segunda-feira, 2 de outubro de 2017
JORGE LISTOPAD
Morreu ontem em Lisboa, com 95 anos, o escritor, professor, realizador televisivo, encenador teatral e de ópera e cronista checo Jorge Listopad, que se encontrava radicado em Portugal desde os finais dos anos 50 do século passado.
Homem de vasta erudição, exerceu diversos cargos públicos, como presidente da Comissão Instaladora da Escola Superior de Teatro e Cinema, co-director do Teatro Nacional D. Maria II ou professor do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas. Foi o fundador do Grupo de Teatro da Universidade Técnica de Lisboa.
Fugido da Checoslováquia durante a Segunda Guerra Mundial, Jorge Listopad, que era doutorado em Filosofia pela Universidade Karolinum, de Praga, viveu exilado em Paris, trabalhando para a Televisão Francesa, antes de se instalar definitivamente em Portugal.
Tive o privilégio de com ele conviver de perto, durante muitos anos, especialmente durante o tempo em que fui director do Teatro Primeiro Acto. Concebemos alguns projectos em comum que apenas não se realizaram por ausência das indispensáveis subvenções. Mas ele acompanhou-me sempre nos espectáculos que apresentei naquele teatro e em outras iniciativas de carácter cultural que tive ocasião de promover.
Deve recordar-se que se deve a Listopad a "descoberta" da peça O Fim, de António Patrício, que ele encenou na Casa da Comédia, em 1971, um espectáculo inesquecível.
Não cabe aqui a descrição da sua imensa actividade no nosso país ao longo de mais de cinquenta anos. Mas as necrologias certamente colmatarão as falhas.
Com a sua morte desaparece uma das últimas grandes figuras do meio teatral e cultural que se distinguiram em Portugal na segunda metade do século XX.
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