quinta-feira, 14 de novembro de 2013

MARCEL PROUST




Celebra-se hoje o centenário da publicação de Du côté de chez Swann, primeiro volume da imensa obra À la recherche du temps perdu, dada à estampa um sem número de vezes em francês e noutras línguas e de que existe agora uma edição de especial referência, dirigida pelo "proustólogo" Jean-Yves Tadié, na "Bibliothèque de La Pléiade" da Gallimard.

É Marcel Proust (1871-1922) um dos maiores escritores franceses do século passado, um inovador do romance, e contam-se por centenas os livros publicados em várias línguas sobre a sua vida e a sua obra, obra que se resume praticamente a esse extraordinário fresco constituído pelos sete volumes da Recherche.

Seria estulta pretensão discorrer aqui sobre uma obra em relação à qual se têm debruçado os mais eminentes especialistas franceses e estrangeiros. Nem mesmo sobre a vida privada de Marcel, em parte disfarçadamente plasmada na obra. Todavia, muitos censuram-no pela ocultação da sua sexualidade, num tempo que, não sendo evidentemente o de hoje, permitia já a Gide, a Jouhandeau, a Cocteau e a tantos outros desvendarem publicamente as suas preferências sexuais. Usando uma linguagem actual, poderíamos dizer que Proust sempre se recusou a "sair do armário". De tal forma que, mesmo em 1981, a sua empregada Céleste Albaret ainda se recusava a admitir a homossexualidade do antigo patrão.

E afinal a Recherche está povoada de gays ou de "amigos íntimos" que Proust ou travestiu, como o motorista Alfred Agostinelli que lá figura como Albertine, ou que lhe sugeriram personagens, como o barão de Charlus, inspirado parcialmente no marechal Lyautey (Christian Gury dixit).

E agora vou deitar-me, fiel à primeira frase de Du côté de chez Swann: «Longtemps, je me suis couché de bonne heure».

Sem comentários: