Vi hoje pela primeira vez (depois de ter arrancado a raiz de um dente) o filme Accident (1967), de Joseph Losey, com argumento de Harold Pinter a partir do romance de Nicholas Mosley (que não li).
O filme tem como protagonista Dirk Bogarde, sempre notável, e que tão bem conhecemos de outros filmes como O Criado (também de Losey) ou Morte em Veneza (de Visconti).
O famoso actor interpreta a figura de Stephen, professor un peu raté em Oxford, e transporta-nos para a atmosfera da velha universidade, onde as mais cruas realidades se ocultam sob a capa de grande integridade e puritanismo, onde os valores sempre exaltados da família disfarçam com dificuldade as tentações do sexo.
As relações entre as personagens são no mínimo ambíguas, como convém ao realizador e ao argumentista. Aflora mesmo uma subtil atracção homo-erótica de Stephen pelo seu aluno preferido William (desempenhado por Michael York, então ainda muito sedutor nos seus louros 25 anos), mas as relações (ou delas sugestões) visíveis são claramente hetero.
Os restantes actores compõem um magnífico elenco que confere à película a verossimilhança exigida pelo cinema de qualidade.
O acidente de automóvel, que põe termo à vida do rapaz, é uma conclusão metafórica da impossibilidade da prossecução do relacionamento que se havia estabelecido entre as principais personagens.
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