Lugar de exposição dedicado à arte contemporânea, a Secessão de Viena ocupa na história da modernidade um lugar único: aqui se conjugam uma programação artística de actualidade orientada para o futuro e um edifício cuja arquitectura é emblemática da efervescência dos anos 1900. Pela sua funcionalidade e pela sua elegância estética, esta arquitectura soube permanecer jovem, oferecendo ainda hoje condições ideais para a prática da arte e da exposição. A concepção espacial da Secessão permite aos artistas os modos de exploração mais diversos, que constituem igualmente desafios apaixonantes. E o trabalho de reflexão que se efectua no edifício, tanto no interior como no exterior, gera ideias e conceitos novos, desenvolvidos especialmente para a Secessão. A sua fachada, especialmente, é um lugar de reflexão artística, tal como a sua cúpula, constituída por um entrelaçado de 3 000 folhas de loureiro em metal dourado. Modificável de acordo com as conveniências, o hall principal, espaço soberbo encimado por um grande vitral, presta-se particularmente bem para montagem de instalações. Além do hall principal, o gabinete de artes gráficas situado no andar superior e a galeria do subsolo, abrem vastas possibilidades de exposição.
Fiel à palavra de ordem colocada na fachada, "A cada época a sua arte, à arte a sua liberdade", a Secessão implementou um programa de exposições pessoais e temáticas com vocação internacional que exploram as diferentes formas de expressão artística do momento. É assim um espaço sensível para captar os discursos estéticos e críticos da arte, da cultura e da sociedade, bem como a significação política que os liga. Aberta às experiências, a Secessão constitui portanto para os jovens criadores uma plataforma essencial. Todavia, as personalidades artísticas já reconhecidas também têm aqui o seu lugar. Textos, catálogos, simpósios e conferências enriquecem, documentam e dão a conhecer as actividades da casa.
Beethoven, por Max Klinger (escultura colocada na Secessão em 1902, encontra-se hoje em Leipzig) |
Hoje, a "Associação dos Artistas Austríacos - Secessão de Viena" é o mais antigo lugar de exposições independentes no mundo expressamente dedicado à arte contemporânea. O programa de 10 a 15 exposições anuais é estabelecido, de forma democrática e segundo critérios unicamente artísticos, pelos membros do conselho de administração da Associação. O seu financiamento está dividido em três partes iguais pelo Estado, o mecenato privado e as receitas.
A Secessão foi fundada em 1897 por um grupo de artistas que, reunido à volta de Gustav Klimt, deixara o demasiado conservador Künstlerhaus. Klimt foi o primeiro presidente da Associação, e entre os membros fundadores figuram os pintores Kolo Moser e Carl Moll e os arquitectos Josef Hoffmann e Joseph Maria Olbrich. Foi Olbrich que concebeu o edifício em 1898, o qual exprime as ideias caras a este novo grupo de artistas que incarnavam decididamente a modernidade da sua época. A revista da Secessão intitulada Ver Sacrum (literalmente: Primavera Sagrada) desempenhou um papel importante no seio do movimento e o seu título programático figura ainda em letras douradas na fachada. Concebido como "templo da arte" no dealbar da modernidade, a Secessão é a construção mais notável do Jugendstill em Viena.
"O Friso de Beethoven" (pormenor) |
Desde o início, a Secessão suscitou um interesse considerável pela concepção das suas exposições que, focando a sua atenção no espaço e desejando cruzar as disciplinas artísticas, operaram uma síntese entre arquitectura, pintura, escultura, desenho e decoração. Uma das manifestações mais célebres foi a consagrada a Ludwig van Beethoven em 1902. Gustav Klimt realizou especialmente para essa grande exposição colectiva uma obra central, o Friso de Beethoven. Esta pintura mural de mais de 34 metros de comprimento tem por tema a Nona Sinfonia de Beethoven e a sua combinação de erotismo e rigor valeu-lhe tanta admiração como severas críticas. O Friso de Beethoven encontrava-se então na ala esquerda do hall principal da Secessão donde foi retirado em 1903. Propriedade da República Austríaca desde 1973, foi reintegrado na Secessão em 1986, mas num espaço criado propositadamente para ele, no subsolo do edifício.
Ao lado do edifício encontra-se uma estátua de Marco António, realizda em 1899 pelo escultor Arthur Strasser.
Um lugar de visita obrigatória.
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