Regressei mais uma vez de Budapeste sem ter frequentado os banhos que tornam a cidade famosa. Alguns são célebres em todo o mundo.
São muitas as nascentes que existem na cidade, incluindo as fontes termais e as suas águas têm especiais indicações para o tratamento de muitas doenças. Além, é claro, de proporcionarem numerosas piscinas. Existem em Budapeste 120 nascentes, que emitem mais de 70 milhões de litros de água por dia. E banhos termais da cidade contam-se pelo menos 17, alguns com departamentos clínicos.
A esta bacia dos Cárpatos, os celtas, que aqui viveram até 400 BC chamavam-lhe AkInk. Talvez por isso, aquando da ocupação romana, a cidade (Buda) foi chamada Aquincum, cujo nome contém a palavra latina para água, aqua. Com a ocupação otomana, os banhos conheceram um apreciável desenvolvimento, dado o interesse que os turcos professavam por este género de estabelecimentos. Criaram hammam's, que faziam parte da vida social e a utilização dos banhos ultrapassava em muito as obrigações rituais da purificação islâmica. Os Banhos Rudas e Király, ainda hoje existentes, são devidos aos otomanos. Para lá do convívio e da intriga, dos negócios e dos encontros, quando os médicos sírios descobriram as propriedades curativas das águas a afluência aos banhos aumentou.
Na Idade Média, os banhos eram uma prerrogativa dos doentes. O rei Géza II (1141-1146) criou a primeira ordem monástica de enfermagem, chamada Szent István Király, alusão a Santo Estêvão, primeiro rei da Hungria. A Ordem de São João de Jerusalém teve uma presença activa nos Banhos Gellért. Como outras ordens hospitalárias, também a Ordem de São João construiu o seu hospital sobre uma "nascente sagrada". Os primeiros banhos públicos da Hungria abriram em 1351 em Pozsony (hoje Bratislava), que foi capital do país de 1536 a 1783, quando a coroa húngara foi transferida para Viena de Áustria.
Durante o período socialista os banhos foram mais utilizados para tratamento do que para recreação. Depois das modificações democráticas de 1989-90 não foram construídos mais banhos, mas os existentes têm sido renovados e modernizados.
Banhos Gellért |
Entre os banhos mais famosos contam-se os Banhos do Hotel Gellért, no sopé da colina de Buda, no fim da Ponte da Liberdade (antiga Ponte Francisco José). É um edifício magnífico, com piscinas interiores e exteriores e uma piscina termal.
Idem |
Os Banhos Rudas constituem os maiores e mais magníficos banhos termais otomanos na cidade. Construídos a sul da Ponte Elisabeth a sua arquitectura e decoração faz lembrar As Mil e Um Noites.
Banhos Rudas |
Os Banhos Rácz incluem 13 piscinas em três secções diferentes e o seu nome provém dos sérvios (rác, em húngaro), anteriores ocupantes do sítio. Uma das principais atracções de Rácz é o terraço no cimo do edifício, com uma vista espectacular. Há ainda uma piscina com vinte e três metros de comprimento e três de largura, cuja temperatura das águas é de 28º-30º no Verão e de 36º-38ª no Inverno.
Banhos Rácz |
Os Banhos Király estão localizados também em Buda, a sul da Ponte Margaret (Margit hid). A sua arquitectura é também otomana, com as correspondentes abóbodas. O chão, as paredes interiores e as piscinas são feitas de mármore vermelho. A existência destes Banhos deve-se a Sokollu Mustapha Pasha, de Buda, durante a ocupação turca. Nos dias de hoje, a água é canalizada de duas das seis nascentes dos Banhos Lukács. Depois de diversos proprietários, os Banhos foram comprados em 1817 por Mihály König que procedeu ao seu restauro, após o que lhe mudou o nome para Király (que em húngaro significa rei, sendo em alemão König).
Banhos Király |
Os Banhos Lukács, um pouco decadentes, são os banhos favoritos dos intelectuais da cidade. Como os anteriores, estão localizados em Buda, perto do Danúbio e no interior de um parque. Estas termas devem o seu nome a São Lucas e apesar do complexo ter sido fundado em 1894, eles datam do período otomano. As suas nascentes mantêm as piscinas aquecidas durante todo o ano. São frequentados por razões de saúde e também para diversão. Podem ser frequentados pelos turistas.
Banhos Lukács |
Idem |
Os Banhos Római também em Buda, possuem a maior piscina da cidade. No Verão são o paraíso das crianças e dos pais. O seu nome deriva da sua utilização pelos romanos, que consideravam esta água sagrada. Durante a sua reconstrução em 2001, foram encontrados sarcófagos romanos e diversos artefactos que expostos à entrada constituem um pequeno museu.
Banhos Római |
Os Banhos Dagály estão localizados no lado e Pest a norte da Ponte Árpád. Possuem 11 piscinas, no meio de um arvoredo de acácias e álamos. Ficam na margem do Danúbio e oferecem uma vista espectacular sobre Buda. É o único complexo que se mantém aberto durante o Inverno (4 piscinas). Dispõe de uma piscina olímpica exterior e de um eficiente serviço de massagens. Há também uma piscina infantil para diversão das crianças e uma dedicada à instrução.
Banhos Dagály |
Os Banhos Széchenyi, com as suas colunas, cúpulas e arcos mais parece um palácio do que um complexo de piscinas, o maior do seu género na Europa. Encontra-se situado em Pest, no Parque de Városliget, em frente ao Jardim Zoológico e ao Circo de Budapeste. As três entradas dão para um vasto átrio com colunas coríntias, candelabros de bronze, estátuas e pinturas. A sua arquitectura é complexa: uma mistura dos estilos grego e romano com elementos renascentistas e barrocos. Dispõe de restaurantes à beira da grande piscina e no exterior do edifício. Para ele convergem tantos turistas que se pode ouvir falar em numerosas línguas.
Banhos Széchenyi |
Idem |
Idem |
Idem |
Os Banhos Palatinus estão situados numa reserva natural na parte ocidental da Ilha Margarida. Dispõe de uma piscina de 50 metros de comprimento e de outras com diversas temperaturas. Tem cataratas e diversas atracções aquáticas e constitui uma atracção para as famílias.
Banhos Palatinus |
Desta muito resumida descrição se pode avaliar da riqueza da capital húngara em matéria de banhos, onde não faltarão, com certeza, personal trainers para incentivar os mais hesitantes.
NOTA: As fotografias, à excepção de duas, foram extraídas da publicação que se comenta.
1 comentário:
Devem ser fabulosos. Não sei como não se resolveu a experimentar.
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