quinta-feira, 11 de julho de 2019

ALEXANDRIA , OUTRA VEZ




Acabei de ler Jours d'Alexandrie, de Dimitris Stefanàkis, livro publicado em 2007 mas só mais recentemente traduzido do grego. Trata-se de um vasto fresco (quase 600 longas páginas) sobre a notável cidade, desde os tempos imediatamente anteriores à Primeira Guerra Mundial até à tomada do poder no Egipto pelos "Oficiais Livres" e Gamal Abdel Nasser, em 1952.

O tema é a vida de uma abastada família egípcia (grega), ao tempo que em que a vida na cidade estava ainda organizada por comunidades, e onde os gregos detinham um poder fundamental, porventura eventuais reminiscências de Alexandre Magno.

São abordados os mais diversos aspectos da vida desse tempo no Egipto (e também na Europa, por arrastamento óbvio). Dos assuntos estritamente familiares até aos profissionais, políticos, económicos, sociais, sexuais, ao contrabando de antiguidades, à corrupção, à progressiva transformação do estilo de vida.

Este livro pouco ou nada tem a ver com o célebre Quarteto de Lawrence Durrell, mas a cidade é a mesma. E é um prazer para o leitor a referência a tantos locais que conheceu ou outros de que apenas ouviu falar porque já não existiam das vezes que visitou Alexandria. Aliás, Constantin Cavafy, o grande "poeta da cidade" é citado apenas, e brevemente, duas vezes, mas Cavafy não era uma figura muito conhecida no seu tempo. A glória foi-lhe póstuma.

 O centro da história é a comunidade grega de Alexandria, e também a judaica, a italiana, a levantina, a copta, etc. Tal como na obra de Durrell, os egípcios árabes (muçulmanos) servem apenas para compor a paisagem local. Assim foi até aos anos cinquenta do século passado.


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