Morreu hoje, em Lübeck, com 87 anos, o escritor alemão Günter Grass, uma das mais importantes figuras da literatura alemã do pós-Guerra e também uma das mais controversas.
Autor de vasta obra (romancista, poeta, dramaturgo mas também artista plástico), tornou-se mundialmente famoso por Die Blechtrommel (O Tambor), publicado em 1959 e que Volker Schlöndorff, em 1979, adaptou ao cinema.
Em 2006, no primeiro volume das suas memórias, Beim Häuten der Zwiebel (Descascando a cebola), declarou ter pertencido na sua juventude às Waffen-SS do regime nazi, revelação que provocou algum mal-estar por ter sido considerada tardia.
Colaborou com o chanceler Willy Brandt mas foi mais tarde um activo opositor da reunificação alemã, com o sentido premonitório de que a Alemanha procuraria estabelecer de novo a sua hegemonia sobre o continente europeu. Era também inimigo declarado do Estado de Israel, que considerava uma ameaça à paz mundial, e um contundente adversário da política de Angela Merkel, conforme publiquei aqui em 28 de Maio de 2012.
Membro da Academia das Artes de Berlim, recebeu várias distinções literárias, entre as quais o Prémio Georg Büchner, em 1965, o Prémio Hermann Kesten, em 1995, o Prémio Literário Príncipe das Astúrias, em 1999 e o Prémio Nobel da Literatura, também em 1999.
Ao longo da sua carreira de escritor e de activista político, foi considerado, quer por compatriotas, quer no mundo, como a figura que incarnava a "consciência moral" da Alemanha.
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