quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

UMA REFLEXÃO DE BERNARD PIVOT





Le beau doit être notre monde

"Vieillir, c'est chiant" : par Bernard PIVOT

Un très beau texte de notre ami Bernard Pivot.
Cela fait du bien de lire pareille chose !!! Extrait de son livre paru en avril 2011 :


Les mots de ma vie Vieillir, c’est chiant.
J’aurais pu dire :
vieillir, c’est désolant,
c’est insupportable,
c’est douloureux, c’est horrible,
c’est déprimant, c’est mortel.
Mais j’ai préféré « chiant » parce que c’est un adjectif vigoureux qui ne fait pas triste.
Vieillir, c’est chiant parce qu’on ne sait pas quand ça a commencé et l’on sait encore moins quand ça finira.
Non, ce n’est pas vrai qu’on vieillit dès notre naissance.
On a été longtemps si frais, si jeune, si appétissant.
On était bien dans sa peau.
On se sentait conquérant. Invulnérable.
La vie devant soi. Même à cinquante ans, c’était encore très bien. Même à soixante.
Si, si, je vous assure, j’étais encore plein de muscles, de projets, de désirs, de flamme.
Je le suis toujours, mais voilà, entre-temps –
mais quand – j’ai vu le regard des jeunes, des hommes et des femmes dans la force de l’âge qu’ils ne me considéraient plus comme un des leurs, même apparenté, même à la marge.
J’ai lu dans leurs yeux qu’ils n’auraient plus jamais d’indulgence à mon égard.
Qu’ils seraient polis, déférents, louangeurs, mais impitoyables. Sans m’en rendre compte, j’étais entré dans "l’apartheid de l’âge".
Le plus terrible est venu des dédicaces des écrivains, surtout des débutants.
« Avec respect »,
« En hommage respectueux »,
« Avec mes sentiments très respectueux ».
Les salauds ! Ils croyaient probablement me faire plaisir en décapuchonnant leur stylo plein de respect ?
Les cons !
Et du « cher Monsieur Pivot » long et solennel comme une citation à l’ordre des Arts et Lettres qui vous fiche dix ans de plus !
Un jour, dans le métro, c’était la première fois, une jeune fille s’est levée pour me donner sa place.
J’ai failli la gifler....
Puis la priant de se rassoir, je lui ai demandé si je faisais vraiment vieux, si je lui étais apparu fatigué.
« Non, non, pas du tout, a-t-elle répondu, embarrassée.
J’ai pensé que… » Moi aussitôt :
«Vous pensiez que…?
-- Je pensais, je ne sais pas, je ne sais plus, que ça vous ferait plaisir de vous assoir.
– Parce que j’ai les cheveux blancs?
– Non, c’est pas ça, je vous ai vu debout et comme vous êtes plus âgé que moi, ç’a été un réflexe, je me suis levée…-
- Je parais beaucoup beaucoup plus âgé que vous?
–Non, oui, enfin un peu, mais ce n’est pas une question d’âge… --Une question de quoi, alors?
– Je ne sais pas, une question de politesse, enfin je crois…»
J’ai arrêté de la taquiner, je l’ai remerciée de son geste généreux et l’ai accompagnée à la station où elle descendait pour lui offrir un verre.
Lutter contre le vieillissement c’est, dans la mesure du possible, Ne renoncer à rien.
Ni au travail, ni aux voyages,
Ni aux spectacles, ni aux livres,
Ni à la gourmandise, ni à l’amour, ni au rêve.
Rêver, c’est se souvenir tant qu’à faire, des heures exquises. C’est penser aux jolis rendez-vous qui nous attendent.
C’est laisser son esprit vagabonder entre le désir et l’utopie.
La musique est un puissant excitant du rêve.
La musique est une drogue douce.
J’aimerais mourir, rêveur, dans un fauteuil en écoutant
soit l’adagio du Concerto no 23 en la majeur de Mozart,
soit, du même, l’andante de son Concerto no 21 en ut majeur, musiques au bout desquelles se révèleront à mes yeux pas même étonnés les paysages sublimes de l’au-delà.
Mais Mozart et moi ne sommes pas pressés. Nous allons prendre notre temps.
Avec l’âge le temps passe, soit trop vite, soit trop lentement. Nous ignorons à combien se monte encore notre capital.
En années? En mois? En jours?
Non, il ne faut pas considérer le temps qui nous reste comme un capital.
Mais comme un usufruit dont, tant que nous en sommes capables, il faut jouir sans modération.
Après nous, le déluge? Non, Mozart.

(Bernard Pivot)

domingo, 24 de janeiro de 2016

O HOFBURG


Hofburg (visto da Michaelerplatz)

Visitei Viena o ano passado, cidade aonde não me deslocava há mais de uma década, e publiquei então alguns posts sobre a Ópera Estatal, o Musikverein, a Cripta Imperial e o Cemitério Central. Era minha intenção tecer mais algumas considerações sobre a antiga capital dos Habsburgos, mas outros assuntos levaram-me a protelar, ainda que não a desistir do intento.

Idem

Assim, regresso hoje ao tema, começando pelo Hofburg, o Palácio Imperial (ou complexo de palácios) que durante séculos foi habitado pelos titulares do Santo Império Romano Germânico e, a partir do século XIX, pelos seus "sucessores", os imperadores da Áustria. Actualmente, o Hofburg abriga não só o Museu (apresentando aos visitantes os aposentos da Família Imperial, o Tesouro, e outras dependências conexas) mas também diversas instituições públicas, como a Presidência da República, a Chancelaria Federal, a Biblioteca Nacional Austríaca, etc.



Para facilitar a leitura do complexo palacial, reproduzo duas plantas:





A fachada mais imponente do Hofburg (o Neue Hofburg, uma parte mais nova) é a que fica voltada para a Heldensplatz (Praça dos Heróis). Nesta ala não aberta ao público está instalada a Presidência da República e têm lugar os banquetes e outros eventos de Estado.

Praça dos Heróis

A entrada pela Michaelerplatz conduz ao museu propriamente dito (aposentos de Francisco José, Museu Sissi, etc.)

Entrada para o Museu

Porta dos Suiços

A partir do Inner Burghof, passando a Schweizertor (Porta dos Suiços) entra-se num pátio que dá acesso à Câmara do Tesouro.

Entrada para a Câmara do Tesouro

Seguem-se imagens de algumas das principais peças do Tesouro Imperial:

Coroa do Santo Império Romano Germânico, executada provavelmente no século X para o imperador Otão I
Idem
Coroa do Santo Império Romano Germânico, mandada executar pelo imperador Rodolfo II em 1602, e mais tarde usada como coroa do Império Austríaco. Igualmente na vitrina o globus cruciger e o cetro imperial

Manto imperial
Coroa de Stefan Bocskay
Reprodução da Coluna da Virgem Maria na Praça Am Hof

Na ala dos aposentos de Francisco José e de Elisabeth (Sissi) há a salientar:



Lâmpada da Madrassa de Nasir Hassan ben Muhammad (Cairo)

Sala de jantar


Gabinete de Francisco José

A Biblioteca Nacional Austríaca está instalada na Josefsplatz, onde se encontra a estátua equestre do imperador José II.

Biblioteca Nacional

Estátua do imperador José II



O acesso à Praça dos Heróis a partir da Ringstrasse é feito pela Burgtor (Porta do Palácio), uma entrada composta por cinco arcos semi-circulares e alas adjacentes.



A porta ostenta a incrição Franciscus I Imperator Austriae, no lado virado para o Ring, e Iustitia regnorum fundamentum, divisa do imperador Francisco II/I, do lado virado para a Praça dos Heróis.

No centro do Inner Burghof encontra-se a grandiosa estátua de Francisco II/I, rodeada de quatro estátuas que simbolizam a fé, o poder, a paz e a justiça.

Estátua em trabalhos de conservação. Ao fundo a ala Amalienburg, onde viveu a imperatriz Amália, viúva de José I, mais tarde a imperatriz Elisabeth (Sissi) e finalmente onde teve o seu gabinete o último imperador da Áustria, Carlos I

Do lado direito da ala Amalienburg fica a ala da Chancelaria Imperial, com as armas do imperador Carlos VI.


Na extremidade ocidental da ala Leopoldina, onde foram os aposentos da imperatriz Maria Teresa, encontra-se o gabinete do presidente da República e as dependências conexas.

Presidência da República

Na Câmara do Tesouro pode observar-se o retrato do imperador Francisco I da Áustria (Francisco II como último imperador do Santo Império Romano Germânico), pintado em 1832 por Friedrich Amerling.


É também curioso observar o berço do rei de Roma, Napoleão II, filho de Napoleão I e da arquiduquesa Maria Luísa, que usou o título de duque de Reichstadt e morreu em Viena com 21 anos. Foi proclamado imperador em 22 de Junho de 1815 (com quatro anos de idade) e destituído em 7 de Julho do mesmo ano, aquando da restauração da monarquia francesa na pessoa de Luís XVIII. As cinzas, que se encontravam na Cripta Imperial da igreja dos Capuchinhos em Viena, foram devolvidas à França, em 1940, por Adolf Hitler, encontrando-se agora no Hôtel des Invalides, em Paris.

Berço de Napoleão II

Na Praça dos Heróis encontram-se duas estátuas: a do príncipe Eugénio de Saboia, homem de gosto requintado e um dos maiores génios militares da Idade Moderna, que derrotou o exército otomano em 1697, e a do arquiduque Carlos de Áustria, terceiro filho do imperador Leopoldo II, que foi comandante-em-chefe do exército austríaco.

Príncipe Eugénio de Saboia
Arquiduque Carlos de Áustria

Existem dois jardins, um de cada lado do Hofburg. Do lado ocidental, o Volksgarten (Jardim do Povo), mandado construir no começo do século XIX pelo imperador Francisco II/I. O Volksgarten foi o primeiro parque imperial de Viena a ser aberto ao público. Inaugurado em 1823, este jardim é considerado um dos mais belos do mundo, com os seus milhares de rosas das mais variadas espécies.


Templo de Teseu








Estátua do dramaturgo Grillparzer

Porta do Jardim vista d Ring, com uma placa evocativa do chanceler Julius Raab

 O Burggarten, do outro lado do Hofburg, jardim privado de Francisco José, é provavelmente o mais antigo dos parques confinando com o Ring. Foi criado no local de um jardim de inspiração medieval e é célebre pela estátua de Mozart. Existe também numa das extremidades uma estátua do imperador Francisco José.


Estátua de Mozart

Estátua de Francisco José

Muitas outras coisas interessantes haveria a referir em ligação com o Hofburg, mas ficam referidas as mais importantes. Excepção feita à Igreja de Santo Agostinho, incorporada no próprio Hofburg e que tratarei quando publicar o post dedicado às principais igrejas de Viena.


quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

ETTORE SCOLA




O realizador italiano Ettore Scola, um dos últimos grandes mestres do cinema italiano, morreu ontem em Roma aos 84 anos. Devem-se-lhe filmes inolvidáveis como Una Giornata Particolare (Um Dia Inesquecível)

Transcrevemos a notícia de "Le Monde" :

Le cinéaste italien Ettore Scola est mort à Rome, ont annoncé mardi 19 janvier plusieurs médias locaux citant des sources hospitalières. Il était âgé de 84 ans.

Présenté comme l’un des derniers grands maîtres du cinéma transalpin, il a signé en près de quarante ans de carrière plusieurs chefs-d’œuvres, mettant en scène Marcello Mastroianni, Sophia Loren, Vittorio Gassman ou Nino Manfredi.

On lui doit notamment Une journée particulière (1977) ou encore Nous nous sommes tant aimés (1974).  Il avait promis il y a une dizaine d’années qu’il en avait fini avec le cinéma. Avant de revenir sur sa décision et de tourner un film sur son amitié avec Federico Fellini. Comme il est étrange de s’appeler Federico : Scola raconte Fellini sera présenté à la Mostra de Venise en 2013.

« Humour ravageur »

En 1976, son long-métrage Affreux, sales et méchants, une satire grinçante de la société romaine quart-mondiste, reçoit le Prix de la mise en scène au 29e Festival de Cannes. Quatre ans plus tard, La Terrasse, tableau tragi-comique de l’intelligentsia de gauche italienne et de ses désillusions, obtiendra le Prix du scénario sur la Croisette.

Le Bal qui traverse cinquante ans d’histoire de la France du point de vue de danseurs de salon reçoit trois Césars en 1984, dont ceux du meilleur film et du meilleur réalisateur.
L’ancien directeur du Festival de Cannes, Gilles Jacob, lui a rendu hommage sur Twitter. Le Français a salué « un grand scénariste » et souligné « son humour ravageur », avant de résumer son ami ainsi : « La classe/l’élégance morale et vestimentaire/l’intelligence/le charme, l’accent délicieux/l’oeil de velours/l’humour railleur : Ettore Scola. »

AS RELAÇÕES HUMANAS




O mais recente livro do escritor francês Charles Dantzig, Histoire de l'amour et de la haine, é um tratado sobre as relações humanas. Nesta obra, o autor procede a uma reflexão, compartimentada por áreas de análise mas que no seu conjunto traduz os sentimentos de amor e de ódio que os homens (e as mulheres) nutrem pelo seu semelhante e pela sociedade em geral.

Ao longo de cerca de 500 páginas, Charles Dantzig convoca importantes referências culturais para sustentar e exemplificar as asserções que produz sobre os comportamentos das diversas personagens que ilustram o texto. Também não está ausente um apurado sentido de humor que o autor brilhantemente cultiva.

Não sendo possível desenvolver aqui, pela particularidade da escrita deste romance (que é também um ensaio, um género híbrido cada vez mais presente na literatura contemporânea), os nós e os laços que conduzem a descrição e a acção, limitar-me-ei à transcrição de algumas afirmações, não sem antes referir a nota do editor na contracapa da obra.

«Voici sept personnages avec qui nous vivons, des premières manifestations contre le "mariage pour tous" jusqu'aux dernières.
Il y a Ferdinand, garçon de vingt ans blessé par la vulgarité de son père, le député Furnesse, vedette homophobe des médias et fier de l'être; Pierre, le grand écrivain n'écrivant plus; Ginevra, qu'il tente d'aimer; Armand et Aaron, qui vivent en couple; Anne, si belle et vicitime de sa beauté; bien d'autres encore. Tous apportent leur voix à ce concert de l'esprit où le comique le dispute à la rage.
Que s'est-il passé durant cette période? Quel esprit est entré dans Paris? Comment ce qu'on appelle un événement transforme-t-il la vie des hommes?
Le grand roman de l'amour au temps de la haine.»

Passemos, então, às transcrições:

«Un des grands mystères de la vie est que certaines "civilisations" aient inventé de soumettre la sexualité à la morale.» (Pierre Hesse dans son premier livre, Il me faudrait un petit palais.) (p. 14)

Le poète portugais Antonio Botto (1897-1959) a énoncé et sans doute éprouvé que «l'homme est mû par le désir/comme les nuages par le vent» (Canções) (p. 28)

«C'est inouï de découvrir qu'on est gay, se disait-il en consultant son écran. Les autres arrivent à l'âge adulte avec une éducation adaptée, les moyens de se servir de la société, nous devons tout apprendre. Nous sommes un peuple sans histoire. Aucune transmission, de maigres indices, et nous n'avons pour nous désalterer que le filet d'eau d'un tout petit nombre de célébrités gay et généralement malheureuses, quand les autres ont des citernes et des citernes de grands hommes hétéros pimpants. Personne ne m'a rien appris sur moi-même. On m'a appris tout le contraire, toute la tradition des autres, enseignée comme héroïque et unique, ce qui m'a conduit à avoir honte et à me cacher. À chaque génération, chaque gay repart de zéro. Chacun d'entre nous est-il cet enfant sauvage terrorisé? Même si nous avons des parents, nous n'avons pas d'éducateurs. Incroyable!... Le général de Lattre était gay?...» Il découvrit que l'écrivain Ralph Ellison (1913-1994) avait appelé le Noir américain «l'homme invisible». «Or, se dit-il, un enfant noir a des parents qui le voient noir, et qui l'aiment. Un gay n'a pas de parents gay. Cela passera grâce au mariage gay, si le couple a la chance d'avoir un enfant gay. Ce mariage-là servira à chasser le malheur. Enfin, dans quelques familles évoluées des grandes villes. L'enfant gay restera invisible à tous, y compris aux autres, qu'il ne verra donc pas. L'homosexualité est un pays étranger dont les plus jeunes citoyens ignorent tout, jusqu'à l'existence de semblables. Et racle, racle, Ferdinuche, les fonds d'armoire de l'Histoire où on a camouflé nos exploits pour ne nous laisser que la honte. García Lorca, je savais, j'ai un peu lu, quand même! Tom Cruise Will Smith George Clooney? Quand tous les autres sont nés dans un milieu pareil à eux, créant une proximité qui les protège, moi je n'ai qu'à me taire. Cette obligation de silence me signale que je suis le réprouvé des réprouvés. Les Noirs ont des parents noirs. Les Roms ont des parents roms. Les Juifs ont des parents juifs. Les gays ont des parents hétéros.» Et Ferdinand se répétait ce raisonemment, et quand il était achevé se le répétait encore (pp. 61-62)

«... Il peut y avoir des ruptures d'amitié, aussi violentes que des ruptures d'amour. L'amitié est une forme d'amour. On dit "amitié" par une nuance déplorable.» (p. 76)

«Et le bonheur est d'aimer bien plus que d'être aimé», Stendhal, Voyage dans le midi de la France, Proust aurait dit le contraire. (p. 96)

Le français est peut-être la seule langue qui dispose de deux mots pour désigner l'action incontrôlée du cerveau pendant le sommeil et à certains moments de la vie éveillée, «rêve» et «songe». Nous appliquons «rêve» à ce que les autres langues appellent «dream», «Traum», «sueño», «sogno». Il y a dans «songe» une teinte de réflexion que n'a pas «rêve», plus passif. Un cadre commercial français peut dire: «J'ai songé à ceci» en proposant une idée dans une réunion, un cadre britannique ne pourrait pas dire: «I dreamt of this scheme.» Cela signifierait presque le contraire, qu'il a réfléchi à quelque chose d'irréalisable. Un des principaux traducteurs français de A Midsummer Night's Dream (Le Rêve d'une nuit du milieu de l'été) l'a rendu par: Le Songe d'une nuit d'été. Il n'est pas indifférent que ce François-Victor Hugo ait été le fils de Victor Hugo. Hugo était un homme qui croyait fortement au songe et à sa puissance (il était très pour la puissance). Le songe était pour lui la pensée des hommes se rapprochant des dieux. (pp. 224-225)

«... La différence entre le capitalisme et le communisme est que le capitalisme est une bureaucratie par moments plus rentable.» (p. 303)


Uma última nota. Não posso deixar de congratular-me com a referência de Charles Dantzig a António Botto e às suas Canções. Os poetas portugueses começam a ser citados nas obras de ficção francesas. Os últimos livros que foram objecto de comentário neste blogue, Boussole, de Mathias Énard e Retour à Duvert, de Gilles Sebhan, mencionam com destaque, especialmente o primeiro, o nome e a obra de Fernando Pessoa.


segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

MICHEL TOURNIER




O escritor francês Michel Tournier morreu hoje em Choiseul com 91 anos. Autor de notável obra, recebeu em 1970 o Prémio Goncourt pelo livro  Le Roi des Aulnes, que seria passado ao cinema pelo realizador Volker Schlöndorff, com o título original de Der Unhold (em português, O Ogre). Homem de refinada sensibilidade, celibatário convicto, além do romance cultivou também o ensaio, ficando a dever-se-lhe uma produção do maior interesse, roçando em muitos casos uma marginalidade intencionalmente assumida.

Transcreve-se a notícia de "Le Monde":

Il ne pensait pas grand bien de la vieillesse, se plaignait de s’ennuyer et de ne plus pouvoir voyager à ceux qui venaient lui rendre visite dans sa retraite de la vallée de Chevreuse, le presbytère de Choisel où il s’était installé il y a plus d’un demi-siècle. Venu tardivement à l’écriture – il avait 42 ans lors de la parution de son premier roman –, Michel Tournier avait cessé de publier des fictions au mitan des années 1990. Il laisse derrière lui une œuvre saluée, dès ses prémices, pour son importance, sa capacité à mêler les mythes et l’Histoire, le prosaïque et la transcendance, mais numériquement peu conséquente, au regard de sa longévité – neuf romans pour adultes et enfants, une poignée de recueils de contes et nouvelles, quelques essais ; au printemps 2015, Gallimard avait fait paraître Lettres parlées à son ami allemand Hellmut Waler, 1967-1998. Régulièrement cité pour le prix Nobel de littérature, Michel Tournier est mort le 18 janvier chez lui, à Choisel, entouré de ses proches, a précisé son filleul, Laurent Feliculis, que l’écrivain considérait comme son fils adoptif. Il avait 91 ans.

Né en 1924 dans une famille de germanistes – son père a abandonné l’enseignement de l’allemand pour se lancer dans le commerce –, Michel Tournier se destine à la philosophie, qu’il étudie, au lendemain de la seconde guerre mondiale, à l’université de Tübingen. Rentré en France après avoir obtenu sa licence, cet admirateur de Kant, dont il se targuera toute sa vie d’être l’un des rares propriétaires de l’œuvre intégrale en allemand, et de Jean-Paul Sartre, son « père spirituel », renonce à ses projets après avoir échoué à l’agrégation à deux reprises. Il répétera souvent qu’il n’aurait pas écrit s’il avait été reçu à cet examen.

« Vendredi ou la vie sauvage » et « Le Roi des Aulnes »

Ami de Gilles Deleuze, Roger Nimier ou Pierre Boulez, il commence à travailler pour la Radio-diffusion télévision française, puis Europe 1, avant d’entrer comme lecteur et traducteur de l’allemand (notamment d’Erich Maria Remarque) chez Plon. Au début des années 1960, ce passionné de photographie présente l’émission télévisuelle « Chambre noire ». En 1970, il sera à l’origine des Rencontres d’Arles, premier festival mondial consacré à cet art.

Entre-temps, il a fait une entrée extrêmement remarquée sur la scène littéraire, en publiant chez Gallimard (qui publiera l’essentiel de son œuvre) Vendredi ou les Limbes du Pacifique (1970), le premier roman de sa production qu’il ait estimé digne d’être présenté à un éditeur. Le succès, public et critique, est immédiat, pour cette relecture rousseauiste du mythe de Robinson, qui obtient le Grand Prix de l’Académie française. En 1971, il réécrit pour les enfants ce premier roman, sous la forme de Vendredi ou la vie sauvage. Etudié dans les classes, vendu par millions d’exemplaires, celui-ci restera la « rente » et le « livre fétiche », comme il le disait, de celui qui ne conçoit pas d’écrire pour n’être pas lu.

Trois ans après Vendredi paraît Le Roi des Aulnes, qui vaut à son auteur le prix Goncourt, attribué à l’unanimité. Ce roman emprunte son titre à un célèbre poème de Goethe et raconte l’histoire d’Abel Tiffauges, français emprisonné en Allemagne à la suite de la drôle de guerre, qui, après avoir croisé Göring, finira par devenir « l’ogre de la forteresse de Kaltenbom » recrutant de force des enfants destinés à périr dans la défense de cette forteresse lors de l’invasion soviétique. Si ce texte démontre la grande connaissance que possède Tournier de la civilisation germanique, il déploie toute la limpidité de son écriture pour conjuguer réalisme et magie, ou plutôt une forme de surnaturel : son grand modèle littéraire est le Trois contes de Flaubert. Avec ce deuxième roman, l’écrivain indique aussi la place prépondérante que tiendra l’exploration des figures célèbres et des personnages légendaires dans son œuvre. A l’ogre de Kaltenbom répondra ainsi en 1978 celui, « hippie », du Coq de Bruyère. En 1975, Les Météores, le troisième grand roman de Michel Tournier achève de prouver cette fascination pour les mythes : il y explore celui de Castor et Pollux à travers des personnages gémeaux. La place qu’y tiennent les ordures ménagères témoigne, elle, de l’intérêt de Tournier pour ce qu’il désigne comme une « esthétique du merveilleux sordide » – sachant qu’il ne dédaigne pas une pointe de scatologie, si elle se mêle de philosophie, comme c’était le cas dans Vendredi et Le Roi des Aulnes.

Lauréat puis membre du jury du Goncourt

Ses trois premiers romans resteront, de l’avis général, les grandes œuvres de Michel Tournier. Il est devenu un personnage incontournable de la vie littéraire, même s’il vit, retiré, à Choisel, pour en éviter la plupart des tentations. Depuis 1973, il fait partie du jury du prix Goncourt. Ses livres continuent d’être accueillis comme des événements. Ainsi des nouvelles du Coq de Bruyère (1978) ou de son quatrième roman, Gaspard, Melchior et Balthazar (1980), sur les Rois mages, où il montre le visage, nouveau, d’un mystique. Ainsi, encore de Gilles et Jeanne (1983), dans lequel il se penche sur les personnages de la Pucelle et de Gilles de Rais, son maréchal devenu ogre. En 1985, La Goutte d’or lui permet d’évoquer sa passion de la photographie à travers le parcours d’un jeune Berbère, qu’un cliché pris par une touriste a dépossédé de son image, et qui part à la recherche de cette femme, ce qui lui fera connaître le racisme en France.

Dans les années 1980 et 1990, Michel Tournier est devenu à ce point central dans la littérature française que François Mitterrand vient, à quatre reprises, lui rendre visite dans son abbaye au cours de ses deux mandats. Installé à Choisel mais peu porté sur le mythe de l’écrivain retiré dans sa tour d’ivoire, il s’exprime beaucoup dans les médias, français et étrangers, ne dédaignant pas faire assaut de propos provocateurs ou choquants. En 1989, ce célibataire enthousiaste déclare au journal Newsweek : « Les avorteurs sont les fils et les petits-fils des monstres d’Auschwitz. Je voudrais rétablir la peine de mort pour ces gens-là » – il justifie plus tard ces propos, qu’il ne renie pas, par un dégoût « viscéral » pour l’interruption volontaire de grossesse. En 1996, il affirme que la loi Gayssot, qui qualifie de délit la contestation de crime contre l’humanité, transforme « un fait historique en un article de foi dont la négation devient un blasphème » – sa phrase établissant un parallèle entre la Shoah et le dogme de l’Immaculée Conception.

Ses camarades de l’académie Goncourt le défendent toujours, et il est un pilier de la vie littéraire. Ses livres, nouvelles, romans, essais, sont publiés et traduits dans le monde entier, tandis que lui, fier d’être devenu un « auteur scolaire », passe une grande partie de son temps dans les écoles, à expliquer son œuvre et communiquer le plaisir de la lecture aux enfants. Même s’il écrit, lui, de moins en moins.

En 2009, il décide de quitter l’académie Goncourt, à cause de son âge, de la fatigue et de son manque d’appétit – nécessaire pour les agapes délibératives chez Drouant. Apparaissant éternellement coiffé, ces dernières années, d’un petit bonnet de laine, cet ancien amoureux des voyages (notamment en Afrique subsaharienne et au Canada) se dira jusqu’au bout satisfait de l’existence qu’il a menée. En 2002, l’amateur de « vrai roman » allergique à l’évocation de l’intime, avait fait paraître un Journal extime, dans lequel il écrivait : « Une idée pour le paradis : après ma mort, je suis placé devant un panorama où toute ma vie est étalée dans les moindres épisodes. Libre à moi de revenir sur celui-ci ou celui-là et de le revivre (…). C’est que je suis dévoré de nostalgie et de regret en me souvenant de scènes de ma vie auxquelles je n’ai pas accordé l’attention qu’elles méritaient. »

sábado, 16 de janeiro de 2016

L'ARABIE SAUDITE, UN DAECH QUI A RÉUSSI




«Le wahhabisme, radicalisme messianique né au XVIIIe siècle, a l'idée de restaurer un califat fantasmé autour d'un désert, un livre sacré et deux lieux saints, La Mecque et Médine. C'est un puritanisme né dans le massacre et le sang, qui se traduit aujourd'hui par un lien surréaliste à la femme, une interdiction pour les non-musulmans d'entrer dans le territoire sacré, une loi religieuse rigoriste, et puis aussi un rapport maladif à l'image et à la représentation, et donc à l'art, ainsi qu'au corps, à la nudité et à la liberté. L'Arabie Saudite est un Daech qui a réussi.»

Kamel Daoud in "The New York Times" (en français)

Transcrito do nº 563 de "Le Magazine Littéraire" (Janvier 2016)

O CORÃO NÃO FOI ESCRITO EM ÁRABE?




As notícias, por boas ou más razões, não param de nos surpreender. Agora, a revista "Amazigh 24" informa-nos que a versão original do Corão foi escrita em aramaico e não em árabe como é universalmente aceite.

Transcrevemos:

Christoph Luxenberg: la version originale du Coran n’a jamais été en arabe

Berlin (Amazigh 24)- Les panarabistes qui sacralisent la langue arabe et veulent arabiser la planète ont inventé une histoire à dormir debout: Allah est un arabe, il parle arabe et la langue officielle du paradis serait la langue arabe.

Cette invention saoudienne ne tient pas debout devant la science. Plusieurs archéologues et linguistes spécialistes des langues et dialectes du moyen orient confirment le contraire. En effet, le linguiste allemand Christoph Luxenberg  a démontré que le Coran, écrit par Zaid, le scripte du prophète Mohamed était écrit en grande partie en araméen, langue de jésus et c’est Othman Bnou Affan qui, 20 ans, après la mort du Prophète qui a arabisé le livre sacré des musulmans.

« La version originale trouvée dans les manuscrits de Uthman du Coran, appelée le rasm (i.e. l’orthographe canonique), ne contient aucun signe diacritique, ces points utilisés en arabe classique afin de désambigüer les consonnes et marquer les voyelles. Les points diacritiques ont commencé à apparaître en arabe au tournant du viiie siècle sur l’ordre de Al-Hajjaj ben Yousef, gouverneur de l’Irak (694-714). » confirme Christoph Luxenberg
 

Luxenberg remarque que le Coran présente souvent une langue très ambiguë et même parfois inexplicable. Il affirme que même des savants musulmans trouvent que certains passages sont difficiles à saisir et ont rédigé de nombreux commentaires dans le but d’expliquer ces passages difficiles. Néanmoins, le présupposé était de toujours maintenir l’idée que chaque passage difficile était à la fois vrai et plein de sens et qu’il pouvait être déchiffré avec les instruments traditionnels de la science islamique.
 

Luxenberg reproche au monde académique occidental travaillant sur le Coran, d’avoir une approche timide et servile du texte, trop souvent adossée à des travaux de musulmans plus exégètes qu’objectifs et de ce fait, souvent biaisée.

Luxenberg affirme que les savants devraient recommencer leurs études à nouveaux frais, en ignorant les vieux commentaires islamiques et en utilisant seulement des méthodes linguistiques et historiques récentes. Autrement dit, sa méthode consiste à expliquer les passages obscurs du Coran sans faire confiance aux commentateurs, grammairiens et lexicographes. Son argument est que Mahomet prêchait des concepts qui étaient nouveaux pour ses auditeurs arabes ; ces concepts, Mahomet les aurait lui-même trouvés au cours de conversations avec des juifs  et chrétiens du moyen orient. Ainsi, si un mot (ou une phrase) du Coran semble inintelligible en arabe, ou ne saurait avoir de sens qu’après des conjectures tirées par les cheveux, ce mot (ou cette phrase) pourrait faire sens – dit Luxenberg – en regardant du côté de l’araméen,  du syriaque, du kurde .. et d’amazigh .
Le commentaire islamique traditionnel se limite généralement à une lexicologie ; Luxenberg propose d’étendre cette recherche à d’autres langues, qui peuvent être consultées.


terça-feira, 12 de janeiro de 2016

NÃO HÁ GUERRA DE CIVILIZAÇÕES

 

Transcrevemos de "Libération" a entrevista ao filósofo e sociólogo Raphaël Liogier:

Raphaël Liogier : «Il n’y a pas de guerre des civilisations car il n’y a qu’une seule civilisation» 

 

Pour le philosophe et sociologue, le terrorisme actuel est l’illustration d’une globalisation de la terreur : les religions ne s’opposent pas entre elles mais ce sont différents courants, qui les traversent toutes, qui s’affrontent. Une thèse en contre-pied total de la lecture classique d’un «choc» entre Orient et Occident, entre islam et christianisme.

Le choc des civilisations ? La thèse fit fureur dans les années 90 quand le politiste américain Samuel Huntington publia son essai du même nom. Aujourd’hui, entre peur globalisée du terrorisme, vertige existentiel et histoire qui semble perdre sens, il est facile de recourir à cette analyse massive, quasi tripale. N’assiste-t-on pas à un affrontement entre Occident et Orient, entre islam et christianisme ? Philosophe et sociologue du fait religieux mais aussi du jihadisme, Raphaël Liogier prend le contre-pied total de cette approche civilisationnelle. La guerre des civilisations n’aura pas lieu, affirme-t-il dans son dernier essai qui paraît aux éditions du CNRS. Raphaël Liogier estime même que «le religieux est de moins en moins un facteur d’oppositions de valeurs». Le marché de la terreur est-il mondialisé ?

 

Pourquoi ne croyez-vous pas à la thèse du choc des civilisations ?
Parce qu’il n’y a pas plusieurs mais une seule civilisation. Depuis plusieurs siècles, nous assistons au déploiement d’une civilisation globale, avec évidemment ses tensions, ses disparités, ses conflits et ces formes de violence radicale inédites. Il peut donc y avoir des guerres hautement destructrices, mais ce ne sont pas des guerres de civilisations. Le terrorisme actuel illustre cette civilisation globale avec ses méthodes transfrontières qui jouent de frustrations nées de la globalisation sur un marché mondial de la terreur.

Dans cette civilisation globale, notre désir de vivre ensemble est de moins en moins enraciné dans un territoire unique mais voyage dans des espaces déterritorialisés. C’est ainsi que ma fille peut se sentir plus proche d’une Mexicaine ou d’une Japonaise rencontrée sur Internet, immergée comme elle dans la culture manga, que de notre voisine de palier. Les mangas constituent un espace de désir déterritorialisé. Ces espaces profitent de l’infinité d’Internet. Aucun des conflits actuels ne peut être analysé comme une guerre de civilisations mais comme des conflits hybrides mêlant des Etats, des organisations terroristes, mafieuses, des réseaux économiques, des postures identitaires globalisées. L’idée d’une civilisation assiégée est plutôt caractéristique d’une Europe devenue fondamentaliste, c’est-à-dire en quête de son origine et de son hégémonie perdue.
Dans quelles circonstances est né le concept de «choc des civilisations» ?
L’expression a été lancée par l’orientaliste Bernard Lewis en 1957 à propos de la crise du canal de Suez. Tout commence lorsque Nasser le nationalise pour affirmer l’indépendance de l’Egypte. Les Européens occupent alors le canal, mais ils devront l’abandonner sous la pression internationale, ils réalisent alors qu’ils ne dominent plus le monde. Ce traumatisme va leur faire interpréter cet événement comme un complot arabo-musulman : l’Europe serait attaquée dans son être. Elève de Lewis, Samuel Huntington en fera plus tard, avec son livre le Choc des civilisations paru en 1996, une théorie prônant le développement séparé des civilisations à l’échelle internationale, afin d’éviter tout choc. Cette vision découle d’un courant de l’anthropologie, le diffusionisme, selon lequel toutes les cultures humaines ne passent pas par les mêmes stades d’évolution et ne sont donc pas assimilables.
Vous remettez aussi en cause la thèse selon laquelle nous assisterions à une guerre des religions ?
Voilà le cœur du préjugé. Les vraies oppositions ne sont pas entre les religions, mais souvent internes au sein d’une même religion. La violence actuelle entre chiites et sunnites l’illustre bien. La logique du choc des civilisations affirme pourtant l’existence d’oppositions de valeurs fondées sur des antagonismes religieux multiséculaires.
Il existe en fait aujourd’hui trois polarités religieuses majeures qui traversent toutes les religions : ce sont le spiritualisme, le charismatisme et le fondamentalisme. Ces tendances peuvent s’opposer mais elles sont partagées par toutes les religions. A base de développement personnel, de bien-être, le spiritualisme est la religiosité phare des sociétés les plus riches dites post-industrielles. Elle est dominante dans le bouddhisme occidental, mais on la retrouve aussi en islam avec le néosoufisme. Le charismatisme promet, lui, la réussite matérielle dans l’effervescence collective, qui touche surtout les plus pauvres, que l’on trouve dans le christianisme avec le pentecôtisme, mais aussi dans le bouddhisme avec la Soka Gakkaï. Enfin, le fondamentalisme touche ceux qui sont en déficit de reconnaissance de soi, qui rejettent le présent et s’accrochent à un passé idéal. Ce sont eux les partisans de la «guerre de civilisations», qu’ils soient chrétiens ou musulmans fondamentalistes. Ils se détestent symétriquement, projetant mutuellement les mêmes fantasmes avec la même quête éperdue de l’origine. Si on a le sentiment qu’il y a parfois des oppositions entre religions, c’est parce que le fondamentalisme peut prendre une grande place dans certaines d’entre elles. C’est le cas de l’islam : le monde arabe a été le premier à être écrasé par le rouleau compresseur de l’occidentalisation, et donc à cultiver une rancœur anti-occidentale mêlée à la quête éperdue de l’origine alimentant plus qu’ailleurs le fondamentalisme.
Le déploiement d’une civilisation globale dans un espace géographique décloisonné entraîne aussi une nouvelle définition de l’autre…
La perméabilité des frontières a fait disparaître la figure de l’autre radical, l’étranger, le barbare, qui se situait jadis au-delà de notre horizon existentiel, séparé de notre espace de vie. Avec la globalisation, nous ne pouvons plus maintenir l’autre à distance. Il n’y a plus d’étranger radical. Aucun autre n’est complètement autre. Comment alors les identités peuvent-elles se définir ? Selon les théories différentialistes, porteuses du choc des civilisations, l’autre est toujours autre, qu’il soit admiré ou détesté. Il doit rester à distance. C’est un peu comme un zoologue fasciné par les gorilles qui n’imaginerait pas que sa fille puisse en épouser un. C’est ce qui préside à l’orientalisme comme au racisme. Le différentialiste redoute le mélange.
Au contraire, selon le relativisme, les cultures ne sont que des variations autour du même genre humain. Relativisme renvoie à relation, et donc à un noyau commun à partir duquel peuvent s’établir des relations. Le relativiste respecte l’autonomie des cultures, et il relativise la sienne propre, comme le faisait déjà Montaigne, il ne s’offusque pas des mélanges. Le relativisme n’est pas de la tolérance intégrale contrairement à ce que l’on croit. Autant un différentialiste peut tolérer l’excision ou la torture chez l’autre parce qu’elles lui sont parfaitement étrangères, autant un relativiste ne peut les tolérer parce qu’elles portent atteinte à l’intégrité humaine. Le différentialisme nourrit les idéologies ségrégationnistes, alors que le relativisme permet de critiquer la tendance hégémonique des cultures.
Mais cet autre globalisé suscite et nourrit de nombreuses frustrations et conflits ?
Dans des conditions de fragilité identitaire, comme en Europe aujourd’hui, l’autre qui vit parmi nous peut être rejeté parce qu’il «nous» agresse par sa présence. La «légitime défense» est invoquée pour justifier la stigmatisation de cet ennemi. C’est ce nouveau différentialisme guerrier qui est très présent dans les discours actuels pour fonder la réduction des libertés publiques ou la déchéance de la nationalité, mesures sans rapport avec la sécurité concrète. Qui pourrait croire qu’un jihadiste prêt à se faire sauter pourrait être dissuadé par la perspective de perdre sa nationalité ? Au contraire, ces discours belliqueux alimentent les délires des nouveaux terroristes qui sont le plus souvent des jeunes caïds ratés et frustrés, sans culture théologique, mais assoiffés de guerre.
Comment les nouvelles formes de terrorisme prospèrent-elles dans un cet univers mondialisé?
Outre les flux humains et de marchandises, la globalisation se caractérise par des échanges d’informations, de loin les plus intenses. C’est à travers eux que circulent les désirs et les frustrations. Une bombe qui explose à Gaza retentit aussi pour un Français d’origine maghrébine de la banlieue de Lyon : il se sent «quelque part» palestinien, et il va peut-être voir son voisin juif comme un ennemi sioniste (et inversement). C’est ce que j’appelle le grand bain informationnel : les événements provoquent des remous immédiats d’un bout à l’autre du monde. Il y a aussi des effets de vitrine globale : via Facebook, ou Youtube, un habitant du Sahel peut voir comme s’il y était le mode de vie d’un New-Yorkais, mais il n’y est pas, il y a une vitre infranchissable. Loin des théologies, c’est dans ce vivier de frustration et de colère que puisent les organisations terroristes. C’est un marché global de la terreur.
L’Etat islamique en tire largement profit…
A la différence d’Al-Qaeda marqué par une démarche idéologique, l’Etat islamique (EI) est dans une logique de marché, avec un marketing à base de mises en scène d’exécutions parfaitement orchestrées, permettant de promouvoir un label de la terreur. N’importe quel groupe ou individu qui cherche à se rebeller, à se venger, peut se revendiquer de l’EI en adhérent à sa charte esthétique, à ses slogans. Il bénéficiera alors d’une publicité immédiate tout en démultipliant la présence de l’EI.
Vous appelez de vos vœux une gouvernance mondiale. Pourquoi ?
Les espaces de désirs déterritorialisés sont mondiaux. Les réseaux terroristes et mafieux sont mondiaux. L’économie est mondiale. Quand les grands problèmes sont mondiaux, on ne peut pas à long terme se passer d’une gouvernance mondiale. Comment faire ? Un parlement mondial serait un premier pas. Il ne serait pas, comme l’Assemblée générale des Nations unies, le reflet des exécutifs nationaux. Il faut réaliser que l’Etat-nation n’est qu’une forme politique parmi d’autre adaptée à un certain périmètre de gestion. On peut très bien protéger les identités locales, les langues, dans le cadre d’une gouvernance mondiale. On peut tout imaginer, plusieurs étages décisionnels, des domaines globaux comme l’écologie, d’autres domaines gérés régionalement, des ministères régionaux, des conseils des ministres mondiaux, continentaux et régionaux, qui pourraient se coordonner et cibler des problèmes spécifiques. Il y aurait des allers-retours entre le local et le global. Nous en sommes loin, mais il va bien falloir y penser si nous voulons survivre.