terça-feira, 19 de outubro de 2021

TRICKS

No último capítulo do livro Soi-même comme un roi, de Élisabeth Roudinesco, que acabei de ler há dias, é feita uma referência especial ao problema da substituição da população europeia por populações migrantes, o "grand remplacement", teorizado formalmente pela primeira vez por Renaud Camus (n. 1946), mas que dera já origem a uma obra como La France Juive (1886), de Édouard Drumont, grossa de 1200 páginas em dois volumes, então especialmente virada para a influência judaica. Também, em 1973, Jean Raspail publicou Le camp des saints, que na altura passou quase despercebido mas que trinta anos mais tarde viria a obter um sucesso monumental junto de todos os identitários nacionalistas e seria traduzido em numerosas línguas.  Livro sucessivamente reeditado, na reedição de 2011 Raspail redigiu um prefácio intitulado "Big Other", em homenagem (equívoca) ao romance de George Orwell. Finalmente, em 2011, Renaud Camus publica Le Grand remplacement, onde desenvolve a sua tese da substituição dos franceses de souche por muçulmanos árabes e negros, que passaram a ocupar, no seu imaginário, os anteriormente vituperados judeus. Esta obsessão com a preservação dos franceses de cepa, ameaçados pelos imigrantes, seria ainda o tema do famoso romance Soumission (2015), de Michel Houellbecq, a que fizemos oportunamente referência neste blogue. Sobre os livros de Drumont, Raspail e Renaud Camus iremos debruçar-nos em próximos posts.

Como escrevi acima, a referência de Roudinesco a Renaud Camus suscitou-me o desejo de ler Tricks, o primeiro livro deste escritor a obter considerável sucesso, o qual repousava há anos na minha biblioteca, e cujo tema nada tem a ver com as preocupações identitárias. Publicou Renaud Camus Tricks em 1979, e o livro foi objecto de diversas edições e reedições (também em línguas estrangeiras). A minha edição (a 3ª), considerada a definitiva, contou com um prefácio de Roland Barthes, de quem o autor foi amigo. "Tricks", que se poderá traduzir aqui genericamente por "engates", descreve 46 relações homossexuais do autor com parceiros diversos, em apartamentos, em discotecas especializadas, em saunas, em sanitários públicos, na praia, em variados locais, inclusive nos jardins de Notre-Dame.

No prefácio, cumplicidade oblige, Roland Barthes tenta atribuir um especial valor literário à descrição destes "tricks", conferindo-lhes quase um estatuto de experiência mística mais do que simples actividade sexual, mas é evidente que nem a boa vontade do Mestre consegue iludir o facto de que se trata de vulgares engates. Conta o livro os encontros de Renaud Camus nos primeiros meses de 1978,  com rapazes e homens com quem manteve as mais diversas relações sexuais, descritos com abundância de pormenores, incluindo o físico dos parceiros, curiosamente todos (excepto um) com bigode (era a moda na época, imitando o vocalista Freddie Mercury, dos Queen) e razoavelmente peludos. Diga-se em abono da verdade que Renaud Camus, que publicou posteriormente uma vasta e variadíssima obra, ainda navegava nas águas da sua militância homossexual e estava longe da actividade política com que está a coroar a sua carreira de escritor.  Tendo convivido com os mais distintos intelectuais do seu tempo, como Barthes, Aragon, Matzneff, Marguerite Duras ou Robbe-Grillet, Renaud Camus, considerado um homem de esquerda, foi membro do Partido Socialista francês e convicto apoiante da candidatura presidencial de François Mitterrand em 1981. Confesso admirador do escritor francês Tony Duvert (caído em desgraça por se dedicar a jovens demasiado jovens), assinou algumas das suas obras usando ora o prenome Tony ora o apelido Duvert em homenagem ao falecido plumitivo, ostracizado pela ditadura dos costumes que vigora hoje no Ocidente.

Também é verdade que a descrição que Camus faz dos seus engates, apesar da minúcia, nunca é pornográfica, contém pelo meio pormenores interessantes e talvez seja mais autêntica e literariamente mais conseguida da que é feita por Arthur Dreyfus no seu recente livro Journal sexuel d'un garçon d'aujourd'hui (2021), que não comprei nem li, e que relata, em 1300 páginas, as suas centenas de engates homossexuais estabelecidos através da internet. Presumo que, neste caso,  se trata de uma actividade bastante impessoal, mas segundo a doxa que nos é imposta os contactos humanos devem ser progressivamente substituídos por contactos digitais, mesmo no que ao sexo diz respeito. Não me espantaria se, num futuro próximo, a consumação carnal dos engates sexuais via computador ou telemóvel viesse a realizar-se também online, como, aliás, já se regista, alternativamente, em algumas situações particulares.

Também Camus provocou uma certa polémica em França ao manifestar-se contra a exagerada proporção de judeus em certas emissões televisivas [o que até era verdade, mas não se pode dizer], no caso concreto a propósito de uma emissão de France Culture. Vários intelectuais acusaram-no de anti-semitismo mas Camus recebeu também a solidariedade de muitos dos seus pares, que defenderam o seu direito à liberdade de expressão.

Causa alguma admiração esta viragem ideológica e política de Renaud Camus. Tendo sido um fervoroso defensor dos direitos dos homossexuais, e continuando a ser ele mesmo um homossexual assumido, a sua hostilidade em relação aos árabes e aos negros, geralmente considerados excelentes parceiros sexuais (segundo afirmam os conhecedores), revela-se surpreendente. Poderia atribuir-se essa antipatia a algumas experiências mal sucedidas, mas isso não basta para atacar aquelas comunidades, ainda que se possa admitir que o número de representantes de certas etnias em solo francês esteja a provocar um desequilíbrio na manutenção das tradições e costumes ancestrais dos gauleses. Mas é também uma verdade que, desde há mais de um século, os governos da República Francesa não souberam lidar com as sucessivas camadas de população migrante, descurando a sua integração no solo nacional.

Voltaremos brevemente a Renaud Camus.

Nota 1: Um dos jovens com quem Camus manteve comércio carnal era português, de nome Zé, natural de Coimbra mas vivendo desde pequeno no Brasil.

Nota 2: Considerando que o livro tem cerca de 500 páginas, confesso que a partir sensivelmente de metade passei a lê-lo obliquamente e com alguma rapidez. Não há paciência (nem tempo) para tomar conhecimento destas aventuras quase diárias de Camus que, embora variando na forma de actuação, no tipo dos protagonistas, na variedade dos locais, na abundância dos pormenores e até nalguns aspectos reconhecidamente interessantes, pela sua repetição se tornam fastidiosas.

Nota 3 - Importa ainda salientar que ao longo do livro perpassam bastantes referências culturais, o que se traduz, naturalmente, num valor acrescentado.

 

terça-feira, 5 de outubro de 2021

QUEER MAROC

Não sou propriamente um entusiasta da teoria queer, nem me identifico geralmente com as ideias hoje em voga das distinções entre género e sexo, da construção das identidades e da parafernália LGBTQIA+. Estas "modas", oriundas dos Estados Unidos (tinham de ser) e que passaram depois à Europa, tiveram em Judith Butler (n. 1956) um dos seus principais, e controversos, arautos, embora posteriormente esta tenha reconsiderado algumas das suas teses. Sobre a matéria, e para um conveniente esclarecimento, deve ler-se o recente livro da psicanalista e socióloga Élisabeth Roudinesco, Soi-même comme un roi-Essai sur les dérives identitaires (2021), que acerca de sexo, raça e colonialismo nos informa como evoluíram todos os conceitos ditos identitários, as suas virtudes e os seus infortúnios.

A minha referência ao presente livro, Queer Maroc, de Jean Ziganiaris (2013), que adquiri aquando da sua publicação, deve-se ao facto de um dos sub-capítulos ser especialmente dedicado ao célebre, e praticamente desconhecido, romance do escritor marroquino Mohamed Leftah, Le dernier combat du Captain Ni'mat (2011), que recebeu o Prémio de La Mamounia, e que é um dos mais notáveis testemunhos da homossexualidade no Egipto dos nossos dias. Sobre esta obra, de uma autenticidade e actualidade esmagadoras, escrevi aqui em 2014: http://domedioorienteeafins.blogspot.com/2014/07/o-encanto-singular-dos-nubios.html. 

Foi exactamente por esse motivo que regressei agora a Queer Maroc, que não li completamente. Deve dizer-se, contudo, que este livro está particularmente bem escrito, e presta grande serviço aos interessados, especialmente quando esclarece os leitores menos atentos quanto a uma atitude estabelecida na sociedade marroquina, e no mundo árabe em geral: existe no islão uma dicotomia sexo/religião, que muitas vezes, mesmo muitas vezes, leva a separar na prática a actividade sexual dos preceitos corânicos, já que, como diz a Bíblia, "o espírito está pronto mas a carne é fraca".

Ziganiaris revisita os escritores marroquinos que escreveram sobre a temática da homossexualidade, nomeadamente Rajae Benchemsi, Tahar ben Jelloun, Driss Chraïbi, Abdelkébir Khatibi, Mohamed Leftah, Rachid O, Abdelhak Serhane, Abdellah Taïa.

Não é meu propósito discorrer aqui, e agora, sobre este livro, mas não devo eximir-me à enunciação dos seus capítulos:

1ère partie - "Et l'espace littéraire marocain créa la femme"

I - Les figures de la mère: esclave du traditionalisme ou réinventrice de la tradition?                      

II - La place de la femme dans l'histoire du Maroc: Harems, princesses et prostitution coloniale  

III - Femmes, fantasmes, sexualité: regards sur les figures de l'amant

2ème partie - "On ne nait pas homme, on le devient"

I - Émancipation familiale,  émancipation sexuelle

II - L'amant: entre libéralisation de la sexualité et reproduction de la domination masculine

3ème partie - Par-delà l'assignation de genre: corps transidentitaires et présence du queer dans la littérature marocaine

I - Trouble dans le genre 

II - La beauté des corps transidentitaires 

 

Os interessados nestas matérias encontrarão neste livro, e não só relativamente ao Marrocos, uma explanação detalhada sobre a criação e a evolução do conceito queer e da sua divulgação particularmente no mundo ocidental.

Por seu lado, o livro de Élisabeth Roudinesnco é uma incursão de penetrante lucidez nestes domínios, abordando as questões com um irrecusável bom senso, sem ideias pré-concebidas, não hesitando criticar o que é manifestamente errado (ou oportunista) mas admitindo os avanços registados em muitas das matérias abordadas.


     

sexta-feira, 1 de outubro de 2021

A MORTE DE D. JOÃO II

Folheei hoje O Obito de D. João II (sic), de Ricardo Jorge, obra publicada em 1922. A morte do monarca em Alvor (1495) tem suscitado muitas interrogações, e várias têm sido as suspeitas de que a mesma fosse devida a envenenamento.

Começa o autor, famoso médico, investigador e professor, por fazer desfilar perante nós uma série de envenenamentos de figuras históricas, supostamente autênticos, recorrendo contudo ao dito de espírito de Alfred  de Vigny: "duas coisas se contestam o mais das vezes aos reis, a nascença e a morte, negando-se-lhes que uma seja legítima e a outra natural".

[Entretanto, descobri um erro. Ricardo Jorge escreve que em 1643 Luís XII teria morrido envenenado, mas quem morreu em 1643 foi Luís XIII.]

A morte do príncipe D. Afonso (1475-1491), na ribeira de Santarém, privara D. João II do seu filho e herdeiro, levando-o a diligenciar passar a herança régia para o bastardo D. Jorge de Lancastre (1481-1550), duque de Coimbra, filho de Ana de Mendoça. A esta tentativa se opôs denodadamente a rainha D. Leonor, que até recebera o bastardo na Corte e o educara juntamente com o filho. Mas a sucessão do trono pelo bastardo, não.

Muita gente quis mais tarde imputar a D. Leonor (a benemérita rainha) a responsabilidade da morte do marido. Até Camilo, atribuindo-a concretamente ao mestre judeu João do Porto, médico da rainha. Nestas histórias de soberanos estranhamente mortos aparecem sempre figuras de médicos, cuja intervenção Ricardo Jorge veementemente contesta, quanto à maioria dos casos, embora não deixe de lembrar os inúmeros assassinatos que foram imputados à vontade de Filipe II. Mas no caso em apreço não se verificou, de facto, um conjugicídio.  

Importa não esquecer neste momento que, prosseguindo uma política de centralização real, D. João II conseguiu que fosse ordenada a decapitação do duque de Bragança e ele mesmo apunhalou no Paço seu primo e cunhado, o duque de Viseu, irmão da rainha. Além de outros crimes que perpetrou.

Todavia, na hora extrema, D. João II arrependeu-se dos seus actos e pediu perdão por escrito à rainha, à sogra e ao cardeal de Alpedrinha (um dos mais altos dignitários católicos do tempo). E confirmou a sucessão na pessoa de seu outro primo direito e cunhado (também irmão da rainha), D. Manuel, duque de Beja, o futuro D. Manuel I.

Os textos de Rui de Pina e de Garcia de Resende constituem as únicas peças do processo relativo à morte de D. João II. Desde muito tempo antes do seu passamento que o rei sofria de males, atribuídos ao facto de ter bebido água peçonhenta na herdade da Fonte Coberta, próxima de Évora. 

«Assim enfermiço, no mez de julho de 95 nas Alcaçovas a doença do rei toma um "grande crescimento para mal, que se gastava e sumia e enfraquecia muito..." Dahi a tres mezes, a 25 de outubro "sahio-lhe a alma da carne", suum diem obiit.» (p. 61)

O envenenamento pela água das fontes obsessionou as gentes medievais até ao paroxismo da violência sanguinária. «No seculo XV na Aquitania os miseros gafos foram acusados de andar a empeçonhar as aguas, por instigação de judeus; duns e doutros se fez chacina pela forca e pelo queimadeiro.» (p. 62)

Como nota Ricardo Jorge, a ingestão de água peçonhenta em 1491 não justificaria as crises sucessivas em 1492, 1493 e 1495. Se envenenamento houvera, de que veneno se valeriam para o atentado? O grande tóxico ao tempo, e mesmo depois, era o arsénico, existente nos produtos para matar ratos. Distante a Antiguidade, em que predominavam os venenos vegetais, reinavam então os venenos minerais, à frente dos quais o rosalgar, conhecido raticida.

«Arsenicum vagum nomen est, diz magistralmente o Amato [Lusitano], porque tres arsenicos se apuram no drogário temporaneo: - o vermelho (arsen. rubeum), a sandaraca dos gregos, o bisulfureto de arsenico dos quimicos; - o amarelo (auripigmentum), oiropimento, o trisulfureto de arsenico; - o branco (arsen. album aut sublimatum), o acido arsenioso. A separação entre o acido arsenioso e os sulfuretos datava do Avicena. O termo de rosalgar (risalgalum) aplica-se mais propriamente à primeira especie, mas também é usado para a terceira, e até como apelativo comum de todos tres. Na linguagem popular portuguesa, rosalgar é o vocabulo corrente. O mais baixo e trivial nas boticas era o vermelho, o primeiro rosalgar; o oiro pimento vinha em melhor estima; apreciava-se, como a qualidade mais fina, o branco, raro e caro, provindo do oriente.» (p. 68)

«Naqueles tempos de venenismo e sortilegios, os arcanos dos envenenadores desentranhavam-se nos mais diabolicos efeitos. Matava-se a praso, deixando ao paciente meses ou anos de vida; era o venenum attemperatum, o lento, especie de contracto de passagem para o outro mundo em dia prefixado. Havia o modo fulminante, em que a droga ingerida, ou apenas respirada ou tocada, abatia de chofre a vitima. Tudo servia de vehiculo, tudo se podia impregnar de veneno mortal - as botas, os estribos, as joias, os lenços, as luvas, o sobrescrito duma carta, a chama de uma tocha, etc.» (p. 70)

«O arsenico não podia deixar de trazer-se ad rem, ao pensar-se na morte de D. João II por envenenamento. A incorrução do corpo do monarca veiu dar força á indiciação do rosalgar. Foi a primeira ideia do Camilo e o objecto da consulta feita ao dr. Carlos Lopes, que, em face dos praxistas, mostrou a invalidade do facto para a justificação da tese proposta. O dr. Silva Freitas forrageou tambem o testemunho dos mestres consagrados, extraindo identicas inferencias. A inteireza dos cadaveres é coisa relativamente frequente e devida ás causas mais banaes; por outro lado os corpos de homens ou de animais mortos pelo arsenico, se por vezes resistem á putrefacção, noutras deixam-se apodrentar e consumir como se nada fôra.» (pp. 71-2)

«É para reparar que nenhum se preocupasse com a veracidade da propinação pela agua da Fonte Coberta. O rosalgar deitado na agua sobrenada; ao beber, vê-se e sente-se. [...] Já o patriarca toxicologo, o rabino Maimonides, dizia que da agua bem pura nada ha que temer, a fraude não pode com ela.» (p. 72)

«E assim se engendra com paciencia e geito uma especie de puzzle nosografico, sem valor demonstrativo real. Nem vale a pena esmerilhá-lo. Antº de Lencastre desfaz alguns destes forçados ajustes clinicos, e entre eles a possibilidade do incomodo sofrido na Fonte Coberta ser imputavel ao arsenico. D. João refez-se depressa, e o rosalgar, quando intoxica, não dá licença a uma reposição tão pronta do pé para a mão; a ausencia de paralisias perifericas afasta tambem o arsenismo.» (pp. 73-4)

Segundo Ricardo Jorge, a nefrite crónica foi a causa real da morte de D. João II, considerando  que este diagnóstico não deixa dúvidas nem dá margem a objecções. E cita António de Lencastre: «"D. João II morreu de uremia, motivada por nefrite cronica, que não podia ser originada pelo envenenamento mesmo cronico de arsenico". Vai no andamento da doença, assiste ás suas crises evolutivas, finca o dedo nos inchaços fugazes, que "no verão de 94 assentam em mortal idropesia" como diz o cronista. A scena do desenlace em Alvor assume a nitidez dum "boletim medico", calcado sobre o depoimento do cronista. "É um quadro admiravel de uremia mista. A forma gastro-intestinal com vomitos, diarreia e soluços, alternando com a comatosa, não faltando as convulsões..." [...] O rei desesperava-se contra os acessos de modorra, dizendo nos intervalos - "Acordem-me, que não quero morrer como besta". E como esta sonação viera da supressão do fluxo, restabeleceram-no para aliviar os sentidos do enfermo. Unica coisa que fizeram com juizo. Tudo o mais foi uma serie pegada de asneiras - ida para banhos, caçada aos porcos e outras, todas autorizadas pela idiotia dos medicos cubicularios. Se algum medico ajudou a dar cabo de el-rei, foram este mata-sanos. Salvou-se das responsabilidades de tanto disparate o mestre Leão que se recusou a subscrever o ditame dos colegas e a acompanhar o regio amo até á estancia nefasta do Algarve.» (pp. 77-8-9)

Num texto gongórico mas breve, e certeiro, assim nos descrevia, há um século, o eminente higienista Ricardo Jorge, a causa da morte do Príncipe Perfeito, a partir de um capítulo do livro A Rainha D. Leonor, do Conde de Sabugosa, baseado no testemunho do dr. D. António de Lencastre.