Recebi na semana passada mais um DVD de Norma, de Bellini, uma das mais notáveis óperas do repertório do bel canto.
Trata-se da gravação do espectáculo apresentado no Gran Teatre del Liceu, de Barcelona, em Fevereiro de 2015, com a orquestra da casa, dirigida por Renato Palumbo. Interpreta a protagonista a soprano americana, de origem checa, Sondra Radvanovsky, de quem possuo outros desempenhos operáticos em DVD, incluindo uma outra Norma, de 2017, apresentada no Met, com direcção musical de Carlo Rizzi e encenação de David McVicar.
Como é conhecido, a acção decorre numa Gália um pouco fantasiada, à sombra de Irminsul, o carvalho sagrado, que encarnava a ligação entre o céu e a terra. A ópera, com libretto de Felice Romani (a partir do poema Norma, ou L'infanticide, do francês Alexandre Soumet) foi estreada no Scala, de Milão, em 26 de Dezembro de 1831.
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Gravação de 1954 |
A prestação vocal é de elevado nível (não revi a gravação de 2017 mas tenho em memória que suplanta a presente) mas faltou a Sondra Radvanovsky o golpe de asa que lhe permitiria alcançar o sublime. Também digno de apreço o desempenho de Ekaterina Gubanova, em 'Adalgisa'. É claro que ninguém ainda conseguiu superar a interpretação de Maria Callas, em 'Norma' (que conheço de disco) e estou certo que a mais notável 'Adalgisa' do último meio século foi Fiorenza Cossotto, que ouvi no papel, em São Carlos, contracenando com Mara Zampieri, num espectáculo memorável.
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Gravação de 1961 |
A encenação do americano Kevin Newbury hesita entre o convencional e o moderno, resultando híbrida, embora, globalmente, não desmereça o texto e a música de Bellini. O conflito entre o amor e o dever, o "patriotismo" dos gauleses e a ocupação romana, a paz e a guerra é bem claro nesta tragédia lírica que continua a suscitar pelo mundo o aplauso de multidões.
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