terça-feira, 9 de julho de 2013
CHORAR OS MORTOS
Segundo o PÚBLICO, o Papa Francisco foi a Lampedusa "chorar os mortos" dos naufrágios de embarcações que transportam imigrantes do Médio Oriente e Norte de África - os mortos que ninguém chora.
Esta atitude do Papa - é a primeira vez que um pontífice romano visita a ilha de Lampedusa - reveste-se, na minha opinião, do maior significado, não só pelo acto em si (Lampedusa, a sul da Sicília, é o primeiro porto europeu para onde se dirigem clandestinamente, desde há décadas mas especialmente depois das "primaveras árabes", milhares de tunisinos e líbios e outros africanos) mas pelo associação que me é permitido fazer entre o nome da ilha e o célebre príncipe de Lampedusa, autor do romance Il Gattopardo (O Leopardo), que Luchino Visconti adaptou ao cinema numa realização magistral.
O Papa pediu um "despertar das consciências" para combater a "globalização da indiferença" e lamentou que ninguém chore todos os que, ao longo dos anos, têm morrido no mar no naufrágio das frágeis embarcações em que se transportam.
Esta expressão do Papa - "chorar os mortos" - recordou-me o apelo, há meio século, de um político português, que formulou o mesmo pedido, para o caso de os vivos não merecerem esses mesmos mortos.
Parece que, novamente, agora os europeus, não merecem os mortos africanos que demandam, ainda hoje, o Velho Continente, já semi-apodrecido, na miragem de obterem uma vida melhor.
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2 comentários:
Pois...
A Europa estará "semi-apodrecida" (eu não acho nada...,) mas os magrebinos e outros continuam a querer vir para cá aos milhares e a qualquer custo.
Devem ser, por certo, grandes especialistas em práticas sado-masoquistas...
Lembro-me perfeitamente do político português que há meio século utlizou duas vezes a expressão "chorar os mortos".
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