Voltou hoje a falar-se da regionalização do país. Para quê? Portugal é já uma região da Península Ibérica e retalhá-lo só poderá enfraquecê-lo. Não tem o país características geográficas ou culturais, nem dimensão que justifiquem tal opção. A regionalização implicará novos e significativos gastos para uma nação depauperada, para lá do facto não despiciendo da Europa e o Mundo atravessarem uma grave crise económica e social. Regionalizar em Portugal significa apenas criar mais "tachos" para a classe política. Importa descentralizar a tomada de certas decisões, mas para isso já existem organismos próprios.
Invocam os partidários da regionalização, por ignorância ou má-fé, que países de superfície igual ou inferior à de Portugal estão regionalizados. E citam a Bélgica e a Suíça. Ora a Bélgica tem de facto duas regiões distintas: a Flandres, onde se fala flamengo e a população é protestante e a Valónia, onde se fala francês e a população é católica. A Suíça, que é um país esquisito, como frisei há dias, é constituída por um mosaico de cantões, de religiões várias e línguas distintas: fala-se o francês, o italiano, o alemão e o romanche, para além das línguas da imigração, praticam-se as religiões católica, protestante, ortodoxa e muçulmana. Nestes dois países é aceitável a existência de regiões com poderes específicos, em Portugal verdadeiramente não se justifica.
Espero que o relançamento desta ideia não seja mais do que uma manobra de diversão, para o bem da nação.
terça-feira, 15 de dezembro de 2009
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2 comentários:
só um breve correcao: a imensa maioria dos flamengos sao católicos.
Tendo alguns leitores manifestado desacordo quanto à afirmação contida no meu post de que os flamengos são protestantes, esclareço:
Os flamengos são tradicionalmente protestantes. Recorde-se a guerra travada contra os Habsburgos que pretendiam instaurar o catolicismo na região.
Devido exactamente às perseguições a que foram sujeitos, muitos flamengos que se conservaram protestantes emigraram progressivamente para os Países Baixos.
Aquando da criação do Reino dos Belgas, que incluiu a forte componente católica da Valónia, essa emigração acentuou-se. Assim, os flamengos protestantes são hoje minoritários na Flandres, o que não quer dizer que não existam. Aliás, no meu post não afirmei que eram maioritários. Desde a criação da Bélgica, oficialmente católica, houve muitas conversões ao catolicismo. Mas os flamengos que se converteram ao catolicismo ou os que são agnósticos ou ateus continuaram a ter o sentimento de pertença a uma comunidade específica, que hoje se manifesta especialmente pelo não uso da língua francesa.
Assim, o meu texto, não curando de saber se os protestantes eram maioritários ou não, pretendia demonstrar a existência de duas comunidades bem diferenciadas.
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