quinta-feira, 14 de julho de 2011

DEAMBULAÇÕES NA EX-JUGOSLÁVIA

Dubrovnik - Igreja de São Brás, padroeiro da cidade

Desfeita a Jugoslávia, após a última guerra nos Balcãs, subsistem as seis repúblicas que constituíram outrora aquela federação. Todas muito diferentes, na paisagem, nos costumes, na língua, na religião, procuram agora esbater as rivalidades e os ódios criados por uma guerra em parte fomentada do exterior e que provocou milhares de vítimas. Ainda hoje se choram os mortos e não há a certeza que os vivos os mereçam.

Dois breves apontamentos.

Um sobre Dubrovnik, na Croácia, mais propriamente na região da Dalmácia, que não tem muito a ver com a verdadeira Croácia (setentrional). Foi a cidade, durante séculos, capital da República de Ragusa, mais tarde República de Dubrovnik, que haveria de ser extinta por Napoleão e a seguir, no pós-Congresso de Viena,  integrada no Império Áustro-Húngaro. Uma cidade miniatura (refiro-me à cidade antiga dentro das muralhas) que se assemelha a uma Veneza sem canais. Aliás, Dubrovnik foi, durante séculos, concorrente, aliada ou rival da Sereníssima República. Parcialmente destruída ao longo do tempo por terramotos e incêndios, bombardeada e cercada em 1991, em plena guerra balcânica, encontra-se hoje recuperada, pujante e hospitaleira para os muitos milhares de turistas que anualmente a visitam. George Bernard Shaw escreveu: «Those who seek paradise on Earth should come to Dubrovnik» e chamou-lhe a "pérola do Adriático".

Dubrovnik - Palácio Sponza

A costa da Dalmácia é, de facto, uma das mais belas de toda a Europa. Não foi por acaso que o imperador Diocleciano mandou construir um palácio em Split, para onde se retirou em 305, e onde viveu até à sua morte em 311. E que o marechal Tito, presidente da Jugoslávia, edificou a sua residência de Verão na ilha de Brioni, na costa da Ístria, um pouco a norte da Dalmácia.

Mostar - Ponte Velha (Rapaz prestes a mergulhar no rio Neretva)

Um outro apontamento, agora sobre Mostar, capital da Herzegovina, na República da Bósnia-Herzegovina. A Ponte Velha (Stari Most), que data de 1566, foi totalmente destruída em 1993, aquando do conflito que opôs sucessivamente sérvios, croatas e muçulmanos (bósnios) no território de uma Jugoslávia em fragmentação. Património mundial da UNESCO, foi a ponte reconstruída através da recuperação das pedras originais, tombadas no rio Neretva. 

Mostar constituía um exemplo da convivência pacífica de várias etnias e de religiões diversas. Ali coabitaram, durante séculos, católicos, ortodoxos, muçulmanos, judeus. A estúpida guerra da década de 90 criou um fosso entre as comunidades, que agora, pouco a pouco, se vai esbatendo. 

A quem aproveitou a desintegração da antiga Jugoslávia? Uma pergunta que hoje muita gente faz, quando também se interroga a quem terá aproveitado a invasão do Iraque, já no princípio deste século. E a quem aproveitarão as outras invasões por vir ou já em curso?

1 comentário:

Anónimo disse...

Foram os americanos, os alemães e o Vaticano quem promoveu a desagregação da Jugoslávia. Cada qual com os seus interesses. O Vaticano por causa da divisão católicos/ortodoxos, a fim de favorecer a catolicíssima Croácia. Os americanos para obterem a secessão do Kosovo e aí construírem bases militares, os alemães devido à antiga ligação entre os nazis e os fascistas croatas. Tudo tão simples.