terça-feira, 26 de novembro de 2019
SABER ENVELHECER
Marcus Tullius Cicero nasceu em 106 AC, em Arpinium (cento e vinte quilómetros a sudeste de Roma) e morreu em 43 AC, em Formia (localidade próxima da cidade de Gaeta), assassinado pelo centurião Herennius, por ordem de Marco António. Estadista romano, grande orador, advogado e filósofo, foi Cônsul da República em 63 AC.
Não cabendo, evidentemente, neste texto descrever a vida de Cícero, matéria para um grosso livro, ocupamo-nos agora de uma obra breve, Cato maior - De senectute, escrita em 45 AC, um ano antes do assassinato de Júlio César, nos idos (dia 15) de Março de 44 AC, quando o filósofo, reprovando a ditadura de César, já estava retirado dos negócios públicos.
Divorciado da mulher, Terentia (que se casará com o historiador Salústio), novamente casado com a sua pupila Publilia (que rapidamente o deixará), e desgostoso com a morte da filha, Cícero deixa-se invadir pela amargura. Assim, inspirando-se abertamente em Xenofonte, escreve este ensaio, emprestando ficticiamente a palavra a Catão, o Antigo (velho censor que admirava), com o objectivo de dar de si mesmo a imagem de um sábio retirado e cheio de serenidade.
A forma dialogada de De senectute foi o autor buscá-la aos tratados de filosofia, nomeadamente aos diálogos de Platão. Os interlocutores que Cícero escolhe correspondem a personagens reais: Cipião (Publius Cornelius Scipio Aemilianus), neto adoptivo de Cipião, o Africano; Lelius (Caius Laelius Sapiens, o amigo mais íntimo de Cipião, ao ponto de se dizer que Cipião e Laelius eram os Montaigne e La Boétie da Antiguidade) e Catão (Marcus Porcius Cato), que nasceu em Tusculum, em 234 AC e morreu em 149 AC e por cuja boca Cícero exprime o seu pensamento.
Preocupado com a velhice, a sua e a dos outros, Cícero escreve (utilizamos a tradução francesa de Christiane Touya): «À y bien réfléchir, je vois quatre raisons de trouver la vieillesse détestable. Premièrement, elle nous écarterait de la vie active; deuxièmement, elle affaiblirait notre corps; troisièmement, elle nous priverait des meilleurs plaisirs; et quatrièmement, elle nous rapprocherait de la mort.» (pp. 27-28)
A estas quatro razões, que parecem de meridiana clareza, Cícero contrapõe os seus argumentos, apontando as vantagens da velhice. Não podendo descrever neste espaço a argumentação do filósofo, deixarei apenas duas notas, uma sobre os prazeres da vida e a outra sobre a iminência da morte.
Nos prazeres da vida, inclui Cícero a mesa e o sexo. Quanto à primeira, transcrevo: «Nos ancêtres avaient bien raison d'appeler "convivialité" (vivre ensemble) le fait d'assembler autour d'une table, jugeant ainsi que cela impliquait une communauté de vie. ... Pour ma part, c'est parce que j'aime la conversation que je prends plaisir aux repas prolongés; non seulement avec les gens de mon âge - il en reste peu - mais ainsi avec ceux du vôtre, et tout spécialement avec vous.» (p. 52) [Esta observação parece dirigida a um amigo meu que não gosta de permanecer nos restaurantes acabado que seja o jantar]. Quanto ao sexo, cito: «On m'objectera que les vieillards ne ressentent plus intensément ce chatouillement que procure le plaisir. C'est vrai, mais ils n'en éprouvent pas pour autant la nostalgie. On ne souffre pas d'être privé de ce qu'on ne regrette point. Quelqu'un demandait un jour à Sophocle, déjà vieux, s'il lui arrivait encore de faire l'amour. Il eut cette réponse admirable: "Les dieux m'en préservent! C'est de bon coeur que je me suis soustrait à cette tyrannie, comme on s'affranchit d'un maître grossier et exalté.» (p. 53) [Convenhamos que nem todos diriam o mesmo]. E ainda: «La volupté gâte le jugement, perturbe la raison, brouille les yeux de l'esprit, si je puis m'exprimer ainsi, et n'a rien à voir avec la vertu. C'est à contre-coeur que j'ai exclu du sénat, sept ans après son consulat, Lucius Flaminius, le frère du très énergique Titus Flaminius. Mais je croyais de mon devoir de sanctionner la débauche. Lorsqu'il était consul en Gaule, il s'était laissé convaincre par une prostituée, lors d'un festin, de décapiter à la hache un des prisionniers condamnés pour crime.» (pp. 48-49). A propósito da prostituta, a tradutora incluiu esta nota de rodapé: « C'était un fait un jeune garçon, circonstance aggravante que Cicéron passe sous silence.»
A iminência da morte é um caso mais complexo, mas, mesmo assim, Cícero argumenta: «[A morte] est incontestable. Mais comme il est pitoyable, le vieillard qui, après avoir vécu ainsi longtemps, n'a pu apprendre à toiser la mort de haut! Il faut soit la mépriser complètement, si l'on pense qu'elle entraîne la disparition de l'âme; soit la souhaiter, si elle confère à cette âme son immortalité. Il n'y a pas d'autre alternative. Pourquoi craindrais-je la mort si, après, je ne suis pas plus malheureux, voire plus heureux? Et qui peut être assuré le matin, même s'il est jeune, d'être encore vivant le soir même? Mieux encore: plus que nous, les jeunes courent le risque de mourir. Ils tombent plus aisément et plus gravement malades; ils sont plus difficiles à soigner. Aussi, peu nombreux sont ceux qui atteignent à la vieillesse. D'ailleurs, s'il en allait autrement, le monde vivrait mieux, et plus raisonnablement puisque l'intelligence, le jugement et la sagesse sont le propre des vieillards, sans lesquels il n'y aurait jamais eu de cités.» (pp. 68-69). E nesta perspectiva continua Cícero a desenvolver a sua argumentação. «Le vieillard, lui, n'aurait plus rien à espérer? Alors sa position est meilleure que celle de l'adolescent. Ce dont rêve ce dernier lui l'a déjà obtenu. L'adolescent veut vivre longtemps, le vieillard, lui, a déjà vécu longtemps!» (p. 70).
É verdade que o juízo sobre a vida e a morte na Antiguidade era diferente daquele que formulamos nos nossos dias. E que Cícero não era um romano vulgar mas um filósofo com larga experiência da vida. Mesmo assim, permito-me duvidar da sua absoluta sinceridade. Há pessoas que, pelas mais variadas razões, entendem pôr termo à vida; daí o numero de suicídios registado e de outros que o não são. Todavia, a esmagadora maioria dos velhos persiste em atrasar o mais possível a hora da partida, lamentando-se é certo, ao contrário do filosofo romano, da falência do corpo e da privação dos prazeres, que muitos conseguem esticar para lá do que a idade prevê em geral.
Já que não podemos evitar a morte, tentemos, mesmo velhos, gozar a vida o melhor possível, abdicando das judiciosas sentenças de Cícero, e utilizando os recursos (por vezes falaciosos) que a sociedade moderna põe à nossa disposição. Creio ser esta, neste século XXI, a normal predisposição dos mortais, especialmente a dos não crentes.
Não terminarei sem referir uma obra fundamental sobre a velhice: La Vieillesse (1970), da famosa escritora francesa Simone de Beauvoir (1908-1986), que foi companheira de Jean-Paul Sartre. Tratando-se de um livro imenso, guardarei para outra oportunidade alguns comentários sobre esta obra.
domingo, 24 de novembro de 2019
"Z" DE COSTA-GAVRAS
Revi esta tarde, em vídeo, o famoso filme Z, do realizador grego Costa-Gavras (n. 1933), baseado no romance homónimo (1967) de Vassili Vassilikos.
Assisti à estreia deste filme em Paris, em Abril de 1969, na companhia do pintor Manuel Cargaleiro, em casa de quem estava passando uns dias de férias. No fim da projecção, Costa-Gavras, com quem cheguei a falar, dirigiu-se ao palco e dialogou com a assistência, que lhe colocou várias questões. Estávamos ainda no rescaldo do Maio de 68 e Paris era uma cidade animada. Cinquenta anos depois tudo é muito diferente, cinquenta anos é muito tempo e confesso que já nem me recordava dos pormenores do filme, que voltei hoje a ver com prazer e alguma emoção.
Servido por um excepcional elenco de actores, Z conta-nos a história do assassinato de um deputado da oposição de esquerda, na Grécia, em 1963, após ter falado num comício contra a instalação de mísseis balísticos americanos no seu país. A polícia concluiu que se tratou de um acidente, mas um juiz de instrução conseguiu reunir provas de que foi realmente um crime perpetrado por ordem de membros do governo grego. Os autores e cúmplices, incluindo altas patentes policiais, são indiciados mas as testemunhas morrem todas em circunstâncias estranhas. E os condenados são-no apenas a leves penas. Pouco tempo depois ocorre na Grécia um golpe militar e os aliados do deputado morto são perseguidos, sendo instaurado um severo regime de censura.
Convém recordar que em Abril de 1967 se verificou na Grécia um golpe de Estado protagonizado por um grupo de coronéis, que dirigiu o país, através de uma Junta Militar chefiada por Georgios Papadopulos, até Julho de 1974. Em Dezembro de 1967, o rei Constantino II foi obrigado a fugir do país, na sequência de uma fracassada tentativa de contra-golpe. Em Junho de 1973 a Junta aboliu a monarquia, que continuara como regime, e proclamou a república.
Ostensivamente, no início do filme, cujo argumento é de Jorge Semprún e de Costa-Gavras, a partir do romance supracitado, é referido que qualquer semelhança com pessoas ou eventos da vida real não é coincidência, é mesmo intencional.
quarta-feira, 20 de novembro de 2019
SATIRICON
Durante muito tempo obra conhecida apenas de privilegiados, Satiricon, de Petrónio, começou a tornar-se famoso depois de um filme realizado em 1951, e que foi um sucesso mundial à época: Quo Vadis, baseado no célebre romance homónimo do polaco Henryk Sienkiewicz, publicado em 1895.
É que uma das personagens de Quo Vadis é precisamente um certo Petronius Arbiter, também designado "Arbiter elegantiarum" (o Árbitro das Elegâncias), supostamente identificado com o autor de Satiricon. Não está provado que o favorito do imperador Nero, posteriormente caído em desgraça, seja o mesmo Petrónio que escreveu o texto de que nos ocupamos, e que descreve a sociedade romana de um tempo que, pelas considerações, se situa necessariamente nos reinados de Tibério, Cláudio, Calígula ou Nero. Tácito, no Livro XVI, capítulo VI, dos Anais, oferece-nos um Petrónio voluptuoso, dedicado aos prazeres e possuidor de um gosto refinado. Pro-cônsul na Bítinia, Cônsul do Império, capaz de grandes empreendimentos, foi um dos principais confidentes de Nero, que nada achava agradável que não merecesse a aprovação do seu favorito. Daí certamente a inveja do seu rival Tigelino, que o denunciou a Nero como conspirador, levando o imperador a prender a maior parte dos seus criados. Petrónio, então ausente de Roma, sabendo-se perdido, suicidou-se abrindo as veias durante um banquete que ofereceu aos seus amigos mais íntimos. É este o Petrónio que Sienkiewicz retratou no Quo Vadis. Aliás, Plínio confirma esta versão, acrescentando que Petrónio, que era celibatário e não receava represálias futuras contra mulher e filhos por parte de Nero, antes de exalar o último suspiro mandara um escravo trazer-lhe um vaso de mirra de grande valor, que o imperador ambicionava, e partira-o aos bocados.
Martin Potter em Encolpio |
Além de Tácito e Plínio, também Plutarco se refere brevemente a Petrónio. Tácito chama-o Caius Petronius e Plínio Titus Petronius. É possível que essa figura tenha sido o autor de Satiricon, obra que muitos eruditos consideram ser o panfleto referido por Tácito e entregue depois ao imperador, suposição que, todavia, não resiste à crítica. O Satiricon não é um panfleto mas uma obra gigantesca de que apenas se conhecem fragmentos. O texto correntemente divulgado respeita apenas aos livros XV e XVI, umas duzentas e cinquenta páginas de tipografia actual, quando o romance completo contaria pelo menos duas mil páginas. Trata-se de um romance picaresco, uma "comédia romana", em que três jovens de muito livres costumes, Encolpio, Ascilto e Giton se entregam à depravação e circulam através das diversas classes sociais e das diversas províncias do Império. Jean Dutourd, escritor, membro da Academia Francesa, e autor do prefácio (1960) de uma das edições que mencionamos, escreve: «On ne peut être à la fois grand ministre et grand artiste. Le vrai Petronius Arbiter, auteur du Satiricon, devait être un gros homme négligé, vivant obscurément, point très riche, fils d'affranchi peut-être, citoyen subalterne en tout cas, sans aventures et sans histoire, qui mourut dans son lit (et non dans sa baignoire) vers soixante-cinq ans, après avoir publié une vingtaine de volumes dont la perte est irréparable.» O escritor e igualmente académico Henry de Montherlant, autor do prefácio (1969) da outra edição, evocando também, a propósito, Os Doze Césares, de Suetónio, relata: «Le premier fragment du Satiricon publié en français, la Matrone d'Éphèse, est traduit par un moine, l'an 1475. Et tout de suite on ajoute, on retranche, on interpole, on l'honore d'apocryphes; le titre, qui ne se réfère qu'a la satire, crée une confusion émoustillante. Le banquet de Trimalchion, la matrone d'Éphèse, les trafics maternels de Philomèle, le précepteur de Pergame, le poète lapidé, les fiascos amoureux de Polyaenos devant la belle Circé, les noces de Giton ("environ seize ans") et de Pannychis (sept ans) font les délices du public lettré. Il y a des piqués du Satiricon: le Grand Condé pensionne un lecteur spécialement chargé de le lui lire et relire. L'abbé de Rancé commence de le traduire, de concert avec Bussy-Rabutin: il volte et fonde la Trappe. Je craignais de paraître un peu polisson en goûtant Pétrone. Condé et Rancé, ce sabre et ce goupillon me rassurent: quel sabre! et quel goupillon! Et cela flatte mon patriotisme, que Pétrone ait été natif de Marseille: Sidoine Apollinaire le dit expressément. Ah! c'est bien un bouquin à avoir été écrit avec l'accent du Vieux-Port.»
Hiram Keller em Ascilto |
Quem visitar as ruínas romanas de Pompeia e de Herculano, ou o Museu Arqueológico de Nápoles, para onde muitas peças foram deslocadas por uma questão de preservação, encontrará nos frescos cenas semelhantes às descritas no Satiricon. Pierre Larousse escreveu acerca do romance: «Tous les vices de l'époque la plus corrompue sont peints avec une verve et une énergie peu communes: courtisanes, parasites, poètes, gens de loi, esclaves, libertins, magiciennes, déclamateurs, chasseurs d'héritages, toutes ces figures passent successivement devant nous avec la physionomie qui leur est propre et nous reportent au milieu de cette vieille société romaine dont il nous sera difficile, sans des livres de ce genre, de pénetrer complètement les moeurs intimes. Les récits, les réflexions, les images sont non seulement immoraux, mais, le plus souvent, d'une obscénité révoltante; cependant Pétrone sera toujours lu de quiconque voudra connaître à fond l'Antiquité. Ajoutons que, si l'on ne regarde que le style, Pétrone est un écrivain très remarquable.»
Max Born em Giton |
É evidente que o crivo moral de Larousse é muito apertado, embora o século XIX em que viveu não fosse tão restrito nos costumes, pelo menos em privado, como se poderá depreender desta sua apreciação da obra. Ela retrata fielmente a sociedade romana do tempo, certamente mais permissiva do que Larousse entendia conveniente, e mesmo mais permissiva do que a sociedade actual, que apesar dos "progressos" alcançados relativamente a alguns costumes, os compensa com novas "restrições", em nome da recente ditadura do "politicamente correcto". O que realmente terá perturbado Larousse foi a naturalidade da prática de relações homossexuais dos jovens, de resto evidente em qualquer livro de história das civilizações clássicas.
Em 1969, o grande cineasta Federico Fellini realizou o seu filme Fellini-Satyricon, a partir de excertos da obra de Petrónio. Com o génio que lhe é reconhecido, Fellini criou uma viagem fabulosa a uma civilização tradicionalmente classificada como "decadente", oferendo-nos cenas de uma beleza visual que nos seduzem e nos chocam. Sobre este extraordinário filme, publicou Dario Zanelli, em 1969, uma volumosa obra, profusamente ilustrada, em que analisa a criação da película, as personagens, as circunstâncias. Obra que inclui também o depoimento do próprio Fellini sobre a construção do filme. Escreve Dario Zanelli: «Il primo film "in costume" di Federico Fellini. La "dolce vita" dell'antica Roma. Il capolavoro di Petronio Arbitro reinventato dalla fantasia dell'autore di Otto e mezzo. Il "viaggio di G. Mastorna" agli Inferi dei tempi di Nerone. Il racconto più pagano del regista riminese. Il più casto. Il più sensuale. Una specie di summa di tutti i classici motivi dell'erotismo: riscattata però dal fren dell'arte. L'opera più distaccata di Fellini. La meno autobiografica. La meno "felliniana". Un viaggio in un'età pre-cristiana (Petronio ignora la predicazione di San Paolo). Un viaggio in un'età post-cristiana. Un film sull'attesa di Cristo. Un film sull'attesa di un futuro inconoscibile. Un documentario su un mondo sepolto. Un'allegoria del mondo d'oggi.»
Por tudo o que se disse, e mais ainda pelo que não se escreveu, importa ler Satiricon, de Petrónio e ver Satyricon, de Fellini.
sexta-feira, 15 de novembro de 2019
TEIXEIRA DE SAMPAYO
Tive, por estes dias, necessidade de consultar os Estudos Históricos, do embaixador Luiz Teixeira de Sampayo (1875-1945), que foi secretário-geral do Ministério dos Negócios Estrangeiros de 1929 a 1945, e que morreu, nas vésperas de atingir o limite legal de idade, vítima de uma síncope fulminante, aos pés da rainha D. Amélia, quando a antiga soberana visitou Portugal. A comoção que dele se apoderou ao beijar a mão da rainha foi-lhe fatal.
Estes Estudos Históricos, publicados em 1984 pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros, constituem o primeiro volume da Biblioteca Diplomática, criada em 1983 pelo então titular da pasta, o embaixador Vasco Futscher Pereira. A apresentação é do embaixador José Calvet de Magalhães e assina o prefácio o embaixador Eduardo Brazão.
Luiz Teixeira de Sampayo |
Não pretendo traçar a biografia de Teixeira de Sampayo nem possuo à mão dados que o permitam. Mas importa referir que o embaixador Teixeira de Sampayo foi o braço direito de Salazar para a política externa, durante o tempo em que o presidente do Conselho ocupou cumulativamente a pasta dos Negócios Estrangeiros, de 1936 a 1947. O meu propósito é tão só de mencionar os dez trabalhos incluídos no livro, alguns de relevante interesse, que foram publicados em diversas revistas e que agora surgem editados em volume próprio.
Indico, a seguir, os títulos e a data em que foram escritos:
I - A exclusiva nos Conclaves (1903)
II - Os Chavões (1921)
III - Os desafios do Duque João de Bourbon (1921)
IV - Para a História do Tratado de Methuen (1923)
V - Antes de Ceuta (1923)
VI - O Arquivo Histórico do Ministério dos Negócios Estrangeiros (1925)
VII - Em volta do processo dos Távoras (1929)
VIII - Elementos para o estudo da Aliança luso-britânica (1933)
IX - Cartas do Padre António Vieira no Arquivo Cadaval (1944)
X - Observações sobre as cartas de Prim (1944)
Sugere Eduardo Brazão, no prefácio, que seria de interesse reunir um dia, em volume, os apontamentos de conversa de Teixeira de Sampayo com diplomatas estrangeiros, muitos deles espalhados pelas páginas dos volumes de Dez Anos de Política Externa, e alguns dos seus telegramas com minuciosas instruções aos nossos Chefes de Missão. Uma tarefa ainda não concretizada.
Na Advertência Prévia do título VI, o autor escreve: «Nunca os diplomatas tiveram de desvelar-se por mais numerosos e mais transcendentes problemas. Contudo, todos os dias escritores vários nos dizem não ser presentemente grande a popularidade da diplomacia. "La diplomatie n'est pas à la mode en ce moment", escrevia, ao findar 1924, um diplomata historiador, Gabriel Hanotaux; "considerée longtemps comme le dernier mot de la politique, on lui reproche maintenant son secret, sa lenteur, et je ne sais quel arrière faix d'un vieux machiavélisme désuet". Assim será; mas algumas destas razões, que diminuem o aplauso quanto ao presente, mantêm o prestígio quanto ao passado. Ninguém supõe nos diplomatas de nossos dias a elegância de Metternich ou o espírito de Talleyrand; menos ainda se lhes atribui o génio de Richelieu ou a habilidade de Mazarino; continua porém a ligar-se aos de outrora aquela ideia de maquiavelismo, e a conceder-se aos seus despachos o valor de depoimentos de testemunhas argutas, sabedoras dos mais recônditos segredos.»
Este "capítulo" VI é, para mim, o mais importante do livro, e só a ele farei referência. Sampayo discorre sobre a origem do Ministério dos Negócios Estrangeiros. Ao estabelecer as práticas da Governação, após 1640, D. João IV nomeou para o expediente de todos os negócios um Secretário de Estado, que foi o célebre Francisco de Lucena (1641), que, falsamente acusado do crime de lesa-majestade, foi decapitado em 1643. Ainda em 1643, foram retirados da Secretaria de Estado os assuntos relativos a mercês, tendo sido criada a Secretaria das Mercês.
No reinado de D. Afonso VI, foi restabelecido o lugar de Escrivão da Puridade, nele sendo provido o conde de Castelo Melhor, Luís de Vasconcelos e Sousa, que se tornou o verdadeiro ministro dos Negócios Estrangeiros, ficando o Secretário de Estado, então Pedro Vieira da Silva, com as atribuições largamente reduzidas. Pelo afastamento de D. Afonso VI e do Conde seu valido as coisas regressaram à situação anterior.
Com D. João V houve necessidade de reorganizar o despacho. Segundo um parecer do Cardeal da Mota, na sequência de um plano do Cardeal Cunha, foi passado um Alvará, em 28 de Julho de 1736, criando as Secretarias de Estado. «Estabeleceu este diploma que as Secretarias passariam todas elas a ter o título de Secretarias de Estado; que secretários de Estado seriam os respectivos ministros; e que pela natureza dos assuntos que a cada uma ficavam pertencendo as secretarias seriam divididas em Secretaria dos Negócios Interiores do Reino, Secretaria da Marinha e dos Domínios Ultramarinos, e Secretaria dos Negócios Estrangeiros e da Guerra. Destas repartições, a dos Negócios do Reino era a mais complexa na sua acção. Competiam-lhe, além dos negócios que permaneceram sempre seus privativos na monarquia constitucional, os que vieram com o tempo a pertencer à secretaria da Justiça, à da Fazenda e à das Obras Publicas. Daí vem talvez a impressão que o Secretário de Estado do reino era o Primeiro Ministro, como que o Presidente do Conselho moderno.»
«Assim continuou tudo até 1801, sem que deixassem os soberanos de tratar negócios importantes com os seus privados ou com um ministro valido como Pombal. Em 1801, porém, por carta régia de 6 de Janeiro, o Príncipe Regente, ao nomear Ministro da Guerra o Duque de Lafões, separou o expediente da Guerra do dos Estrangeiros, formando duas secretarias independentes uma da outra, reforma pouco duradoura, logo anulada pelo aviso de 28 de Julho de 1801, que juntou de novo as duas repartições.»
Na Portaria da Junta Provisória do Governo de 27 de Setembro de 1820, os Negócios Estrangeiros e os da Guerra aparecem novamente como administrações distintas sob a gerência de pessoas diversas. A carta de Lei de 12 de Junho de 1822, organizando as Secretarias de Estado, confirmou a separação, que foi expressamente mantida pelo Alvará de 30 de Setembro de 1828 e não mais foi alterada.
O autor refere-se depois aos problemas verificados com o Arquivo Diplomático e aos formulários da correspondência diplomática. A correspondência diplomática obedecia a fórmulas rigorosas que não poderiam ser ignoradas. Tal como os discursos na entrega de cartas credenciais e coisas afins. «Os ministros e os embaixadores estranhos à carreira diplomática, confiados nos seus méritos literários, afastam-se por vezes dos modelos consagrados, e alargam os seus discursos adornando-os em pensamentos e palavras. Nesse género, o discurso de Chateaubriand em Roma, no conclave por morte de Leão XII, anda citado como um dos mais belos que têm sido proferidos. Mas, posto que constitua uma calorosa apologia do Cristianismo, dizem algumas memórias ter escandalizado o Sacro Colégio. A reserva e o respeito das tradições são de boa regra, ainda mesmo para homens como Chateaubriand, e poucos eles são.»
Suponho que a rigidez das fórmulas e dos costumes esteja hoje um pouco atenuada e que as missões dos diplomatas ficaram um tanto esvaziadas do seu conteúdo original devido aos frequentes encontros de ministros dos Negócios Estrangeiros e de Chefes de Governo e de Estado. A rapidez das deslocações e as facilidades de comunicação nos nossos dias, devido às novas tecnologias, alteraram substancialmente os hábitos do passado.
Mas voltemos a Sampayo: «Foi Veneza a criadora das missões diplomáticas permanentes desde o século XVI. Os seus embaixadores ordinários em Viena, em Paris, Madrid e Roma, foram os primeiros com residência prolongada nas Cortes para onde iam. À presença dos embaixadores venezianos nas suas Cortes correspondiam os príncipes com a nomeação de embaixadores seus em Veneza. Questões de precedência e de economia levaram porém aqueles países a nomear representantes diplomáticos de categoria mais modesta, ou ministros de segunda ordem, nos postos de menor importância. Este exemplo foi seguido pelas Cortes menos ricas. Apareceram, assim, na Europa representantes diplomáticos de classe inferior à dos Embaixadores e que se tornaram mais frequentes à medida que se generalizou a prática das missões permanentes.
O título destes ministros variou bastante. "Agentes" ou "Encarregados de Negócios" se lhes chamou primeiramente; mas essa designação caiu em desuso. Substitui-se-lhe a de "Residente", que compreendia também às vezes os "Embaixadores ordinários" para os distinguir dos "extraordinários". Em regra ficaram sendo os "Residentes" os representantes diplomáticos abaixo dos Embaixadores.
Em meados do século XVII o título de "Enviado" não era muito mais prezado do que o de "Residente". Mas assim como o "Residente" relegara para um plano inferior o "Agente", assim o "Enviado" (com a designação de "extraordinário", que de começo foi apenas uma maneira de os distinguir dos residentes ou enviados permanentes) passou a ter superioridade sobre o "Residente".
Não se prestaram todas as Cortes, desde logo, a reconhecer esta distinção, e a de Luís XIV foi uma delas. Mas, a pouco e pouco, a diferença firmou-se. Os Enviados deram-se então ares de "petits ambassadeurs", dizia Wicquefort. No século XVIII, além das categorias de Enviado Extraordinário e de Residente, vêem-se as de Ministros Residentes e Plenipotenciários. No congresso de Nimegue apareceram pela primeira vez reunidos na mesma pessoa os títulos de Enviado Extraordinário e Ministro Plenipotenciário, que passaram a ser a denominação vulgar dos agentes diplomáticos abaixo dos Embaixadores. Mas nos começos do século XVIII ainda o nome de Plenipotenciário tinha uma acepção restrita. Nas suas Memórias notava D. Luís da Cunha estas diferenças: "O carácter do Plenipotenciário é diferente do de Embaixador, porque pode haver Embaixador sem ser Plenipotenciário, e Plenipotenciário sem ser Embaixador, ou para melhor dizer a qualidade de Plenipotenciário não é um carácter representativo no primeiro grau e somente mostra a extensão do poder e autoridade do que a tem, sem acrescentar alguma coisa ao carácter do Enviado".
Ministros públicos, considerava D. Luís da Cunha naquela época, 1714, os Embaixadores, os Enviados, Residentes e Comissários, mas não os Agentes, embora estes gozassem por cortesia, até certo ponto, dos mesmos privilégios. Procuradores dos Príncipes eram os Plenipotenciários, e procurações eram os Plenos poderes. Por esta definição compreende-se a importância que D. Luís atribuía aos termos e formalidades de tais diplomas.
Em França, o Enviado apresentava credenciais ao Soberano, mas o simples Ministro Residente, ou "agente", como "chargé d'affaires" moderno, entregava-as somente ao Ministro dos Estrangeiros.
O Congresso de Viena em 1815, e o de Aix la Chapelle em 1818, regularam a classificação do Corpo Diplomático tal como ainda vigora. Nas referências que houvemos de fazer à correspondência dos diplomatas abstrairemos destas diferenças de categoria. Quando falamos genericamente dos "representantes" estrangeiros ou portugueses, ou até dos "ministros" de Portugal e do estrangeiro, compreenderemos todos os agentes com carácter representativo, desde o Agente ao Embaixador.»
O autor trata depois das Instruções públicas e das secretas e dos Despachos, das cartas dos diplomatas, dos estilos, e da própria linguagem diplomática. E de muitas outras coisas que não cabem neste texto.
Debruça-se a seguir sobre as Colecções do Arquivo. E escreve: «A correspondência histórica conservada no Arquivo está dividida em quatro corpos, ou núcleos principais, a saber: os Processos; a Correspondência das séries ou das caixas; os Registos; e a Correspondência avulsa ou diversa. A estes quatro corpos podemos adicionar o grupo especial dos Arquivos das Legações. E resume: Os Processos (raros na época de que nos ocupamos), dão a negociação em conjunto. As Caixas fornecem a correspondência recebida de diplomatas e cônsules portugueses e estrangeiros, de Ministérios e de outras procedências. Os Registos facultam os documentos expedidos pela Secretaria de Estado. As lacunas dos Registos e das Caixas serão supridas (nem sempre, infelizmente) pelos Arquivos das Legações e pela Correspondência avulsa ou diversa, arrumada em livros encadernados ou em maços catalogados. Nesta última colecção incluímos todas as espécies que não teriam cabimento no outros corpos.»
Recordo que o texto do embaixador Teixeira de Sampayo é de 1925, o que significa que desde então, há quase cem anos, algumas coisas possam ter mudado.
Trata ainda o texto de Sampayo das Investigações e das Publicações (Tratados e Livros Brancos) e termina com a inclusão de vários quadros:
I - Representantes diplomáticos portugueses no estrangeiro e estrangeiros em Portugal de 1640 a 1834 e Secretários de Estado (1641-1834)
II - Séries denominadas "Correspondência das Caixas" (anteriores a 1833); Legações portuguesas; Legações estrangeiras; Consulados de Portugal; Consulados Estrangeiros
III - Colecções de livros de registo e de documentos compreendidos na mesma série, anteriores a 1833
IV - Correspondências avulsas não compreendidas nas Colecções das caixas, e Processos Diversos (anteriores a 1834); Extractos de correspondência aberta nos Correios de 1823 a 1826 e de 1829 a 1833; Processos
De tudo isto, e de muito mais que nem o tempo nem o espaço permitiram aqui consignar, se ocupam as 91 páginas deste "ensaio" do embaixador Luís Teixeira de Sampayo.
Vale a pena ler.
sábado, 9 de novembro de 2019
A QUEDA DO MURO DE BERLIM
Completam-se hoje 30 anos sobre a queda do Muro de Berlim.
Recordo-me perfeitamente das imagens que passaram nas televisões e deram a
volta ao mundo. Foi um acontecimento porventura inesperado e não duvido de que
a maioria dos que celebraram entusiasticamente o facto não adivinhavam então as
consequências que dele decorreriam.
A queda do Muro prenunciou a reunificação da Alemanha, a
dissolução das democracias populares do Leste europeu e, menos previsivelmente,
o colapso da União Soviética. Para estes acontecimentos contribuíram de forma
decisiva os Estados Unidos da América e o Mundo Ocidental em geral, com
destaque para o papa João Paulo II (Polónia oblige).
A ideia mítica de que os países comunistas acabavam de adquirir a democracia e
a liberdade não foi então acompanhada da ideia mais realista de que o
desmoronamento do sistema comunista implicaria o fim do sistema social que vigorava
nesses países. Nem os países da esfera ocidental, que usufruíam de um estado
social razoável previram que o mesmo começaria a minguar quando já não era
preciso seduzir os povos de Leste.
Aliás, a intensificação da campanha contra o bloco comunista
começou com a desregulação do sistema financeiro internacional levada a cabo
por Reagan e Thatcher e que seria coroada pela globalização económica e pela
instauração do monoteísmo do mercado. O mundo bipolar da guerra fria era
substituído por um mundo unipolar ocidental, sob a égide dos Estados Unidos,
que provocaria o desmembramento da Jugoslávia, a invasão do Iraque, o
bombardeamento da Líbia, a guerra civil na Síria, e mesmo a criação do Daesh.
Só muito recentemente, com a liderança de Vladimir Putin na Rússia e de Xi
Jinping na China, com as peripécias do Brexit e a crise da União Europeia, com
o enfraquecimento da NATO e a imprevisibilidade de Trump, com a tentação
imperial de Erdoğan e o desenvolvimento
da Índia de Modi, se começou a restabelecer um mundo multipolar.
O quase meio século de regime comunista
na Alemanha criou raízes e são muitos os que, ainda hoje, por ele nutrem
saudades. Basta viajar pela antiga Alemanha Oriental para confirmá-lo. A
República Federal da Alemanha não conseguiu homogeneizar, ou não quis, todo o
território do país. São grandes as assimetrias sociais, predominando a Oeste uma perspectiva mais consumista e a Leste uma preocupação mais
cultural. Já era assim no período transacto.
Muito haveria a dizer sobre tudo o que
ocorreu desde 1989 ou desde 1991, quando a União Soviética foi dissolvida,
acontecimento que Putin classificou como «a maior tragédia política do século
XX». Julgo poder afirmar-se mesmo que o dito século XX terminou nessa data. Mas
estas breves considerações são tão só um apontamento para recordar uma data e
não pretendem discorrer sobre as ambições e loucuras de homens julgados
insuspeitos e que se revelaram neste tempo pretérito verdadeiros criminosos de
guerra.
sábado, 2 de novembro de 2019
JORGE DE SENA, O FÍSICO PRODIGIOSO
Ocorre hoje o centenário do nascimento de Jorge de Sena, a mais notável figura da cultura da segunda metade do século XX português, pela qualidade, quantidade e diversidade da sua obra.
Falecido prematuramente nos Estados Unidos com 58 anos, os seus restos mortais repousam hoje no Cemitério dos Prazeres. Num país decente, estariam certamente no Panteão Nacional, com mais forte razão da que assiste a muitos outros que lá estão inumados. Mas talvez seja melhor assim, para evitar importunas companhias.
Nunca foi reconhecida, em Portugal, a verdadeira importância do seu pensamento e do seu trabalho. Talvez porque tivesse mau feitio ou por quaisquer outras razões menos bem compreendidas à época. Assim, a sua carreira decorreu no Brasil, primeiro, nos Estados Unidos, depois. E uma boa parte da sua obra foi publicada postumamente, graças à persistência e dedicação de sua mulher, Mécia de Sena, que tive o prazer de conhecer aquando das suas visitas a Portugal, onde viviam alguns dos filhos. Não cheguei a conhecer pessoalmente Jorge de Sena, mas nos contactos que mantive com Mécia de Sena, já viúva, na sua casa do Restelo e em manifestações culturais, tive oportunidade de saber pormenores sobre a vida e obra do marido. E de com ela manter correspondência para a Califórnia. Devo-lhe a imensa gentileza de me ter convidado para passar algumas semanas nessa residência americana do casal, convite que, por razões várias, nunca viria a aceitar.
Poeta, romancista, dramaturgo, ensaísta, tradutor, crítico literário e cinematográfico, insigne camonista e pessoano, deve-se-lhe o inestimável serviço de ter sido a primeira pessoa a traduzir para a língua portuguesa os poemas de Constantin P. Cavafy, o imortal poeta grego de Alexandria.
Parece que foi, ou vai ser, publicada uma nova edição da novela O Físico Prodigioso, de Jorge de Sena, um escrito com conotações autobiográficas, inspirado em Orto do Esposo, livro moralístico-religioso da literatura portuguesa da primeira metade do século XV. A edição que possuo desta novela é de 1979, volume que integra as "Obras de Jorge de Sena", publicadas pelas Edições 70. A novela tivera a sua 1ª edição em 1966, incluída na colectânea de contos Novas Andanças do Demónio, que se seguira a Andanças do Demónio, cuja data de publicação é 1960. A minha edição, que reúne as duas colectâneas, com a designação de Antigas e Novas Andanças do Demónio, é de 1981, e já não inclui O Físico Prodigioso, naturalmente por ter sido editado separadamente, naquelas "Obras", em 1979. Este conto, ou novela (como depois lhe chamou Sena) fora também incluído na Antologia do Conto Fantástico Português (1974), organizada por E. M. de Melo e Castro.
Este conto fantástico em que o protagonista, o Físico, mantém comércio sexual com o Diabo, empresta a Sena a oportunidade de discorrer sobre os mistérios da sexualidade masculina, tema recorrente em muitas das suas obras (Os Grão-Capitães, Sinais de Fogo). O erotismo foi sempre uma preocupação constante de Jorge de Sena (como o fora em Cavafy) e nunca ele se eximiu a tecer sobre o assunto as considerações que julgou convenientes.
No verbete "Jorge de Sena" da Wikipédia figura um texto sobre a sexualidade segundo Sena, extraído do livro de Fernando Dacosta, Máscaras de Salazar (1997). Procurando o mesmo na obra, encontrei apenas alguns fragmentos. Talvez o texto integral tenha figurado na 1ª edição, rapidamente esgotada, já que o exemplar que possuo, oferecido pelo autor, é da 3ª edição, e Fernando Dacosta tenha expurgado nas edições seguintes as partes cuja frontalidade seria mais polémica.
Continua a aguardar-se a edição de uma biografia ou fotobiografia de Jorge de Sena.
sexta-feira, 1 de novembro de 2019
SALÓNICA XXXVII - ÚLTIMAS IMAGENS
Concluo com este post a descrição da minha viagem a Salónica em Outubro do ano passado. Durante um ano (não consegui ser mais rápido) publiquei as minhas impressões sobre os locais que visitei e as imagens correspondentes.
Os posts anteriores arrumavam as fotografias segundo os monumentos, os museus, os sítios arqueológicos, etc. Publico hoje algumas imagens dispersas que não justificavam uma apresentação individualizada.
Avenida Alexandre Magno |
Idem |
Avenida Aristóteles |
Idem |
Idem |
Avenida Egnatia |
Banco da Grécia |
Catacumbas de São João |
Idem |
Cinema Olímpion |
Idem |
Hotel Electra |
Idem |
Hotel Makedonia (o meu hotel) |
Idem |
Idem |
Idem |
Idem |
Idem |
Livraria |
Idem |
Idem |
Idem |
Idem |
Idem |
Muralhas |
Idem |
Idem |
Passeio Marginal |
Idem |
Idem |
Idem |
Praça Aristóteles |
Idem |
Idem |
Idem |
Praça da Democracia |
Praça Eleftherias |
Refugiados na Avenida Aristóteles |
Teatro Nacional |
Muito mais haveria para mostrar de Salónica, mas as imagens que recolhi, e das quais só publiquei parte, ocuparam já 37 posts.
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