encontrada pelos dois países para justificar a invasão.
“O que eu lhe disse – em público e não em privado – foi que estaria com ele a confrontar a ameaça que Saddam representava.” A forma como isso seria feito, afirmou Blair, “ficou em aberto”.
Londres pretendia o apoio do Conselho de Segurança da ONU para desarmar o Iraque, mas se a via diplomática falhasse e “fosse necessário recorrer à acção militar, [Londres estaria] ao seu lado”. “Não queria que a América sentisse não ter outra opção que não a de avançar sozinha.”
Semanas após a invasão, os militares concluíram que o ditador iraquiano não escondia qualquer arma química ou biológica. Mas, ignorando as reticências já reveladas por antigos responsáveis das secretas, Blair insistiu hoje que todas as informações disponíveis até Março de 2003 indicavam o contrário: “Teriam sido precisas provas muito fortes para pôr em causa esse facto.”
E se até aos atentados de 11 de Setembro a estratégia britânica era a da “contenção”, a partir daí o país não podia “arriscar” que os terroristas se apoderassem dos arsenais dos Estados párias”: “Irão, Líbia, Coreia do Norte. Tudo isto tinha que acabar.”
A comissão de inquérito quis então saber por que foi escolhido o Iraque se, como o próprio Blair admitiu, Londres nunca acreditou que Bagdad tivesse ligações à Al-Qaeda. Ao contrário de outros, respondeu Blair, Saddam já tinha usado armas químicas contra civis e “há mais de dez anos que violava as resoluções” que exigiam o seu desarmamento.
Legalidade duvidosa
Nervoso ao entrar na sala – os jornalistas notaram que as mãos lhe tremiam quando abriu a garrafa de água colocada na mesa –, Blair recuperou rapidamente a confiança e, por vezes, pareceu conduzir a sessão. Goravam-se, assim, as expectativas dos que esperavam ver o ex-primeiro-ministro “em julgamento”.
Esteve menos seguro quando o painel o questionou sobre as bases legais da invasão. Em sua opinião, a Resolução 1441, aprovada em Novembro de 2002, “era suficiente” para dar cobertura às acções militares, ainda que fosse “preferível do ponto de vista político” chegar a um novo consenso na ONU.
Mas Blair admitiu que esta não era a opinião do attorney-general e que Peter Goldsmith só mudou de posição depois de ter ficado claro que não seria aprovada uma nova resolução. Mas negou qualquer pressão sobre aquele que era o conselheiro legal do Governo e garantiu que se, ele “não tivesse encontrado uma justificação legal”, os militares britânicos não teriam avançado para o Iraque.
Ao longo das seis horas, o ex-primeiro-ministro admitiu falhas – o exército de Saddam não deveria ter sido desmantelado e a coligação não previu que o Irão e a Al-Qaeda iriam desestabilizar o país no pós-invasão. Mas nunca pediu desculpas.
“Sinto uma enorme responsabilidade e não há um dia em que não pense [nos custos da guerra].” “Mas não lamento ter derrubado Saddam”, disse já no final. “[E hoje] olho para o Iraque com um imenso orgulho.” Da assistência alguém gritou “mentiroso” e “assassino”, mas para Blair o dia estava terminado. Sem um sinal de arrependimento.
AINDA BLAIR
PUBLICADO ONTEM POR JOÃO GONÇALVES NO BLOGUE "PORTUGAL DOS PEQUENINOS"
O LAMENTÁVEL BLAIR
sexta-feira, 29 de janeiro de 2010
UM MUNDO SEM VERGONHA
Le business des ex
Blair ou Clinton, les Bush ou Aznar... ils ont quitté le pouvoir avec des carnets d'adresses en or et font fructifier leur capital. Organisations caritatives mais aussi activités de «consultants», conférences royalement payées, voire grands contrats commerciaux... Un mélange des genres parfois à la limite du conflit d'intérêt
Tony Blair, Bill Clinton, Gerhard Schröder sont passés maîtres dans cette alchimie qui permet de changer le pouvoir en or. On croyait qu'ils avaient fait don de leur personne à leur pays. On s'aperçoit qu'il s'agissait d'un prêt, remboursable avec intérêts. Ce sont des rentiers de la gloire. La retraite silencieuse et austère, c'était bon pour les de Gaulle, Harold Wilson ou Konrad Adenauer. Eux rêvent de millions et d'action. Le crépuscule de l'Histoire, ce sera pour plus tard. En quittant leurs fonctions, ils ont embarqué leur carnet d'adresses et leurs réseaux. Et les font fructifier, sans égard pour les conflits d'intérêt, sans peur de mélanger le caritatif et le lucratif dans des structures opaques et byzantines.
La «gym du cerveau»
L'affaire « North Stream »
Le Nouvel Observateur, Nº 2359 - 21 a 27 Janeiro 2010
terça-feira, 26 de janeiro de 2010
ESTACIONAMENTO
A EMEL prepara-se para propor à Câmara Municipal de Lisboa um aumento do preço do estacionamento na cidade em 40%. Que a EMEL não tem vergonha, já o sabíamos. Presume-se, também, que a CML, que certamente aprovará estes aumentos, não a tenha igualmente.
Já lá vai o tempo em que as ruas eram dos portugueses Agora pertencem a empresas mais ou menos privadas que se aproveitam das necessidades dos cidadãos para esportular até ao osso todos quantos, por vezes com absoluta necessidade, utilizam uma viatura. As despesas com um carro crescem sucessivamente desde há anos. O custo, a manutenção, o seguro, o combustível, o imposto de circulação (mais vulgarmente designado por selo) , as revisões periódicas, as inspecções legais, e por fim o estacionamento. E não vamos ficar por aqui. Sem contar as multas indevidamente passadas, os carros indevidamente bloqueados, os parquímetros avariados que engolem as moedas e não fornecem talões, os arrumadores que duplicam os parquímetros, etc. etc. Com a agravante máxima de já não se saber exactamente aonde se pode ou não estacionar sem pagar!!!
É verdade que o país está a saque, mas mesmo assim seria conveniente que o roubo se processasse com alguma parcimónia e que não vitimasse sistematicamente quem tem menos recursos. Os vereadores da CML, como os das outras câmaras municipais que se dedicam também à nobre actividade de despojar os automobilistas de alguns euros diários, bem como os patrões de todas as EMEIS deste país, têm carro privativo com motorista às ordens, nunca pagam estacionamento nem são multados, e se o fossem, seriam as câmaras e as empresas a pagar a "transgressão".
É por causa desta inacreditável "chulice", desta e de muitas outras, que muitos portugueses se interrogam já quanto aos benefícios da DEMOCRACIA.
segunda-feira, 25 de janeiro de 2010
MINISTÉRIO PÚBLICO
terça-feira, 19 de janeiro de 2010
A HIDRA DE TRÊS CABEÇAS
Por isso, acho oportuno transcrever o artigo de Jean-Gabriel Fredet, com o título "L'hydre aux trois têtes", publicado no Nouvel Observateur desta semana (Nº 2358 - 14 a 20 de Janeiro)
En instituant un président de l'Union européenne, les rédacteurs du traité de Lisbonne espéraient la doter d'un exécutif musclé. Raté ! En choisissant comme premier titulaire du poste Herman Van Rompuy, personnalité falote, les chefs d'Etat et de gouvernement des Vingt-Sept ont tout fait capoter. Non seulement c'est José Manuel Barroso, reconduit à la tête de la Commission européenne, qui apparaît aujourd'hui comme le véritable homme fort de l'Europe, mais les initiatives de José Luis Zapatero, en charge depuis le 1er janvier de la présidence tournante de l'Union, ont encore contribué à brouiller les cartes. Pour donner du poids à sa présidence semestrielle, le premier ministre espagnol a décidé de s'entourer d'un «comité des sages» : Felipe Gonzalez, inventeur de la démocratie ibérique et ancien candidat à la présidence de l'Union, Pedro Solves, ancien commissaire aux Affaires économiques et monétaires, et Jacques Delors, lui-même ex-président de la Commission. Du lourd. Seulement voilà : avec désormais trois présidents au lieu d'un seul, comment assurer l'imperium du «président de l'Union» ? Premier casse-tête, l'agenda européen.
Alors que Herman van Rompuy convoque les chefs d'Etat à un sommet, le 11 février prochain, pour étudier les moyens de doper la croissance, le chef de gouvernement espagnol veut rendre «contraignants» les objectifs de l'agenda de Lisbonne lancé en 1999, pour développer une «économie de la connaissance» qui, faute de volonté politique, s'est totalement enlisée. A Madrid, la semaine dernière, au déjeuner réunissant les trois «présidents», Barroso a surenchéri, bien décidé à ne pas se laisser voler la vedette : jamais dans son histoire, l'Europe n'a eu autant besoin d'une expansion forte et d'une offre compétitive. Mais qui coordonnera cette nouvelle stratégie ? Barroso lui-même, aux abonnés absents pendant la crise financière ? Van Rompuy, l'initiateur d'une relance de la relance ? Ou Zapatero, partisan d'un plus grand volontarisme ?
segunda-feira, 18 de janeiro de 2010
TRAGÉDIA TELEVISIVA
As televisões nacionais, e presumo que as de todo o mundo, têm-se empenhado em divulgar imagens da tragédia que atingiu o Haiti. As grandes catástrofes constituem sempre matéria muito apreciada pelos canais televisivos, pois permitem-lhes ocupar o tempo do noticiário com temas diferentes do insuportável quotidiano que costumam bolsar sobre os telespectadores. Só que a ignorância e a estupidez dos jornalistas não têm limites e as reportagens que nos chegam são duplamente chocantes: chocam-nos porque nos mostram, por vezes até à exaustão, imagens de uma cidade destruída, e chocam-nos pela inanidade e insanidade das entrevistas e comentários, que revelam de forma gritante que os jornalistas, os de cá e os que foram para lá, não compreendem nem respeitam a extensão da tragédia, e que tudo lhes serve para encher o tempo de antena.
sábado, 16 de janeiro de 2010
SAMIH AL-QASIM
CINZAS
Não sentes que perdemos tanto,
Que o nosso “grande” amor é agora só palavras,
Que não há mais saudade, nem urgência,
Nem verdadeira alegria nos nossos corações,
E quando nos encontramos não há desejo nos nossos olhos?
Não sentes que os nossos encontros são gelados,
Os nossos beijos frios,
Que perdemos o ardor dos contactos
E agora apenas trocamos palavras delicadas
Ou esquecemo-nos de todo de nos encontramos
E demos falsas desculpas?
Não sentes que as nossas curtas e apressadas cartas
Necessitam de sentimento e espírito,
Não contêm suspiros e sonhos de amor,
Que as nossas respostas são demoradas e difíceis?
Não sentes que um mundo se desmoronou
E outro se ergueu?
Que o nosso fim será mais amargo e assustador
Porque o fim não cai sobre nós de repente
Mas vem de dentro de nós?