sexta-feira, 13 de maio de 2016

DILMA ROUSSEFF




Escrevo pela primeira vez sobre o processo que levou à destituição da presidente do Brasil, Dilma Rousseff.

Não que Dilma seja uma figura particularmente simpática, como salientei no post que publiquei aqui, aquando da sua reeleição. Nem que tenha qualquer consideração especial por Portugal, ao contrário do seu antecessor, Lula da Silva. Penso mesmo que Dilma Rousseff, por razões que desconheço, não gosta dos portugueses.

Contudo, depois de tudo o que tenho visto, ouvido e lido nas últimas semanas, não posso deixar de concluir que os motivos que levaram os deputados e senadores brasileiros (pelo menos a sua esmagadora maioria) a pronunciar-se pela destituição da presidente da República nada têm a ver com qualquer crime no exercício das suas funções, tão só sobre o desrespeito de formalismos, que obviamente convém não desprezar, mas que são comuns à generalidade dos governos democráticos.

Devemos lamentar que os regimes do continente americano, a reboque dos Estados Unidos da América, sejam exclusivamente presidencialistas, já que a figura de um primeiro-ministro, responsável pelos actos administrativos do Governo, seria mais naturalmente responsabilizável do que a do chefe do Estado.

Depois, sendo o Brasil um país extraordinariamente corrupto, essa corrupção atinge toda - ou quase - a classe política, e os opositores de Dilma são, na verdade, os principais corruptos nacionais.

A oposição a Dilma, e a Lula - ou vice-versa - tem, sim, a ver com as transformações operadas nas últimas décadas no Brasil, pelo PT (onde também há evidentemente corrupção, não poderia ficar imune) a favor dos mais pobres, dos mais desprotegidos, e que colidiu com os interesses instalados de uma "direita" (chamemos-lhe assim para simplificar) que se recusa a que mexam nos privilégios por si considerados de intocáveis.

A ascensão de Lula da Silva, através do voto popular, surpreendeu e inquietou as classes possidentes e a perspectiva de poder vir a recandidatar-se  a um novo mandato, no fim da presidência de Dilma, assustou de tal forma os "conservadores" brasileiros que os levou a desencadear este risível processo sui generis de destituição, sem culpa formada, da presidente da República.

Porque o Brasil é um grande país, com muitas virtudes e muitos defeitos (as pseudo-religiões e crendices populares são um deles), a turbulência em que mergulhou afecta não só o seu território mas provoca preocupações a nível mundial. O futuro do Brasil não é mundialmente indiferente.

Talvez haja alguns governos satisfeitos com a crise no Brasil e com eventuais mudanças na sua política interna e externa. Mas nada disso nos deverá surpreender, é  vida!


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