domingo, 27 de dezembro de 2009

PARA ONDE VAI O BANCO DE PORTUGAL?


Vasco Pulido Valente, hoje, no PÚBLICO:

E A SEGUIR?...

Recebi do meu banco a seguinte carta: "Exmo. Sr., De acordo com o determinado pelo aviso do Banco de Portugal nº (...) os titulares de todas as contas bancárias, seus representantes e/ou autorizados deverão proceder à actualização dos respectivos elementos de identificação e à entrega dos documentos comprovativos. Assim solicitamos que nos (...) entregue os documentos (abaixo) assinalados: bilhete de identidade, cartão de contribuinte, comprovativo de morada, comprovativo de profissão e entidade patronal." Só falta, como eles dizem, um comprovativo da propriedade pessoal, um comprovativo do estado civil, um atestado de saúde e, não tarda muito, uma coleira no pé, para o Banco de Portugal saber exactamente por onde anda cada um de nós, não vá a gente frequentar sítios de que ele não gosta.A primeira dúvida que esta carta suscita é de saber se o Banco de Portugal tem autoridade para invadir a privacidade de qualquer cidadão por um mero "aviso", sem prévio consentimento da Assembleia da República. Pôr dinheiro no banco não passa em princípio de um acto particular e confidencial entre um indivíduo e uma instituição financeira, em que o Estado não se pode, ou deve, ingerir. É até certo ponto compreensível que um banco exija a identidade do depositante e o número de contribuinte, para não ser envolvido em negócios de natureza criminosa ou ilícita. Mas nada justifica que, sobre isso, o Banco de Portugal queira também saber a morada, a profissão e o emprego de quem usa um serviço fora da esfera pública - uma devassa manifestamente incompatível com a liberdade que a Constituição garante.

Se alguma coisa o Banco de Portugal não merece é a nossa confiança. Seja pelo que for, sob a gerência do dr. Vítor Constâncio, permitiu o desastre nacional do BPN e do PPP, que já custaram, ou vão custar, ao contribuinte centenas de milhões. Não há motivo algum para lhe revelar a nossa vida, sem necessidade aparente ou explicação bastante. Excepto, claro, a força bruta. O Governo socialista de José Sócrates nunca hesitou em restringir a autonomia dos portugueses. A informação que o Estado acumulou - e concentrou - sobre qualquer pessoa que por aí anda é, pura e simplesmente, intolerável e perigosa. Na América, em Inglaterra, em Itália ou mesmo em França ninguém o consentiria. Infelizmente, Portugal está habituado a que mandem nele como um cão vadio. Deixem fazer e depois não se queixem.

De Vítor Constâncio já nada nos espanta, mas se isto é verdade o Banco de Portugal está realmente a passar os limites do admissível.

3 comentários:

Anónimo disse...

VPV reage à moda anglo-saxónica,cuja tradição ignora os bilhetes de identidade e desconfia de qualquer "invasão de privacidade" como o nome e a morada. Infelizmente esses bons tempos já passaram,e bem sabemos como e porquê,e o VPV,como nós todos,temos que nos habituar.De resto é curioso que se exija mais atenta supervisão pelo Banco de Portugal à actividade bancária e depois se critiquem pedidos básicos de informação. Alem disso responsabilizar o dr. Constâncio pelos desastres dos BPN e BPP é talvez um pouco forte. Não soçobraram bancos nos EUA,na Inglaterra e noutros países no contexto da crise financeira que a todos afectou? Foi o dr. Constâncio que deixou caír o Lehman Brothers? Estimado Autor do blogue,o VPV é capaz do melhor e do pior,é conforme os dias,e não o tome a sério quando está simplesmente mal disposto...

Blogue de Júlio de Magalhães disse...

PARA O ANÓNIMO DA 1:27:

O Banco de Portugal finge preocupar-se, ocupando-se dos pormenores. Não é com o acréscimo de papelada, a maioria da qual os bancos já possuem, que se evitam as fraudes. Porque é que o Banco de Portugal não esteve mais atento aos problemas do BPN e do BPP? Mistério!!!

Quanto a Vítor Constâncio, foi um mau ministro, um mau secretário-geral do PS e é um mau governador do Banco central.

Anónimo disse...

Não é só o VPV que anda mal-disposto...