terça-feira, 14 de junho de 2011

LUC FERRY - UN FILS DE PUTAIN

Luc Ferry
O filósofo francês Luc Ferry, que foi ministro da Educação Nacional entre 2002  e 2004, declarou há duas semanas, no Canal+ da televisão francesa, ter conhecimento de um antigo ministro que fora preso em Marrakech, há anos, quando se encontrava numa orgia com rapazes menores. Disse textualmente: «un'ancien ministre s'est fait poisser à Marrakech dans une partouze avec des petits garçons». E acrescentou que o caso não teve consequências devido à intervenção das mais altas autoridades francesas e marroquinas. Depois do caso Strauss-Kahn, as afirmações de Luc Ferry têm agitado a França nos últimos dias. O Nouvel Observateur deu conta dos pormenores das infelizes afirmações proferidas na televisão e o seu director, Laurent Joffrin, chamou a Ferry um "délateur embrouillé". No seu editorial do número do Nouvel desta semana, que infelizmente não se encontra online mas que deverá ser lido, Joffrin escreve: «Comme il partage apparemment son temps entre les salons et les studios de télévision, Luc Ferry a fini par les confondre».

Recusando-se a nomear o visado, para evitar um processo judicial, mas dizendo que o seu nome seria amplamente conhecido do microcosmos político-mediático, Ferry levou a que todos os olhares se virassem para Jack Lang, ministro da Cultura (1981-1992) de Mitterrand e ministro da Educação Nacional (2000-2002), sob Chirac. Tem sido Lang, ao longo da sua carreira política, alvo de rumores que o associam a casos de homossexualidade, e mesmo de pedofilia,  desde o célebre Caso do Corral (em que também foram associados os nomes de René Schérer, professor da Universidade de Paris, do escritor Gabriel Matzneff, dos filósofos Michel Foucault e Félix Guattari e do próprio primeiro-ministro Pierre Mauroy) até às suas tomadas de posição favoráveis a relações sexuais entre adultos e pessoas menores de idade (não crianças, certamente) e ao seu apoio a Roman Polanski (perseguido pela justiça americana) e mais recentemente a Dominique Strauss-Kahn (preso nos Estados Unidos, a aguardar julgamento). Nunca, porém, se provou que Jack Lang estivesse envolvido em quaisquer casos de pedofilia ainda que, embora casado e pai de duas filhas, haja a convicção generalizada das suas preferências por rapazes.

As acusações televisivas de Luc Ferry, insinuando personalidades mas omitindo nomes, fazem pairar a suspeição sobre Lang, em primeiro lugar, mas também sobre alguns outros ministros da época. O caso ter-se-ia verificado na década de 90 do século passado. O actual ministro dos Negócios Estrangeiros, Alain Juppé, declarou à France Culture que o antigo ministro (Ferry) faria melhor de «saisir la justice» do que «bavasser dans la presse». E a anterior ministra da Justiça, Rachida Dati, afirmou: «Ce qu'il dit, c'est la non-dénonciation d'un crime», passível de três anos de prisão e de 45.000 euros de multa.

Este comportamento de Luc Ferry é claramente inadmissível. No editorial desta semana, Laurent Joffrin acusa-o de «desconfiança geral, calúnia rotineira e "poujadismo" com verniz metafísico". Eu chamo-lhe filho da puta.

7 comentários:

Anónimo disse...

Evidentemente.

ALCEU disse...

Este fulano é um tipo medíocre, um filósofo da treta e foi um péssimo ministro da Educação. As suas declarações, feitas na televisão, insinuando sem nomear, mas deixando adivinhar o visado, são de facto de um filho da puta.

Nuno Castelo-Branco disse...

Uma espécie de Aninhas Gomes?

Blogue de Júlio de Magalhães disse...

PARA O NUNO CASTELO-BRANCO:

Reconheço muitas qualidades em Ana Gomes, mas concordo que as suas últimas declarações (é a elas que se refere, certamente), são lamentáveis.

Nuno Castelo-Branco disse...

Caro Médio Oriente,

Isto não é uma novidade e as pessoas da chamada diplomacia - muito por baixo nas últimas décadas -, deviam ser mais circunspectas. Para o caso de países em declínio como Portugal, os cuidados devem ser redobrados e julgo uma estupidez a ânsia em querer sabotar o caminho daquele que provavelmente será o próximo "Ministro das Necessidades". Por ironia, nunca um nome esteve tão bem aplicado: Necessidades. PP terá de muito viajar e se for inteligente, evitará "fotos de família europeia" - aliás indesejável -, hotéis de luxo, festarolas, "jet-falconismo" e outras insignificâncias de que o nosso mundinho político tanto gosta. Que se dedique a tentar reconstruir aquilo que a 3ª República demoliu, ou seja, o espaço da lusofonia, desta vez entre Estados iguais. Bem disso precisaremos, até porque não é líquido que dentro de 5 anos ainda estaremos no Euro. Que vá a Brasília, a Bangkok, Jacarta, Pequim, a Nova Deli e todas as capitais da CPLP. Esqueça os brilhos de Paris, de pouco nos servem.

Quanto a Ana Gomes, o famoso "desassombro" assemelha-se estranhamente a falata de saber estar e a uma fraquíssima consciência daquilo que é a decência aparente do Estado. Pior ainda, segue as pegadas do sr. Louçã, sempre disposto a arrasar os outros quando lhe convém. Lembra-se do famoso debate com PP? Lembro-me muito bem. Quando chega a hora da verdade, lá está a policiazinha de costumes. Estaline e comparsada estão bem vivos.

Anónimo disse...

Umas sim,outras não.

Anónimo disse...

O meu comentário "umas sim,outras não",que foi "atropelado" pelo de N.C.Branco,referia-se à qualificação geral de "lamentáveis" dada às declarações de Ana Gomes,pelo autor do blogue. Foram várias,de facto,sobre vários temas,e se umas podem ser lamentáveis,talvez outras não. O futuro dirá.