segunda-feira, 20 de setembro de 2010

NOVA GUERRA NO LÍBANO

 


O jornalista e investigador inglês Robert Fisk, correspondente de vários jornais britânicos e um dos melhores especialistas do Médio Oriente, afirmou em entrevista transmitida ontem pela RDP 1 que prevê uma nova guerra no Líbano no próximo ano.  Autor de várias obras sobre os teatros de guerra que tem acompanhado, Robert Fisk é nomeadamente autor de The Great War for Civilisation - The Conquest of the Middle East, um volume de 1368 páginas onde expõe o seu pensamento sobre o conflito que ameaça eternizar-se naquela região do mundo. Instalado em Beirute há trinta anos, Fisk é um observador privilegiado da cena internacional e um analista lúcido da política infeliz prosseguida pelas grandes potências numa zona do globo que se tem caracterizado por uma instabilidade permanente.

Argumenta Fisk que a evolução da situação política no Líbano é propícia ao desencadear de uma nova guerra. Tendo a Síria recuperado a sua influência no país (o próprio primeiro-ministro libanês Saad Hariri, filho do ex-primeiro-ministro Rafiq Hariri, assassinado em 2005, já veio ilibar a Síria de responsabilidades no acto), vê-se o Hizbullah na contingência de articular a sua actividade não só com Teherão mas também com Damasco, o que lhe reduzirá necessariamente o protagonismo de que tem gozado no país do Cedro. Esta situação, segundo Fisk, poderá levá-lo a tentar uma incursão no norte de Israel, em resposta às sistemáticas violências da fronteira do sul do Líbano por militares israelitas.

Todos nos recordamos como o Partido de Deus (o Hizbullah) fez frente às tropas de Israel em 2006 e do prestígio então obtido pelo seu secretário-geral, o cheikh Hassan Nasrallah. O protelamento de uma solução para o conflito israelo-palestiniano, que constitui o cenário mais provável apesar das negociações em curso, contribuirá certamente para aumentar a instabilidade na região, e provocar mesmo uma confrontação militar regional, o que viria a corroborar a convicção expressa por Robert Fisk. É claro que uma actuação menos prudente dos actores do teatro de guerra poderia, ou poderá, extravasar da ideia do conflito regional previsto por Fisk para um conflito global. A ver vamos.

Não perfilhando todas as análises de Robert Fisk, temos de concordar que, através de uma  experiência pessoal única,  a sua contribuição para o estudo dos acontecimentos que têm modelado o Médio Oriente constitui um contributo de inestimável valor.

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