domingo, 24 de janeiro de 2016

O HOFBURG


Hofburg (visto da Michaelerplatz)

Visitei Viena o ano passado, cidade aonde não me deslocava há mais de uma década, e publiquei então alguns posts sobre a Ópera Estatal, o Musikverein, a Cripta Imperial e o Cemitério Central. Era minha intenção tecer mais algumas considerações sobre a antiga capital dos Habsburgos, mas outros assuntos levaram-me a protelar, ainda que não a desistir do intento.

Idem

Assim, regresso hoje ao tema, começando pelo Hofburg, o Palácio Imperial (ou complexo de palácios) que durante séculos foi habitado pelos titulares do Santo Império Romano Germânico e, a partir do século XIX, pelos seus "sucessores", os imperadores da Áustria. Actualmente, o Hofburg abriga não só o Museu (apresentando aos visitantes os aposentos da Família Imperial, o Tesouro, e outras dependências conexas) mas também diversas instituições públicas, como a Presidência da República, a Chancelaria Federal, a Biblioteca Nacional Austríaca, etc.



Para facilitar a leitura do complexo palacial, reproduzo duas plantas:





A fachada mais imponente do Hofburg (o Neue Hofburg, uma parte mais nova) é a que fica voltada para a Heldensplatz (Praça dos Heróis). Nesta ala não aberta ao público está instalada a Presidência da República e têm lugar os banquetes e outros eventos de Estado.

Praça dos Heróis

A entrada pela Michaelerplatz conduz ao museu propriamente dito (aposentos de Francisco José, Museu Sissi, etc.)

Entrada para o Museu

Porta dos Suiços

A partir do Inner Burghof, passando a Schweizertor (Porta dos Suiços) entra-se num pátio que dá acesso à Câmara do Tesouro.

Entrada para a Câmara do Tesouro

Seguem-se imagens de algumas das principais peças do Tesouro Imperial:

Coroa do Santo Império Romano Germânico, executada provavelmente no século X para o imperador Otão I
Idem
Coroa do Santo Império Romano Germânico, mandada executar pelo imperador Rodolfo II em 1602, e mais tarde usada como coroa do Império Austríaco. Igualmente na vitrina o globus cruciger e o cetro imperial

Manto imperial
Coroa de Stefan Bocskay
Reprodução da Coluna da Virgem Maria na Praça Am Hof

Na ala dos aposentos de Francisco José e de Elisabeth (Sissi) há a salientar:



Lâmpada da Madrassa de Nasir Hassan ben Muhammad (Cairo)

Sala de jantar


Gabinete de Francisco José

A Biblioteca Nacional Austríaca está instalada na Josefsplatz, onde se encontra a estátua equestre do imperador José II.

Biblioteca Nacional

Estátua do imperador José II



O acesso à Praça dos Heróis a partir da Ringstrasse é feito pela Burgtor (Porta do Palácio), uma entrada composta por cinco arcos semi-circulares e alas adjacentes.



A porta ostenta a incrição Franciscus I Imperator Austriae, no lado virado para o Ring, e Iustitia regnorum fundamentum, divisa do imperador Francisco II/I, do lado virado para a Praça dos Heróis.

No centro do Inner Burghof encontra-se a grandiosa estátua de Francisco II/I, rodeada de quatro estátuas que simbolizam a fé, o poder, a paz e a justiça.

Estátua em trabalhos de conservação. Ao fundo a ala Amalienburg, onde viveu a imperatriz Amália, viúva de José I, mais tarde a imperatriz Elisabeth (Sissi) e finalmente onde teve o seu gabinete o último imperador da Áustria, Carlos I

Do lado direito da ala Amalienburg fica a ala da Chancelaria Imperial, com as armas do imperador Carlos VI.


Na extremidade ocidental da ala Leopoldina, onde foram os aposentos da imperatriz Maria Teresa, encontra-se o gabinete do presidente da República e as dependências conexas.

Presidência da República

Na Câmara do Tesouro pode observar-se o retrato do imperador Francisco I da Áustria (Francisco II como último imperador do Santo Império Romano Germânico), pintado em 1832 por Friedrich Amerling.


É também curioso observar o berço do rei de Roma, Napoleão II, filho de Napoleão I e da arquiduquesa Maria Luísa, que usou o título de duque de Reichstadt e morreu em Viena com 21 anos. Foi proclamado imperador em 22 de Junho de 1815 (com quatro anos de idade) e destituído em 7 de Julho do mesmo ano, aquando da restauração da monarquia francesa na pessoa de Luís XVIII. As cinzas, que se encontravam na Cripta Imperial da igreja dos Capuchinhos em Viena, foram devolvidas à França, em 1940, por Adolf Hitler, encontrando-se agora no Hôtel des Invalides, em Paris.

Berço de Napoleão II

Na Praça dos Heróis encontram-se duas estátuas: a do príncipe Eugénio de Saboia, homem de gosto requintado e um dos maiores génios militares da Idade Moderna, que derrotou o exército otomano em 1697, e a do arquiduque Carlos de Áustria, terceiro filho do imperador Leopoldo II, que foi comandante-em-chefe do exército austríaco.

Príncipe Eugénio de Saboia
Arquiduque Carlos de Áustria

Existem dois jardins, um de cada lado do Hofburg. Do lado ocidental, o Volksgarten (Jardim do Povo), mandado construir no começo do século XIX pelo imperador Francisco II/I. O Volksgarten foi o primeiro parque imperial de Viena a ser aberto ao público. Inaugurado em 1823, este jardim é considerado um dos mais belos do mundo, com os seus milhares de rosas das mais variadas espécies.


Templo de Teseu








Estátua do dramaturgo Grillparzer

Porta do Jardim vista d Ring, com uma placa evocativa do chanceler Julius Raab

 O Burggarten, do outro lado do Hofburg, jardim privado de Francisco José, é provavelmente o mais antigo dos parques confinando com o Ring. Foi criado no local de um jardim de inspiração medieval e é célebre pela estátua de Mozart. Existe também numa das extremidades uma estátua do imperador Francisco José.


Estátua de Mozart

Estátua de Francisco José

Muitas outras coisas interessantes haveria a referir em ligação com o Hofburg, mas ficam referidas as mais importantes. Excepção feita à Igreja de Santo Agostinho, incorporada no próprio Hofburg e que tratarei quando publicar o post dedicado às principais igrejas de Viena.


2 comentários:

Zephyrus disse...

Tanto ouro, tanta pimenta, tanto escravo... e nunca conseguimos ter esta grandeza e beleza. Mais um excelente post.

Blogue de Júlio de Magalhães disse...

Zephyrus, muito obrigado pelo comentário.