O Kunsthistorisches Museum (Museu de História da Arte, em tradução literal), de Viena, foi o último dos grandes edifícios que foram construídos na Ringstrasse, em frente ao Museu de História Natural, e tendo do outro lado da avenida a Heldenplatz e o Hofburg.
Mandado edificar e inaugurado, em 1891, pelo imperador Francisco José, alberga a Galeria de Pintura, a Colecção Egípcia, a Colecção de Antiguidades Gregas e Romanas, o Gabinete de Arte e a Colecção Numismática.
As colecções imperiais, até então espalhadas por vários edifícios da cidade, passaram a estar expostas num quadro correspondente aos critérios estéticos e científicos da época. Todavia, a quantidade de obras dificultava a sua fruição pelos visitantes. Só a situação política decorrente do banimento dos Habsburg, após a Primeira Guerra Mundial, permitiu à nova República recriar um museu verdadeiramente moderno, como hoje o conhecemos. As obras dos pintores e escultores da época barroca foram transferidas para o Österreichisches Barockmuseum, situado na secção inferior do Palácio do Belvedere; os quadros, as aguarelas e os desenhos dos mestres modernos passaram, uma parte para a Galeria de Arte Austríaca do século XIX, no Belvedere superior, e a outra parte para o Museu Albertina. A remodelação das salas de recepção do Novo Hofburg receberam as armaduras, armas de combate e de caça da Casa de Habsburg e também os célebres instrumentos de música antigos da família imperial. Uma parte das obras da colecção das Antiguidades, provenientes nomeadamente do sítio greco-romano de Éfeso, na Turquia, foi igualmente colocada no Neue Burg, no agora denominado Ephesos Museum. As carruagens da Corte encontram-se actualmente instaladas no Palácio de Schönbrunn.
A entrada para a Colecção Egípcia faz-se por uma escada do lado direito após se passar a porta principal do Museu. Até ao fim do século XVIII as antiguidades egípcias (de que os Habsburg possuíam desde há muitos anos um interessante acervo) eram conservadas como simples curiosidades e só após a expedição de Bonaparte ao Egipto, as informações dos sábios que o acompanharam e a posterior decifração dos hieróglifos por Champollion adquiriram o seu preciso valor histórico.
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Deusa Sekhmet, à direita (XVIII dinastia) |
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Horus e o faraó Horemheb (XVIII dinastia) |
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Hipopótamo, em faiança azul (XI ou XII dinastia) |
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Leão a caminhar (Babilónia, século VI AC) |
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Tuthmosis III (XVIII dinastia) |
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Deusa Isis amamentando Horus (XXVI dinastia, provavelmente) |
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Modelo de barca (XII dinastia) |
Passada a Colecção Egípcia e Oriental ingressamos na Colecção de Antiguidades Gregas e Romanas, passando depois ao Gabinete de Arte.
Entre as valiosíssimas peças, refiram-se as seguintes:
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Busto do imperador Adriano |
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Jovem de Magdalensberg (cópia do século XVI de um original romano) |
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Apolo (bronze greco-romano do século I AC) |
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Héracles (bronze grego do século IV AC) |
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Gemma Augustea (onix, depois incrustado em ouro, dos anos 9 a 12 DC, terá pertencido ao imperador Augusto) |
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Serviço de mesa em ouro e porcelana do duque Carlos Alexandre de Lorena ( século XVIII) |
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O futuro imperador José I, aquando da sua coroação como rei romano (marfim, século XVII) |
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Imperador Leopoldo I (?) |
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Tesouro funerário em ouro de Nagyszentmiklós (hoje Sînnicolaul Mare, Roménia, arte proto-búlgara, século IX) |
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Idem |
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Saleiro de Francisco I (ouro parcialmente esmaltado - Obra-prima de Benvenuto Cellini, século XVI) |
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Relógio automático: Diana cavalgando um centauro (prata dourada e esmaltada, século XVII) |
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Taça em argila com figuras vermelhas: O adeus de um guerreiro (Atenas, 500 AC) |
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Imperador Rodolfo II (Adrian de Fries, século XVII) |
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Imperador Carlos-Quinto (Leone Leoni, século XVI) |
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Filipe II de Espanha (Pompeo Leoni, século XVI) |
A Galeria de Pintura expõe alguns dos mais importantes quadros dos grandes mestres europeus.
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São Sebastião (Andrea Mantegna, século XV) |
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A Ninfa e o pastor (Tiziano, século XVI) |
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O Baptismo (Guido Reni, século XVII) |
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A Coroação de espinhos (Caravaggio, século XVII) |
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A Senhora do rosário (Caravaggio, século XVII) |
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São Miguel expulsando os anjos renegados no inferno (Luca Giordano, século XVII) |
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Infanta Margarida Teresa, com oito anos, de vestido azul (Velázquez, século XVII) |
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Riva degli Schiavoni em Veneza (Canaletto, século XVIII) |
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O milagre de São Domingos (Francesco Guardi, século XVIII) |
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Aníbal olhando para a cabeça de Asdrúbal (Giambattista Tiepolo, século XVIII) |
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Cristo transportando a cruz - Painel do lado esquerdo de um retábulo da Crucificação (Bosch, século XV) |
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A Adoração da Santíssima Trindade (Dürer, século XVI) |
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Imperador Maximiliano I (Dürer, século XVI) |
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Crucificação (Lucas Cranach, o Antigo, início do século XVI) |
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Jane Seymour (Hans Holbein, o Jovem, século XVI) |
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Imperador Rodolfo II (Hans von Aachen, século XVII) |
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Alegoria do Fogo (Arcimboldo, século XVI) |
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A Torre de Babel (Peter Bruegel, século XVI) |
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Os Caçadores na neve (Inverno) - (Peter Bruegel, século XVI) |
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Os Quatro Continentes (Rubens, século XVII) |
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Jacob de Cachiopin (Van Dyck, século XVII) |
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Jovem com uma flecha (Giorgione, século XVI) |
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O Baptismo de Cristo (Perugino, finais do século XV) |
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Senhora do Belvedere (Raffael, século XVI) |
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A Conversão de São Paulo (Parmigianino, século XVI) |
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Judite com a cabeça de Holofernes (Veronese, século XVI) |
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Susana e os velhos (Tintoretto, século XVI) |
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A Destruição do Templo de Jerusalém (Poussin, século XVII) |
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A Tentação de Adão e Eva (Hugo van der Goes, século XV) |
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A Crucificação (Roger van der Weiden, século XV) |
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Retábulo dos Sãos João (São João Baptista, à esquerda e São João Evangelista, à direita (Hans Memling, século XV) |
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O Atelier (Vermeer, século XVII) |
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Auto-retrato (Rembrandt, século XVII) |
Não é possível continuar com a reprodução das pinturas notáveis, mesmo só das mais notáveis, existentes no Museu. As que registámos pretendem constituir uma amostra da imensa riqueza deste extraordinário acervo e destinam-se tão só a despertar nos leitores a vontade de se deslocarem a Viena.
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A cafetaria do Museu |
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O último piso |
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Exposição temporária sobre a presença do imperador Carlos-Quinto em Tunis |
Porque este
post já vai longo, dispenso-me de de referir algumas imagens, também importantes, do Gabinete de Arte e da Colecção Numismática.
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Museu de História Natural (Naturhistorisches Museum), edifício simétrico do Museu de História da Arte |
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Estátua da imperatriz Maria Teresa, na Maria Theresienplatz, entre os dois museus |
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Idem |
Na escadaria monumental do Museu pode apreciar-se uma notável escultura de Antonio Canova e um busto do imperador Francisco José.
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Teseu derrotando o centauro (Canova) |
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Imperador Francisco José (Caspar Zumbusch) |
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Catálogo actual |
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Idem |
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Catálogo ao tempo da minha primeira visita há mais de dez anos |
Muito ficou por escrever e por mostrar, mas o que se referiu permite avaliar a riqueza do Kunsthistorisches Museum de Viena, certamente um dos grandes museus da Europa, que não tendo o acervo nem as dimensões do Louvre, do British Museum, do Ermitage, do Prado (no que toca à pintura) ou do complexo dos museus de Berlim e do conjunto dos museus de Roma, par não falar já dos museus do Vaticano, é indubitavelmente um dos grandes espaços artísticos do Velho Continente.
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