sábado, 5 de dezembro de 2009

ACORDO ORTOGRÁFICO


A ministra da Educação, Isabel Alçada, afirmou esta semana aos jornalistas que o novo Acordo Ortográfico, que entrará em vigor no início do próximo ano, será aplicado de forma "serena".

Este Acordo é, para além de uma aberração, um sintoma da decadência a que se chegou em Portugal. Atrevo-me a dizer que a sua assinatura constituiu um atentado contra a Nação Portuguesa e que os seus autores deveriam ser julgados por crime de lesa-pátria.

É inimaginável que, por exemplo, a Inglaterra viesse a celebrar um acordo com os Estados Unidos para passar a falar e a escrever como os americanos. De resto, hoje, pode falar-se de uma língua inglesa e de uma americana, como seria também desejável que houvesse, a par da língua portuguesa, uma língua brasileira, que na prática já existe.

Os interesses invocados para a celebração deste instrumento são risíveis. A verdade é que a sua aplicação se traduz numa colonização da língua-mãe portuguesa pelo Brasil, com resultados que, como se verá, serão não só ridículos mas catastróficos a todos os níveis.

Pela minha parte, continuarei a escrever como até hoje, e estou certo de que a maioria dos portugueses minimamente esclarecidos assim procederá também. Mas iremos ser obrigados, no mínimo, a ler os documentos oficiais numa linguagem esquisita com a qual não nos identificamos. E possivelmente também jornais e revistas que adiram a esse acordo infamante.

Mas que dizer dos mais novos? Só poderei citar os versos do poeta: "Mas as crianças, Senhor, Porque lhes dais tanta dor? Porque padecem assim?"

1 comentário:

Anónimo disse...

De acordo,em termos gerais. Os governantes responsáveis parece não perceberem que o que mais diferencia o potuguês de Portugal do brasileiro é a pronúncia e o vocabulário,e não a grafia,pelo que o Acordo de pouco servirá para a compreensão mútua,que evidentemente considero desejável.
Os ingleses e os americanos entendem-se muito bem sem acordos,embora as diferenças talvez não sejam tão marcantes. Como o autor do blog,continuarei a escrever do modo que aprendi,tal como o Pessoa,que sempre se estenve nas tintas para as "reformas ortográficas" do seu tempo, e continuou a escrever no português da sua infância,próximo das raízes gregas e latinas da língua. Será que os anglo-americanos por escreverem "pharmacy" em vez de "farmaci" estão mais atrasados que nós? E quando recorrem abundantemente a expressões gregas e latinas em documentação científica e jurídica tambem? A nossa modernização é como não podia deixar de ser superficial e bacoca. O "ótimo" não nos impedirá de continuarmos péssimos...