terça-feira, 8 de novembro de 2022

ERASMO, SEGUNDO STEFAN ZWEIG

Tenho estado a ler ou a reler vários livros que possuo sobre Erasmo de Roterdão (1466-1536). Fiz, há dias, alguns comentários sobre a obra de Johan Huizinga. Leio, agora, a biografia de Stefan Zweig (Triumph und Tragik des Erasmus von Rotterdam, 1934) publicada em tradução portuguesa de Alice Ogando, que foi mulher do dramaturgo André Brun e se tornou conhecida entre nós, há largos anos, pelos seus romances sentimentais, assinados com o pseudónimo Mary Love. Lembro-me de ter visto alguns em minha casa, quando era miúdo.

Não se trata de uma biografia, no sentido tradicional do termo, mas antes de uma análise da personalidade de Erasmo, das suas ideias e, principalmente, da forma como Stefan Zweig as interpreta. Ao defender o pensamento de Erasmo, Zweig defende também o seu próprio pensamento e, a certa altura, encontramo-nos perante uma exposição em que já não sabemos exactamente o que é de Erasmo ou o que é de Zweig, tal a confluência de opiniões.

Erasmo de Roterdão é considerado o primeiro grande Humanista e a sua vasta erudição influenciou largamente a Europa. Ele é, possivelmente, o primeiro Homem Europeu. Amante indefectível das letras, curiosamente, nunca se interessou pelas artes, da música à pintura ou à escultura. Muitas das suas censuras dirigidas à Igreja referem-se exactamente ao apreço dos papas do Renascimento pela ressurreição da cultura clássica. Promoveu o latim como língua universal e foi, de algum modo, um precursor da Reforma. 

As suas obras tiveram profunda repercussão à época, mas, na generalidade, envelheceram. Exceptuando, naturalmente, o Elogio da Loucura, que já mencionámos em post anterior e de que voltaremos a falar em próxima publicação. Uma obra que alia a ironia ao sarcasmo e que malgré tout, não foi proibida pela Igreja.

O grande combate de Erasmo foi pela reforma da Igreja Católica, embora nunca contestasse a autoridade do Papa. A "questão das indulgências" era-lhe particularmente dolorosa e não hesitou em formular severas críticas contra o luxo e até uma certa libertinagem dos bispos e abades. Mas sempre serenamente, sem nunca pisar o risco que o tornaria alvo da fulminação pontifícia. Martinho Lutero, que foi o seu grande adversário, procurou trazê-lo para a causa do protestantismo, mas debalde. Espírito sempre hesitante, cheio de dúvidas, Erasmo até nutriu simpatia pelo monge alemão, mas jamais se comprometeu com este, e procurou sempre evitar encontrar-se frente a frente com ele. Homem de espírito, Erasmo nunca foi um homem de acção. Vacilou sempre no último momento. E quando o imperador Carlos-Quinto convocou a Dieta de Worms (1521), não esteve presente. Ele poderia ter dito o indispensável para evitar a ruptura definitiva, a sua sábia palavra seria escutada, mas preferiu o silêncio. Mais tarde, perante as consequências do cisma, certamente se terá arrependido, mas então só lhe restava dizer, como em certas óperas de Verdi: "È tardi". Lutero, munido do salvo-conduto de Frederico III de Saxe, proclamou as "suas" verdades, que tiveram acolhimento nos príncipes alemães, em oposição ao Sacro-Império. Estava consumada a Reforma Protestante. 

Erasmo era fisicamente débil, hipocondríaco, sem coragem física, muito preocupado com o corpo e com a boa mesa e o bom alojamento. São históricas as suas queixas da falta de higiene das estalagens e da má qualidade dos vinhos, de que era bom apreciador. Adorava receber presentes e homenagens. Nada rejeitava, ao contrário de muitos outros. Mas também é verdade que o facto de os receber não influía nas suas decisões, nem alterava o seu pensamento. Nunca foi venal nem mudou de opinião para satisfazer os que o adulavam. E, em certo momento, ele foi o grande espírito da Europa, requestado por Carlos-Quinto, Henrique VIII ou Francisco I. 

«Por ser espantosamente isento de ilusões, é que Erasmo foi toda a vida razoável, frio, justo, que nunca conheceu a suprema felicidade da vida: desperdiçar-se, sacrificar-se. Pela primeira e única vez, percebeu-se, graças a este livro [Elogio da Loucura], que Erasmo sofreu com a sua prudência, com a sua moderação, com o seu espírito de tolerância. E tal como o artista que cria com mão firme, quando fabrica uma coisa de que está privado, que deseja vivamente, assim este homem, razoável por excelência, está indicado para compor este hino alegre à loucura e para troçar, da maneira mais genial, dos adoradores da pura circunspecção.» (pp. 76-7)

«A ideia erasmiana aspira a muito mais do que uma simples comunidade cosmopolita; sente-se já nela uma vontade determinada de dar ao Ocidente uma forma de unidade espiritual. Para dizer a verdade, muitos homens, antes dele, tinham tentado a unificação da Europa, os Césares e Carlos Magno (depois dele Napoleão há-de realizá-la momentânemente); mas esses autocratas entendiam agrupar os povos e os estados pelo ferro e pelo fogo; esses conquistadores quebraram os impérios fracos pela violência, a fim de os acorrentar aos mais fortes. Em Erasmo, pelo contrário - diferença capital - a Europa aparece como uma ideia moral, como uma necessidade puramente altruísta e espiritual; com o humanismo esboça-se o postulado, hoje ainda não realizado, dos Estados Unidos da Europa agrupados sob o signo de uma cultura e de uma civilização comuns.» (p. 95)

[É claro que estes Estados Unidos da Europa, entidade moral e cultural, nada tinham a ver com a actual União Europeia, comunidade subordinada a escuros interesses políticos, económicos e militares. Nem existe a mínima afinidade entre Erasmo e Ursula von der Leyen!]

Voltando à comparação dos dois reformistas, Erasmo e Lutero. Eles, «a quem tantos escritos e gravuras confundiram a glória unindo os seus retratos e os seus nomes, celebrando neles os protestantes alemães, os libertadores do jugo romano, evitaram-se sempre, instintivamente». 

«Este contraste aparece já nos seus aspectos físicos: filho de mineiros e descendente de uma família de camponeses, Lutero era um ente cheio de saúde, transbordante mesmo ao ponto de o seu excesso de força ser para si um perigo, e dotado de uma virilidade de que se gabava grosseiramente. "Alimento-me como um boémio e bebo como um alemão"; toda a vida, o entusiasmo, a brutalidade de um povo se encontraram fundidos nesta natureza muito rica, prestes a expandir-se. [...] O seu génio reside muito mais na veemência, toda sensual, do que na sua intelectualidade; assim, como fala a linguagem do povo, mas juntando-lhe uma arte de um poder extraordinário, o seu pensamento traduz inconscientemente o da multidão e representa a vontade expressa com o máximo de paixão. Lutero é, de certo modo, a síntese do povo alemão, de todos os instintos da Alemanha protestante e revoltada; ao mesmo tempo que o espírito da nação entra nas suas ideias, ele entra na História do seu povo. Restitui à Natureza a força que ela lhe deu.» (pp. 115-6)

«A dieta de Worms, a excomunhão de Lutero, a sua expulsão do império detiveram a tentativa da Reforma luterana - tal é a opinião de Erasmo partilhada pela maioria. Mas, o que fica de tudo isso é uma espécie de rebelião aberta contra a Igreja e o Estado, um cisma comparável ao dos albigenses, dos valdenses, um novo hussismo, que será, sem dúvida, reprimido com a mesma crueldade; era precisamente esta solução violenta que Erasmo gostaria de evitar. O seu sonho terá sido reformar a Igreja, reformando o Evangelho, e prestar o seu auxílio para a realização de uma tal obra.» (p. 147) 

«Erasmo encontrou na arte, na ciência, e no seu trabalho um refúgio onde fica ao abrigo das questões religiosas. Está enjoado de todo esse barulho e de todas essas lutas: consulo quieti meae; só aspira ao repouso, esse otium sagrado do artista. Mas o Mundo jurou não o deixar em paz.» (p. 149)

«Há épocas em que a neutralidade é considerada um crime; são os momentos de exaltação política, em que o Mundo exige que o indivíduo se declare francamente pró ou contra, luterano ou papista. A cidade de Lovaina, que ele habita, causa-lhe aborrecimentos; torna-se-lhe difícil viver ali. Mantém-se na sua doce reserva; enquanto a Alemanha reformada censura Erasmo de ser um tíbio amigo de Lutero, a severa faculdade católica de Lovaina persegue-o e torna-o responsável da "peste luterana". Os estudantes, que estão sempre à frente dos movimentos de ideias, organizam contra ele ruidosas manifestações, derrubando a sua cátedra; ao mesmo tempo, declama-se contra Erasmo, do alto dos púlpitos da cidade, e o legado do papa, Aleandro, tem de usar de toda a sua autoridade para fazer cessar as tempestades públicas que caem sobre o seu velho camarada. A coragem não foi nunca o forte de Erasmo; prefere ir-se embora, a combater.» (p. 149) E vai para Basileia.

«Uma guerra mundial opõe os adversários e os partidários da renovação do Evangelho; é inútil, de hoje em diante, fechar a janela e refugiar-se detrás dos livros; agora que Lutero fez em pedaços a Europa cristã, não se trata mais de esconder a cabeça debaixo da areia, esquivar-se, alegando puerilmente que não se leram as suas obras. Agora, não se ouve senão vociferar, de todos os lados, estas palavras de eterna e feroz violência: "Quem não é por nós é contra nós". [Recordo-me, também eu, de as ouvir, há algumas décadas] (p. 152)

Tendo-se espalhado o boato da morte de Lutero, Alberto Dürer invoca-o como sendo o único capaz de continuar a obra sagrada de renovação. Mas o próprio papa lhe escreve, pela sua mão, exortando-o em sentido contrário. De um lado, o papa e os seus bispos, Carlos-Quinto, Henrique VIII, Francisco I, Fernando de Áustria, o duque da Borgonha; do outro, os chefes da Reforma alemã. «Mas é aqui que aparece a falha secreta da natureza de Erasmo. Ele não responde, não se pode decidir a responder a todos esses suplicantes um franco e heróico "não quero". Não deseja filiar-se em nenhum partido, o que só honra o seu espírito de independência, mas, ao mesmo tempo - coisa lamentável! - não quer indispor-se com ninguém, o que tira toda a dignidade à sua atitude.» (p. 156)

«No entanto, há alguém que não quer esperar mais, um guerreiro de espírito que está impaciente e francamente decidido a cortar o nó górdio: Ulrich von Hutten. Esse "cavaleiro contra a morte e o diabo", esse arcanjo S. Miguel da Reforma alemã, olha para Erasmo como para um pai, com amor e confiança. Fervoroso apaixonado do humanismo, o mais ardente desejo desse rapaz é ser "o Alcibíades desse Sócrates". Tinha posto a sua vida nas mãos de Erasmo, "in summa, enquanto os deuses me protegerem e tu nos fores conservado, para maior glória da Alemanha, recusarei seja o que for para poder ficar ao pé de ti". Em recompensa, Erasmo, sempre sensível aos testemunhos de admiração, tinha-o encorajado de todo o seu coração, "a esse querido filho das musas"; gostava do ardente rapaz que sabia lançar para o Céu este imenso grito de alegria: O saeculum: O litterae! juvat vivere! e tinha realmente e sinceramente esperado fazer desse discípulo um novo mestre da ciência. Mas em breve a política ia arrancar-lho. O jovem cavaleiro, a quem começava a incomodar o cheiro dos velhos livros e a atmosfera viciada dos gabinetes de estudo, torna a calçar o guante. Não quer contentar-se em combater o papa e o papismo, armado da sua pena: quer também empregar a sua espada. E, embora escritor de latim, coroado de louvores, abandona a língua sábia e recorre ao alemão, no seu apelo aos exércitos para a defesa do novo Evangelho. [...] Mas a Alemanha expulsa o temerário; Roma quer queimá-lo como herético. Escorraçado da sua terra, banido pela corte, arruinado, precocemente envelhecido, coberto de abcessos, roído até à medula dos ossos pelo sinistro "mal francês", este homem de trinta e cinco anos arrasta-se, como caça perseguida, até Basileia. É lá que mora o seu grande amigo, "a luz da Alemanha", o seu protector, aquele cuja glória proclamou, cuja amizade o tem acompanhado e cujas recomendações lhe têm sido proveitosas; aquele a quem deve uma grande parte do seu talento artístico, já esquecido e quase destruído. Ele foge para Erasmo pouco antes de morrer, como um náufrago que, envolvido já nas ondas, procura ainda uma tábua de salvação. Mas Erasmo - nunca a sua vergonhosa cobardia se revelou como nesta dolorosa prova - não deixa entrar o proscrito em sua casa. Há muito tempo que este eterno barulhento o aborrece, o incomoda; já em Lovaina, quando Hutten o convidou a pôr-se abertamente em guerra contra os papistas, ele tinha oposto uma recusa decisiva: "o meu dever é favorecer a causa da civilização". Não quer comprometer-se com esse fanático, com esse "Pylades de Lutero", que sacrificou a poesia à política, principalmente nesta cidade onde cem espiões o vigiam através das janelas. Erasmo tem medo desse fugitivo, desse miserável moribundo. Tem medo por três razões: primeiro, esse pestífero - não há nada que Erasmo receie tanto como o contágio - pode pedir-lhe que o albergue em sua casa; depois, esse mendigo, esse homem a quem falta tudo - egens et omnibus rebus destitutus - pode ficar perpètuamente a seu cargo; por fim, receia que aquele que insultou o papa e excitou a nação alemã à revolta contra o clero, venha a perturbar a reputação de imparcialidade que alardeia. Recusa, pois, receber Hutten, e segundo o seu hábito, não lhe dizendo com franqueza: "Não quero!", mas invocando pretextos ineptos, mesquinhos e lamentáveis: sofre de fígado, de cólicas hepáticas e não suporta o fumo dos fogões; não pode pois receber num quarto não aquecido aquele que tem necessidade de calor.» (pp. 158-161) Hutten acabará por morrer, sozinho, na ilha de Ufenau.

«A História não pode oferecer-nos símbolo mais grandioso do homem de meio-termo, que não agrada em parte alguma, porque em parte alguma quer tomar partido: Erasmo tem de fugir de Lovaina porque a cidade é muito católica, e de Basileia porque é muito protestante. O espírito livre, independente, que não quer ligar-se a nenhum dogma, nem decidir-se em favor de nenhum partido, não tem lar sobre a Terra.» (p. 186)

«Aos sessenta anos, Erasmo, fatigado, gasto, refugia-se de novo atrás dos seus livros, mais uma vez, longe da efervescência e das perturbações do Mundo. Cada vez mais, o seu pequeno corpo se engelha; o seu fino rosto, cheio de rugas, parece já um pergaminho coberto de letras e de sinais misteriosos. Aquele que acreditava antes, com paixão, na ressurreição do mundo pelo espírito, e na renovação da Humanidade, por sentimentos mais puros, torna-se, pouco a pouco, um homem irónico, trocista, amargo. De humor rabugento como todos os celibatários, queixa-se muito da decadência das ciências, do ódio que lhe têm os seus inimigos, da carestia da vida, do pouco escrúpulo da gente das finanças, da má qualidade e da acidez do vinho; esse grande desiludido sente-se cada vez mais estranho, num mundo que não quer a paz por nenhum preço, em que cada dia a paz estrangula a razão e em que a força assassina a justiça.» (p. 187)

Entretanto, com a Europa incendiada, e não sendo já o jovem do tempo da Dieta de Worms, Carlos-Quinto convoca uma Dieta para Augsburgo (1530). É um momento dramático na história da Alemanha. A unidade intelectual e espiritual do Ocidente está em jogo. Lutero não comparece. Será substituído por Melanchton, uma criatura mais suave. O imperador convida, uma vez mais, Erasmo, cuja voz autorizada poderia ter um efeito decisivo na aproximação das partes. Mas o destino repete-se: Erasmo não comparece na Dieta de Augsburgo. Escreve cartas a toda a gente, tentando persuadir os partidários dos dois campos, mas não consegue resolver-se a ir, em pessoa, defender a sua convicção, a sua causa. Os cristãos ficam para sempre divididos em dois campos. Aliás, em três, porque desde o Cisma do Oriente os ortodoxos já estavam separados.

Com perto de setenta anos, Erasmo, eterno nómada, deixa precipitadamente Friburgo. Resolve ir para o Brabante, cujo duque o mandara chamar para junto de si. Esperando o advento da Primavera, resolve parar em Basileia, onde o levam para a sua antiga casa. Aí encontra ainda alguns velhos amigos. Mas os católicos já não se reúnem à sua volta e os protestantes desdenham-no. "O número dos meus inimigos aumenta e o dos meus amigos diminui", geme o solitário, desesperado com a incompreensão dos homens. E Erasmo, que tivera toda a vida um medo desmedido da morte, olha-a agora de frente, calmo e quase grato. E morre a 12 de Julho de 1536. 

«Pouco tempo antes de Erasmo ter morrido, legando às gerações futuras a mais nobre das missões - realizar a concórdia europeia -, aparece em Florença um dos livros mais importantes e mais audaciosos da História: O Príncipe, de Nicolau Machiavel. Nesse tratado, de uma precisão matemática, onde é preconizada a política da força e da vitória, encontra-se formulada, como num catecismo, a contrapartida dos princípios erasmianos.» (p. 203)

«Para Erasmo, que vê o Universo como filósofo e partilha o sentimento de Aristóteles, Platão e S. Tomás de Aquino, a política só pode ser moral; o príncipe, chefe de Estado, deve ser, antes de tudo, o servidor do divino, o "expoente" de ideias morais. Aos olhos de Machiavel, diplomata de carreira, para quem a vida das chancelarias não tem segredos, a política é uma ciência moral e independente, que tem tão poucas relações com a ética, como com a astronomia ou a geometria.» (p. 204)

«Não foi a política da Humanidade, a concessão, a conciliação, não foi o erasmismo, mas a política das violências, fiel ao espírito do Príncipe. que depois determinou o curso dramático da história europeia. Gerações inteiras de diplomatas adquiriram o seu frio talento lendo o livro de aritmética política do cruel e perspicaz florentino; as fronteiras que separam as nações foram vinte vezes traçadas e retraçadas pelo ferro e pelo sangue. É o espírito da discórdia e não o da concórdia que fornece a todos os povos as mais apaixonadas energias. O pensamento erasmiano nunca representou nenhum papel na História nem exerceu nenhuma influência sensível no destino da Europa: o grande sonho dos humanistas, o apaziguamento dos conflitos por um espírito de equidade, esta união desejada das nações sob o signo da cultura geral, ficou sendo uma utopia que nunca foi realizada e não é talvez realizável no domínio dos factos.» (p. 205)

Ao longo deste livro, Stefan Zweig dá-nos uma perspectiva do pensamento de Erasmo, das suas lutas, hesitações e mesmo contradições, mas fornece também, à boleia de Erasmo, uma ideia do seu próprio pensamento. Mais do que uma biografia, como se disse acima, é um exercício intelectual do autor, uma profissão de fé das suas convicções. E uma leitura da vida de Erasmo em confronto com a sua própria vida. E isso basta.

 

 

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