Anuncia a comunicação social uma vaga de despedimentos por todo o mundo, sem precedentes e abrangendo as mais diversas regiões. Naturalmente que Portugal não está a ser poupado. Afirma-se que esta cessação das relações de trabalho tem a sua origem na crise económica e financeira em que o planeta se encontra mergulhado. Como se afirmou antes que essa mesma crise decorria de crédito indevidamente concedido, do investimento em produtos ditos tóxicos, de uma desregulação dos mercados e várias outras causas. E à força de se difundirem sistematicamente nos órgãos de informação tais notícias, começamos a acreditar que elas são verdadeiras. Porque, como afirmou um dia Salazar, "em política, o que parece é".
Pergunta-se, contudo: são necessários, agora e já, tantos despedimentos? Deixou de haver subitamente consumidores para os produtos que justificavam milhares (e, em breve, milhões) de postos de trabalho? Quais são as verdadeiras razões da crise financeira que engendra tal crise económica? Ou haverá uma estratégia oculta para um salto qualitativo e quantitativo nas relações capital/trabalho?
Defendia Marx uma internacional dos trabalhadores e eis-nos, mais de um século depois, confrontados com uma internacional do capital, que não conhece fronteiras (a não ser as dos off-shores) e que promove deslocalizações primeiro e despedimentos depois.
O desenvolvimento de um consumismo exacerbado nos EUA e na União Europeia não é também alheio à situação actual. A publicidade obscena divulgada pelos media constrangeu as populações à aquisição de bens e serviços não indispensáveis senão inúteis, impulsionando um ciclo infernal de produção/consumo e configurando um tipo de sociedade exclusivamente materialista donde foram afastadas as preocupações do espírito. O ser deu lugar ao ter, o ócio ao negócio, e a cultura, em sentido lato, viu-se relegada para o caixote do lixo da História. Tudo isto tinha de acabar mal.
Por outro lado, a União Europeia, supostamente criada para o bem dos cidadãos, adoptou como regra a exclusiva economia de mercado, eliminando do jogo políticas diferentes. Mas sempre invocando a defesa da Democracia. É que para os actuais próceres da União Europeia (na esteira de uma América que agudizou as suas taras com esse homúnculo chamado Bush) democracia significa pura e simplesmente economia de mercado. E oportunidades para toda a espécie de trocas que estão na origem da actual crise. Que democracia é essa que não permite que um Estado da União possa ter um governo socialista autêntico?
Sabemos, por experiência, que a definição de democracia está dependente do aval da chamada comunidade internacional. Ainda há pouco tempo, quando o Hamas ganhou as eleições na Palestina em escrutínio reconhecidamente livre por todos os observadores internacionais, e formou governo, logo esse governo foi considerado não democrático pois não satisfazia as exigências do Estado ou Estados que se arvoraram em polícias do mundo.
Resulta, assim, que a CRISE é muito mais forjada que real e que as soluções que foram ou irão ser apresentadas apenas interessam aos corifeus da dita crise. Com o apregoar dela os ricos ficarão mais ricos e os pobres mais pobres. Um crente poderia exclamar; "Que vale ao homem possuir a Terra inteira se vem a perder a sua alma?". Um laico dirá: "Podem amealhar todo o dinheiro que não o levarão consigo no caixão!".
Pergunta-se, contudo: são necessários, agora e já, tantos despedimentos? Deixou de haver subitamente consumidores para os produtos que justificavam milhares (e, em breve, milhões) de postos de trabalho? Quais são as verdadeiras razões da crise financeira que engendra tal crise económica? Ou haverá uma estratégia oculta para um salto qualitativo e quantitativo nas relações capital/trabalho?
Defendia Marx uma internacional dos trabalhadores e eis-nos, mais de um século depois, confrontados com uma internacional do capital, que não conhece fronteiras (a não ser as dos off-shores) e que promove deslocalizações primeiro e despedimentos depois.
O desenvolvimento de um consumismo exacerbado nos EUA e na União Europeia não é também alheio à situação actual. A publicidade obscena divulgada pelos media constrangeu as populações à aquisição de bens e serviços não indispensáveis senão inúteis, impulsionando um ciclo infernal de produção/consumo e configurando um tipo de sociedade exclusivamente materialista donde foram afastadas as preocupações do espírito. O ser deu lugar ao ter, o ócio ao negócio, e a cultura, em sentido lato, viu-se relegada para o caixote do lixo da História. Tudo isto tinha de acabar mal.
Por outro lado, a União Europeia, supostamente criada para o bem dos cidadãos, adoptou como regra a exclusiva economia de mercado, eliminando do jogo políticas diferentes. Mas sempre invocando a defesa da Democracia. É que para os actuais próceres da União Europeia (na esteira de uma América que agudizou as suas taras com esse homúnculo chamado Bush) democracia significa pura e simplesmente economia de mercado. E oportunidades para toda a espécie de trocas que estão na origem da actual crise. Que democracia é essa que não permite que um Estado da União possa ter um governo socialista autêntico?
Sabemos, por experiência, que a definição de democracia está dependente do aval da chamada comunidade internacional. Ainda há pouco tempo, quando o Hamas ganhou as eleições na Palestina em escrutínio reconhecidamente livre por todos os observadores internacionais, e formou governo, logo esse governo foi considerado não democrático pois não satisfazia as exigências do Estado ou Estados que se arvoraram em polícias do mundo.
Resulta, assim, que a CRISE é muito mais forjada que real e que as soluções que foram ou irão ser apresentadas apenas interessam aos corifeus da dita crise. Com o apregoar dela os ricos ficarão mais ricos e os pobres mais pobres. Um crente poderia exclamar; "Que vale ao homem possuir a Terra inteira se vem a perder a sua alma?". Um laico dirá: "Podem amealhar todo o dinheiro que não o levarão consigo no caixão!".
1 comentário:
Temos então que a "crise" resulta de uma estratégia oculta? Mas quem ganha com as falências,com o desemprego,com o efectivo acréscimo da intervenção estatal,"socializando"na prática e por necessidade a actividade económica? São os sinistros capitalistas que querem piores condições para os seus negócios? A actual crise tem algumas semelhanças com a de 29,tambem com falências inesperadas,retracção bancária,retracção do mercado, e provavelmente terá soluções algo semelhantes,pelo menos nos E.U.A. Agora que os pecaminosos promotores da sociedade de consumo pretendam uma estratégia que conduza a menor consumo e retracção económica,já não percebo bem. Quanto`aos ideais e paradigmas morais das sociedades,pela minha parte prefiro ser eu a escolhê-los,e não que mos imponham "de cima",como nas teocracias ou no "socialismo científico" de má memória. No fundo,tem tudo a ver com o valor que se dá à liberdade,e talvez seja essa palavra simples que separa uns de outros.
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