O Estado sionista atacou esta madrugada, em águas internacionais, a frota de navios que, partindo de Chipre, transportava dez mil toneladas de ajuda humanitária para a faixa de Gaza. Encontravam-se a bordo cerca de 800 pessoas de mais de 15 países, entre as quais deputados, jornalistas, activistas pró-palestinianos, membros de ONG's, etc. O ataque israelita provocou pelo menos 19 mortos, na maioria turcos, e cerca de 30 feridos. O primeiro-ministro turco Recep Tayyip Erdogan cancelou a visita que estava a realizar á América Latina e regressou a Ancara.
O estado demencial do Estado de Israel só encontra paralelo no regime nazi e Netanyahu é um émulo de Himmler. A diferença encontra-se no timing da aplicação da Solução Final contra os palestinianos.
Aguarda-se o desenvolvimento da situação, que para lá das piedosas condenações por parte dos EUA, da ONU, da UE, etc., poderá ter, desta vez, consequências mais profundas.
O acordo entre o Brasil, a Turquia e o Irão, celebrado em Teerão, constitui um acontecimento inédito e abre perspectivas de entendimento com a República Islâmica relativamente à produção e utilização de energia nuclear. Diga-se que a ida à capital iraniana do presidente brasileiro Lula da Silva e do primeiro-ministro turco Recep Tayyip Erdogan foi de certo modo apadrinhada pelos presidentes Obama e Medvedev.
A insistência do Irão quanto à produção de energia nuclear, aliás acompanhada pela Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), é compreensível, numa zona em que pelo menos mais três países são detentores da arma atómica: Israel, Paquistão e Índia. A nenhum destes países foi exigido um controlo quanto à aplicação da energia que produzem, sendo certo que Israel nunca declarou que possui bombas atómicas, embora também não o negue, o que nem sequer valeria a pena.
É certo que as armas nucleares deveriam ser destruídas, mas todas e não só as de alguns países, consoante os gostos, as afinidades, as cumplicidades e demais interesses.
Vamos aguardar para ver os desenvolvimentos deste processo, fruto de um acordo que muitos classificavam de impossível.
O blogue "Da Literatura" sugere hoje o nome de Ferro Rodrigues para candidato do PS às eleições presidenciais. Dado que Manuel Alegre suscita a indiferença e mesmo a hostilidade da maioria dos militantes socialistas e, sem dúvida, dos habituais votantes no Partido Socialista, esta sugestão deveria merecer a atenção da direcção do PS.
Ferro Rodrigues é um homem sério e competente, que se identifica ideologicamente com a maioria do "povo socialista". Sem menosprezo pela figura de Manuel Alegre, este não consegue despertar a empatia do eleitorado natural socialista e a assunção da sua candidatura pelo Bloco de Esquerda reduziu-lhe espaço. E creio que também não favorecerá o Bloco, nem no presente, nem no futuro.
Ainda se está a tempo de lançar a candidatura de Ferro Rodrigues; a sugestão de Eduardo Pittamerece o nosso apoio.
José Vítor Malheiros, O colarinho branco e a canja da ralé, hoje no Público. Dois excertos, sublinhado meu:
«Quando alguém mete ao bolso uma coisa que não lhe pertence dizemos que a roubou. Mas há justificações para meter coisas ao bolso. E diferentes nomes para usar nas várias circunstâncias, conforme o estatuto social e político dos autores. Uma senhora bem vestida que meta na carteira um perfume, numa loja elegante, distraiu-se — e um engano toda a gente tem. Uma mulher que o faça num supermercado suburbano comete um furto que a sociedade não pode permitir. E um banqueiro que esconda num offshore os milhões que ganhou por vender títulos tóxicos aos incautos clientes é um pilar da sociedade que contribui para o desenvolvimento económico. Esta é a base da sociedade e querer subvertê-la é fomentar o caos e a anarquia. E o sistema judicial existe para garantir a sua subsistência. [...] As medidas de contenção das prestações sociais recentemente apresentadas pelo Governo no âmbito do PEC têm de ser lidas à luz da mesma lógica, que distribui direitos e deveres de acordo com os méritos das pessoas: seria impensável pedir a pessoas de posses, a pessoas de qualidade, a pessoas daquelas de que o país não pode prescindir, que pagassem a crise provocada pelos actos de contabilidade criativa que os corretores e os banqueiros fizeram nos últimos anos e pelos buracos orçamentais criados para colmatar os défices dos bancos. Como o seria combater a fuga de capitais para os paraísos fiscais, ou a fuga ao fisco de pessoas que não sejam trabalhadores por conta de outrem. Tratar-se-ia de uma violência psicológica insuportável.[...]»
PUBLICADO HOJE POR EDUARDO PITTA NO BLOGUE "DA LITERATURA"
Tem sido noticiado pela imprensa que vai ser construída na Assembleia da República uma "sala de fumo" para os deputados. Parece que se trata de uma obra dispendiosa (e desnecessária) numa ocasião em que são pedidos aos portugueses especiais sacrifícios para fazer face à crise económica e financeira que (em grande medida por culpa dos políticos - isto é verdade) se regista em Portugal. Se não é permitido a qualquer cidadão fumar nos transportes públicos, nos restaurantes e hotéis (quase todos), nos teatros e cinemas, e nos demais edifícios públicos, porque não poderão os senhores deputados privar-se durante algumas horas da actividade tabagística, que aliás, comprovadamente, só faz mal à saúde? E se não podem eximir-se, então saiam uns minutos para fora das instalações.
Aliás, não vejo necessidade da existência de um tão elevado número de deputados no nosso parlamento. Dado que os grupos parlamentares votam sempre (ou quase - há umas mínimas excepções) em bloco, meia dúzia de deputados seria suficiente por cada partido e a votação seria proporcional aos votos expressos nas urnas. Poupava-se muito dinheiro ao país. Aqui está uma área em que seria possível reduzir substancialmente o orçamento do Estado.
Por outro lado, preocupa-me sempre o fumo nos parlamentos, mesmo fora do hemiciclo. É que existe o perigo dos incêndios, perigo que se agrava em épocas de crise. Não queiramos o Palácio de São Bento em chamas, como o Reichstag em 27 de Fevereiro de 1933.
Caravaggio: The Martyrdom of Saint Matthew, 1599-1600Chiesa di San Luigi dei Francesi, Roma
Four hundred years
ago this summer, a half-crazed, middle-aged man staggered into the
little Italian seaside town of Porto Ercole, muttering incoherently in
his nasal Lombard accent about a missing boat loaded with paintings. His
face, with its scraggly black beard, was a maze of half-healed scars;
his sweat-soaked clothing was finely made but worn to rags. He must have
been carrying the sword that rarely left his side, but there is no
record of it, or of those who put him to bed in the town’s tiny
hospital, a place more accustomed to hosting ailing sailors, port
workers, and galley slaves. We know only that there on his sickbed, his
fever, his wounds, and his desperation carried him off in the heat of
July. A terse local record notes: “On July 18 [1610], Michelangelo
Merisi da Caravaggio, the painter, died of disease in the hospital of
St. Mary the Helper.” We do not know whether that disease was malaria,
syphilis, infection, or heartsickness, and it hardly matters; what
mattered, then and now, was the work that this sad, desperate painter
had left behind, including the boatload of paintings he had been madly
chasing along the coast; those canvases landed in Naples, where one, a John
the Baptist, was snapped up by portly, powerful Cardinal Scipione
Borghese to grace his growing gallery of art.
Four hundred years
after the painter’s sad, lonely death, the crowds that flock to any show
bearing his name prove that Caravaggio speaks to our time as clearly as
he did to his own, despite the fact that we like to think of our
globalized, technological, democratic age as an entirely different world
from the violent Italy of feudalism and religious repression that
forged his inimitable, influential way of painting. Epochal differences
may divide his reality from ours, but there are also similarities so
deep between our cultures that the man who was once called “Rome’s
outstanding painter” can still lay plausible claim to his title.
The current
Caravaggio exhibition in Rome has drawn huge crowds from the day it
opened in the national gallery called the Scuderie del Quirinale (the
eighteenth-century former papal stable that for the past ten years has
provided an important and popular venue for large-scale shows). The
catalog, a collection of essays on each individual painting by leading
Italian and German Caravaggio scholars, is plainly and appropriately
aimed at this vast general public. Two more exhibitions have been
scheduled for the coming year; more importantly, Rome always houses a
spectacular collection of Caravaggio paintings in chapels, churches, and
museums, including the Borghese Gallery, the very same collection that
Cardinal Scipione Borghese had begun to create when Caravaggio
was still alive.
Rome is not the only place to
celebrate Caravaggio in 2010. In the ancient Sicilian city of Syracuse,
his monumental Burial of Saint Lucy has been newly hung in the
convent church of Santa Lucia in the city’s main piazza, to spectacular
effect. A series of six exhibitions in different venues in Naples this
past winter proclaimed "The Return to the Baroque: From Caravaggio to
Vanvitelli." Caravaggio also continues to inspire new books, both
scholarly and general, for he was a quicksilver artist, changeable,
inventive, and - essential to his greatness - unflinchingly
self-critical. An exhibition like that in the Scuderie del Quirinale,
focused deliberately on a restricyed group of familiar paintings, will
still provide a satisfying series of new discoveries, for anyone and
everyone.
(Transcrevem-se os quatro primeiros
parágrafos do artigo sobre Caravaggio do nº 9, 27 de Maio a 9 de Junho
2010, de The New York Review of Books)
Comment empêcher que l'inévitable politique d'austérité ne provoque une catastrophe majeure?
Gare à nous, la crise arrive ! Reconnaissons-le : jusqu'ici, à l'exception des chômeurs, les Français ne l'avaient guère ressentie. Leur pouvoir d'achat avait été préservé. Pour les plus riches (bouclier, primes, bonus), il avait même bondi en avant. Mais voici que François Fillon vient de l'annoncer : nous allons entrer dans la rigueur. En accord avec le président ou en lui forçant la main ? On ne sait, mais qu'importe ! Du reste, le métier de Cassandre ne lui réussit pas si mal, à François Fillon...
Ce tournant, le plus important du quinquennat, traduit une réalité qui s'applique à tout le monde occidental : nous allons cesser de vivre au-dessus de nos moyens. En temps de crise, quand les marchés attaquent, impossible de financer plus longtemps par l'emprunt la prospérité paradoxale que nous venons de vivre. Des économistes sérieux (Eric Le Boucher, Slate.fr) estiment qu'à l'instar de la Grèce, les particuliers des autres pays européens pourraient connaître une baisse de leur pouvoir d'achat de 20 à 30% dans les années à venir. S'ils disent vrai, il faut s'attendre à des explosions sociales majeures, aux conséquences politiques imprévisibles. Et ce n'est pas la création bienvenue d'une sorte de FMI européen, décidée dimanche à Bruxelles - elle sauve pour le moment l'euro -, qui y changera quelque chose : bien au contraire.
Puisque, fort heureusement, nous ne dis posons plus, comme en 1929, d'échappatoires imaginaires et apocalyptiques qui avaient nom fascisme à droite et communisme à gauche, il va falloir se résigner à soigner le dérèglement fou du capitalisme à l'intérieur même du système capitaliste. La question n'est donc déjà plus de savoir s'il faut ou non faire une politique d'austérité mais bien de concevoir à quelles conditions l'austérité ne débouchera pas sur une catastrophe majeure. Pour ma part, j'en vois trois.
1. Il faut impérativement que les restrictions annoncées épargnent l'investissement, c'est-à-dire le seul vrai moyen de sortir de la crise. Si la rigueur devait se traduire par un ralentissement de l'activité économique alors que nous avons besoin d'une relance de la croissance pour réduire le chômage et éponger nos dettes, le remède serait pire que le mal.
2. Il faut non moins impérativement que les sacrifices soient justement répartis, qu'au lieu d'accroître les inégalités, comme actuellement, ils les réduisent, c'est-à-dire qu'ils s'appliquent d'abord aux plus riches. Le bouclier fiscal, surtout symbolique, et les niches fiscales, bien réelles celles-là, doivent disparaître. C'est la seule chance de maintenir un minimum de cohésion nationale. Et la rigueur n'est pas toujours incompatible avec une politique de gauche.
3. Jusque-là, rien que de très difficile mais rien d'irréalisable. La troisième condition, un consensus politique minimal, elle, relève de l'impossible. C'est en 2007, au lendemain de l'élection de Nicolas Sarkozy, alors que la prospérité était encore là et que sa popularité était à son zénith, qu'il eût fallu lancer une politique de rigueur et de réforme des retraites. Il en avait les moyens ; il les a gaspillés en distribuant de l'argent à tout le monde. Comme Mitterrand en 1981 et avec les mêmes résultats : se trouver fort dépourvu quand la crise fut venue... Trop tard. A deux ans de la présidentielle, plus de consensus national possible !
Pourtant, Sarkozy a fait l'ouverture ! Quelle ouverture ? Je n'appelle pas de ce nom une médiocre politique de débauchages individuels en direction de quelques transfuges impatients ou en fin de carrière. Il n'y eut aucune négociation, aucun effort de rapprochement programmatique.
On ne saurait donc être optimiste. Le plus probable est que la France va encore perdre deux ans, s'épuiser dans des luttes sociales infécondes et un grenouillage électoral démoralisant. Je voudrais me tromper.
PS. : Sous le titre « Mainstream », Frédéric Martel a écrit un livre majeur, fondé sur une enquête approfondie au sujet de la culture de masse à travers le monde. Je m'apprêtais à en faire l'éloge quand j'ai trouvé dans «le Nouvel Obs» de la semaine dernière une exécution sommaire du livre, d'une injustice évidente. J'invite nos lecteurs à en juger par eux-mêmes.
(Le Nouvel Observateur, nº 2375 - 13 a 19 Maio 2010)
L'Elisir d'Amore, de Donizetti: Marcello Fanti no papel de Dulcamara
O prof. Marcelo Dulcamara, "dottore enciclopedico", regressa hoje à televisão, na carroça da TVI, para nos vender o elixir das certezas e das contradições. E, como na ópera, há sempre quem o escute e quem compre o milagroso produto.
L'Elisir d'Amore, de Donizetti: Bryn Terfel no papel de Dulcamara
O cardeal Nasrallah Butros Sfeir, patriarca de Antioquia (cristãos maronitas) expressou ontem a sua inquietação pelo que classificou de ingerências sírias e iranianas no Líbano, mas assegurou que desenvolveria todos os esforços para se encontrar uma solução que consiga resolver os problemas emergentes, a fim de que a comunidade dos libaneses, que conta 17 seitas, possa viver em conjunto com tranquilidade, paz e amor.
Neste blogue - http://combustoes.blogspot.com/ - pode obter informações sobre a situação na Tailândia e ver imagens de Banguecoque, que desde há semanas tem sido palco de violentos confrontos.
Exércitos dos países árabes limítrofes (Egipto, Transjordânia, Síria, Líbano e Iraque) invadem Israel e a Palestina para defesa dos direitos dos Palestinos. A guerra prolonga-se por quase um ano e termina com a derrota da coligação árabe. Os sionistas apropriam-se de 78% do território da Palestina. Do restante, 20,5% - a margem ocidental do Jordão - ficam anexados à Jordânia e 1,5% - a faixa de Gaza - fica sob administração egípcia. Mais de 700.000 Palestinos refugiam-se nos países árabes vizinhos. Os povos árabes designam este período por "Nakba" (desastre/catástrofe).
O livro de Jeremy Scahill Blackwater: The Rising of the World's Most Powerful Mercenary Army
Em 1997, o multimilionário cristão fundamentalista Erik Prince, de 28 anos, sentindo-se investido por uma missão divina, criou uma empresa militar privada - a Blackwater - instalada em Moyock, na Carolina do Norte, para formar os soldados americanos. Após os atentados de 11 de Setembro, essa empresa tornou-se uma das peças-chave do dispositivo de guerra americano desenvolvido por George W. Bush.
Os mercenários da Blackwater, os "cães de guerra" dos EUA no Afeganistão e no Iraque (por enquanto), encarregam-se das missões "sujas" consideradas inconvenientes para os soldados do exército regular norte-americano. Dispondo dos mais modernos equipamentos, os homens da Blackwater, nas palavras de um membro do Congresso, constituem "um exército capaz de derrubar a maior parte dos governos do mundo".
Entre 2001 e 2009, a empresa de Prince obteve contratos públicos de mais de mil e quinhentos milhões de dólares (1.500.000.000,00), e possui um dos mais importantes stocks privados de armas pesadas, uma frota de aviões e de helicópteros Blackhawk, navios, veículos blindados, carreiras de tiro, etc., sendo anualmente formados nas suas bases 30.000 polícias e soldados.
O seu poder deve-se em larga medida aos laços que unem a família de Prince à franka mais religiosa do Partido Republicano. Em 1992, o jovem Prince apoiou a nomeação de Pat Buchanan, líder da extrema-direita cristã, para a nomeação à candidatura presidencial. Depois, integrou o corpo de elite dos Marines e, após a morte do pai, fundou a Blackwater, verdadeira guarda pretoriana que se tornou no braço direito do Pentágono, e que permite dissimular algumas operações sensíveis à vigilância do Congresso.
Erik Prince
A ambição de Prince, porém, não conhece limites. O seu sonho é substituir-se aos exércitos enfraquecidos de todo o mundo e, desde logo, ao mais vulnerável, os capacetes azuis, que considera incapaz de assegurar as tarefas de manutenção de paz conduzidas pelas Nações Unidas. Está na sua mente a criação de uma brigada internacional de profissionais apta a substituir os "soldados da paz", isto é, a privatização dos capacetes azuis, ideia chocante e que nos parece irrealista, embora tenha seduzido alguns círculos influentes dos republicanos evangélicos.
Aquando da carnificina de Bagdad (Praça Nissur) realizada pelos homens de Prince, em 2007, Hillary Clinton exigiu uma lei que pura e simplesmente interditasse a Blackwater no Iraque, mas hoje, que os democratas estão no poder, a secretária de Estado tem-se mostrado mais complacente com as atrocidades e os assassinatos selectivos levados a cabo no Afeganistão e no Iraque, onde o número de mercenários e de soldados regulares já é praticamente igual.
Mercenários da Blackwater no Iraque
Segundo Michael Ratner, presidente do Centro para os Direitos Constitucionais, e que tenta levar a tribunal os responsáveis por actos criminosos, a utilização deste sistema é uma subversão da democracia: "A utilização crescente de contratados facilita a condução das guerras. Apenas é preciso dinheiro; já não o acordo dos cidadãos".
A privatização da guerra, a concretizar-se, constituiria o estádio último do capitalismo, antes do desmoronamento final e completo da civilização ocidental.
O historiador britânico Tony Judt, professor da New York University e especialista de história da Europa, que se encontra agora gravemente enfermo, afectado por uma doença neuromuscular degenerativa - esclerose lateral amiotrófica - tem publicado recentemente, na New York Review of Books, de que é colaborador habitual, uma série de textos de memórias e reflexões sobre o mundo, um dos quais o último número (Nº 2374) do Nouvel Observateur publica, sob o título "Mes identités".
Nem sempre concordando com as opiniões de Tony Judt, consideramos este texto de particular importância, pelo que transcrevemos, na impossibilidade de apresentar a totalidade do escrito, o primeiro e o último parágrafo:
"L'«identité» est un mot dangereux. Il ne connaît plus d'usage respectable. En Grande-Bretagne, les pontes du néotravaillisme, non contents d'avoir installé plus de caméras de surveillance que dans aucune autre démocratie, ont voulu (jusqu'ici en vain) saisir comme prétexte la «guerre contre le terrorisme» pour imposer la carte d'identité obligatoire. En France et aux Pays-Bas, le «débat public» fabriqué de toutes pièces sur l'«identité national» n'est que le masque transparent d'une exploitation politique du sentiment anti-immigrés et un subterfuge grossier pour désamorcer les inquiétudes nées de la situation économique en faisant des minorités un bouc émissaire. En Italie, en décembre dernier, la politique d'identité s'est réduite, dans la région de Brescia, à des perquisitions systématiques visant à débusquer des Noirs indésirables: les autorités locales, sans aucune honte, avaient promis à la population un «Noël blanc»."
. . . . . .
"Être danois ou italien, américain ou européen ne sera plus simplement une identité, mais un rejet et un reproche pour tous ceux qui en sont exclus. L'État, loin de disparaître, va peut-être enfin jouir de son plein pouvoir: les privilèges de la citoyenneté, les droits de résidence garantis par un titre de séjour seront brandis comme autant d'armes politiques. Les démagogues intolérants des démocraties existantes exigeront des «tests» - de culture, de langue, d'attitude - pour décider si les immigrés, dont c'est le seul espoir, méritent l'identité britannique, néerlandaise ou française. C'est déjà le cas. Dans ce meilleur des siècles, ils nous manqueront, les tolérants, les marginaux: le people des marges. Mon peuple."
Todo o texto revela uma particular lucidez, talvez ainda mais aguda do que o habitual, porque o autor se encontra próximo do fim. Nesta Europa e neste mundo, governados nos últimos anos por indivíduos sem escrúpulos, sem pensamento, sem cultura, sem ética, muitos dos quais verdadeiros criminosos de guerra, a reflexão de Tony Judt merece uma especial atenção. Por isso transcrevemos estes dois trechos, convidando os leitores que o possam fazer a ler na íntegra tão pertinente artigo.
«- Chaque génération est marquée par un scandale de moeurs. La vôtre semble sous le signe fâcheux d'Oscar Wilde. La mienne est restée plus discrète, peut-être parce qu'elle avait eu deux leçons: l'affaire Verlaine, qui vous a frapée, et l'affaire Germiny, qui fut, dans les milieux mondains et politiques, ce que l'autre avait été dans les milieux littéraires.
«- Germiny? J'adore le potage Germiny, mais j'ignore l'affaire.
«- Elle n'est pas liée au souvenir de Lucullus ou de Tibère, mais de Vespasien.»
(Roger Peyrefitte, L'Exilé de Capri, 1959)
Em 6 de Dezembro de 1876, às 23:35 h, o conde Eugène de Germiny, de 35 anos, advogado na Cour d'Appel e Conselheiro Municipal de Paris, foi preso por quatro agentes (à paisana) da polícia de costumes num urinol público (uma vespasiana, como lhe chamam, ou chamavam, os franceses) quando praticava masturbação mútua com o jovem Pierre Chouard, de 18 anos, inicialmente dito aprendiz de joalheiro (uma profissão a condizer), mas na verdade sem profissão e que já fora anteriormente detido por vagabundagem. O urinol em questão situava-se nos Champs-Elysées, mais concretamente na Avenue Gabriel, nas traseiras do Café des Ambassadeurs.
Os agentes encontravam-se escondidos por detrás de uns arbustos, examinando as entradas e saídas do mictório e ao referenciarem o ingresso naquele templo (de Vespasiano, entenda-se), do conde e do jovem por mais de uma vez, decidiram precipitar-se sobre eles e conduzi-los ao comissariado de polícia do bairro.
Católico praticante, casado e pai de três filhos, advogado dos jesuítas e estrénuo defensor da moral pública, causídico diligente dos meios clericais e dos colégios religiosos, mais não restou ao desventurado conde, para justificar a sua presença àquela hora e naquele local, de que invocar a sua condição de conselheiro municipal. Ali se deslocara, segundo afirmou, com o propósito de verificar in loco as torpezas que se praticavam (era voz corrente e a voz do povo é a voz de Deus), naqueles antros de perdição, e, convenhamos, também de micção.
Libertado sob caução ao fim de algumas horas, foi o conde (e também o rapaz) julgado em 31 de Dezembro (curiosa data para um julgamento) desse ano. Considerados culpados do delito previsto pelo artigo 230 do código penal e Germiny também pelo delito previsto pelos artigos 200 e 212 do código penal, com as atenuantes, para ambos, previstas pelo artigo 463 do código de instrução criminal, foram condenados:
- Germiny, a dois meses de prisão, e 200 francos de multa;
- Chouard, a 15 dias de prisão, e 100 francos de multa.
E foram condenados solidariamente às despesas.
Este caso tornou-se então o maior escândalo do "tout Paris" e os jornais durante semanas, meses, não deixaram de se lhe referir, nos termos mais diversos, preferencialmente acintosos, como o autor do livro L'honneur perdu d'un politicien homosexuel en 1876, Christian Gury, advogado da Cour d'Appel, historiador e ensaísta, tão detalhada e exaustivamente documenta na sua obra. Não esqueçamos que é mister de toda a imprensa que se preze (e hoje também da rádio e da televisão) explorar ad infinitum todos os casos de costumes, nomeadamente se as pessoas visadas (porventura inocentes) fizerem aumentar o volume de vendas.
O urinol em causa tornou-se lugar de visita obrigatória e consta que o próprio chefe do Estado, o marechal Edme Patrice Maurice, conde de Mac-Mahon e duque de Magenta, monárquico convicto e segundo presidente da III República, fez questão de se deslocar ao local.
Regista o autor do livro que a detenção do conde de Germiny, por agentes da polícia de costumes, não terá sido alheia à discussão da própria existência dessa polícia pelo município de Paris, do qual Germiny era conselheiro. Além disso, Germiny distinguira-se pela defesa dos jesuítas e de colégios católicos numa acção contra o deputado republicano e anticlerical Maurice Rouvier, num processo que deu brado em França. Também a questão da amoralidade (ou imoralidade) dos urinóis públicos era tema de controvérsia na edilidade, havendo mesmo quem suscitasse a questão da iluminação pública dos mesmos, ideia que não teria passado pela cabeça do seu criador (dos urinóis), o conde de Rambuteau, antigo prefeito do Seine e continuador das grandes obras de transformação de Paris, levadas a cabo, no Segundo Império, pelo barão Haussmann.
Afastado Adolphe Thiers da presidência e sucedendo-lhe Mac-Mahon, com o apoio do duque de Broglie, receavam os republicanos, especialmente os que si situavam mais à esquerda (para usar a terminologia convencional) que o velho Marechal, legitimista, de cerca de 70 anos (ocorre-me inevitavelmente outro marechal, Pétain, que ascendeu aos 84 anos à chefia do Estado) procurasse com o apoio dos meios mais conservadores, nomeadamente da Igreja, restaurar a Monarquia. Por isso, a inevitável movimentação política e jornalística em torno do caso, com a finalidade óbvia de desacreditar um político promissor que se encontrava profundamente enfeudado ao Trono e ao Altar. Diga-se também, em abono da verdade, que sempre o catolicismo manteve uma posição de profunda hipocrisia em relação ao sexo, condenando veementemente em público aquilo que grande parte dos seus prosélitos e ministros do culto fazia em privado, como ainda hoje se comprova pelos casos, ditos de pedofilia, que desde há alguns anos, e hoje com particular acuidade, afligem a Igreja de Roma. E diga-se ainda que a denúncia de tais situações, oriunda dos Estados Unidos da América, país donde emanam muitos dos males que afectam o mundo, teve mais a ver com interesses políticos e económicos do que com uma defesa da moralidade, pois sempre se soube que grande número de sacerdotes, e até de bispos, mantinha relações íntimas com jovens (não necessariamente menores e naturalmente com o respectivo consentimento), como é normal em seminários, colégios e outras instituições exclusivamente frequentadas por pessoas do mesmo sexo. Só que agora surgiu a questão das indemnizações, em que os americanos são peritos. È por isso que nunca se soube se a inscrição nas notas de dólar "In God We Trust" não quereria afinal dizer "In Gold We Trust".
As vespasianas francesas começaram a ser demolidas nos anos sessenta do século passado, durante o consulado do general De Gaulle, ao que se diz a instâncias de sua mulher Yvonne, que as considerava focos de imoralidade pública. No seu livro Propos secrets II, Roger Peyrefitte conta uma aventura pessoal num desses urinóis dos Champs-Elysées, então célebre, vizinho do Teatro Marigny, onde fora vítima de chantagem só evitada por uma corrida até junto dos guardas do Eliseu. E recorda, a propósito: «à propos des pissotières en face de l'Elysée, - il y en avait trois jusqu'à la destruction récente de ces édicules bienfaisants...».
Ao longo de mais de um século, foram os urinóis públicos locais de encontros (e desencontros) sexuais, assiduamente frequentados por pessoas de todas as categorias sociais e contribuíram (quer se queira quer não) para evitar males maiores à sociedade. A extinção desses templos (porque não chamá-los assim) veio criar tensões profundas em todas as camadas da população, mas o assunto, por demasiado recente, não interessou ainda nem historiadores, nem sociólogos.
Também ao longo desta centúria foram diversas as atitudes policiais em relação aos frequentadores, sendo curioso que, nesta matéria, os regimes republicanos e democráticos se revelaram geralmente mais puritanos do que os regimes autoritários, já que para estes interessava principalmente a manutenção das aparências públicas e um urinol, em última análise, é um sítio privado.
Finalizemos, porque o texto já vai longo, com uma saborosa nota da Prefeitura de Polícia de Paris, referida por Christian Gury: em 18 de Março de 1878 a polícia surpreendeu, em flagrante delito dentro de uma viatura, no boulevard Voltaire, Henri-Mathieu Tasnier, operário-vidraceiro, de 18 anos, súbdito holandês, natural de Maastricht e o visconde Paul Stanislas d'Arjuzon, de 30 anos, filho do camareiro de Napoleão III. Segundo o relatório da polícia, o visconde chupava o membro de Tasnier de maneira "dégoûtante". E termina Gury: «Génial précurseur de l'Europe moderne, honorant en homme de goût du traité d'un baiser de paix un Hollandais de Maastricht, l'aristocrate n'était probablement pas si fou qu'il y parût...».
Aposto que nem Cavaco Silva, que enquanto primeiro-ministro de Portugal assinou o Tratado de Maastricht, nem José Manuel Durão Barroso, presidente da Comissão Europeia, conhecem esta história.
* * *
Sugiro a Marina Tavares Dias, que há mais de 20 anos vem editando álbuns sobre Lisboa (desaparecida), alguns que se limitam a repetir fotos e postais já anteriormente publicados, uma investigação sobre os urinóis que existiram em Lisboa (a maior parte imitando, como não poderia deixar de ser, as vespasianas francesas e de que hoje creio não reste um exemplar para amostra), bem como outros mictórios mais modernos, existentes em espaços públicos, como jardins, estações de comboio, etc., que as sucessivas edilidades e outros gestores têm sucessivamente eliminado, presumo que a bem da Nação, mas com o evidente prejuízo de quem, pelo menos, mais não pretende do que urinar quando está aflito.
Esta magnífica imagem foi retirada do blogue "WeHaveKaosInTheGarden"
Agora, que os trabalhistas perderam a maioria na Câmara dos Comuns, Gordon Brown prepara-se para sair do nº 10 de Downing Street e entregar a chefia do governo britânico a David Cameron, líder dos conservadores. Pela primeira vez, em 36 anos, não existe uma maioria absoluta no parlamento de Westminster, seja de trabalhistas ou de conservadores. Assim, os liberais-democratas de Nick Clegg poderão formar governo com os tories, a menos que surja um bloco central resultante de uma aliança entre Brown e Cameron. Ou, hipótese menos provável, que Brown tente um governo de "salvação nacional" para se manter no poder. aliando-se aos liberais-democratas. Segundo as últimas contagens, os conservadores teriam 306 deputados, os trabalhistas 258 e os liberais-democratas 57. A maioria absoluta é de 326 parlamentares.
Na verdade, o Labour, conduzido por essa figura sinistra que é Tony Blair (preferiria dizer que foi, mas ainda não vi satisfeita essa vontade), o autor "iluminado" da Terceira Via para o Socialismo, cometeu sucessivos, lamentáveis e irreparáveis erros (e crimes) o último dos quais foi a participação, ao lado do tenebroso Bush, na guerra do Iraque. A sua derrota era de há muito esperada.
Não teve Brown nem o engenho nem o tempo de corrigir a política do seu antecessor, e possivelmente nem a vontade, e por isso muitos aguardam que entregue rapidamente a liderança do partido a David Miliband, mais jovem, mais atraente e eventualmente mais humano do que o homem a quem muitos britânicos chamaram "Tony Bliar".
Percorrendo a nossa blogosfera, o que faço, confesso, com pouca assiduidade, constato, consultando os blogues mais conhecidos, que a maioria dos posts incide sobre política, maioritariamente sobre a política portuguesa, e, na maioria dos casos, sobre o que eu chamaria "politiquice" ou defesa de interesses políticos ou partidários. Mas tal actividade de pouco ou nada vale, apesar dos argumentos expendidos pelos esforçados autores, pois as coisa seguirão, mais ou menos inexoravelmente, o seu rumo. É claro que, nos blogues, existem excepções, que reputo de meritórias e muito úteis, mas elas, porque excepções, mais não fazem do que confirmar a regra. Não excluo a necessidade dos bloggers se pronunciarem, pontualmente, quer sobre a situação política nacional, quer sobre factos do nosso quotidiano; o que me preocupa é a insistência diária com que o fazem. E também o profundo alheamento da política internacional, mesmo quando esta, por distante, não pareça dizer-nos respeito. Tempos virão...
Em minha modesta opinião, mais importante seria que a nossa blogosfera, pela mão dos seus mais brilhantes escribas, se dedicasse ao tratamento de assuntos culturais. Num país tão carecido como o nosso nessa matéria, tal trabalho não só interessaria pelos temas em si como ajudaria a compreender muitas outras coisas que acontecem em nosso redor. Não, não ouso pretender um regresso á velha Atenas, mãe e sábia, mas apenas um pouco mais de atenção à filosofia, á literatura, à história, às artes que enriqueceram a polis, mas que a política actual se compraz em ignorar. Não seria remédio para todos os males, mas lá que ajudava, disso não tenho dúvida.
Disputou-se hoje no Porto mais um jogo de futebol considerado de "alto risco", que, como vem acontecendo naquela ou noutras cidades de Portugal, quer entre os clubes participantes naquele desafio quer com a maioria dos clubes portugueses, se assemelhou a uma competição que ultrapassou em ódio os sentimentos dos cidadãos romanos quando, no circo, exigiam a morte de um ou outro gladiador.
O futebol (football) teve a sua origem na pérfida Albion (donde vêm habitualmente todos os males que afligem a humanidade) por volta do século XVII e assumiu universalmente a sua expressão actual no século XIX. É considerado hoje o desporto mais popular do mundo, e permite a multidões famintas, de pão ou de afectos, extravasar os sentimentos mais primitivos que nem as feras, em plena selva, ousam exteriorizar.
De há muito que os jogos de futebol, especialmente quando envolvem equipas ditas importantes ou países com alguma rivalidade, se transformaram em verdadeiras batalhas, originando mortos e feridos, obrigando à mobilização de excepcionais dispositivos policiais e, espera-se, em breve, das próprias forças armadas.
É também sabido que os interesses que hoje se ocultam por detrás dos clubes de futebol são poderosos e transnacionais e deles não vale a pena ocuparmo-nos hoje, pois toda a gente mais ou menos conhece – já que são do domínio público – aspectos pouco edificantes que, sistematicamente, fogem à Justiça.
Mas como o povo deseja "pão e circo", e sendo cada vez mais escasso o pão, pela força das circunstâncias e pelo desejo dos homens, haja então circo para contentar as bocas esfomeadas. Talvez por isso, ninguém se indigne com os vencimentos auferidos pelos jogadores de futebol, nomeadamente pelas grandes estrelas da bola, que ganham, porventura num dia, o salário de uma vida inteira de um trabalhador comum. Ao pé deles, os ordenados dos gestores das empresas, por demasiados escandalosos que sejam, até parecem modestos.
Escreveu Karl Marx, na sua "Introdução" à Crítica da filosofia do direito de Hegel, que a religião era o ópio do povo. Porém, nos dias que correm, em que a religião está, em muitos aspectos (o islão incluído) afastada do povo, o verdadeiro ópio do povo é o futebol. E diga-se, em abono da verdade, que este "desporto", para não dizer este "negócio", conseguiu alastrar pelo mundo inteiro.
Das notícias que semanalmente, e hoje quase diariamente, nos chegam dos incidentes verificados nos jogos de futebol, nos próprios campos, nos percursos adjacentes e mesmo em sítios inimagináveis (os jogos mais importantes já são sempre de "alto risco"), só pode concluir-se da existência de um ódio, ou mesmo de um desejo de extermínio em relação ao adversário, consequentemente transformado em inimigo mortal. Ódio e desejo de extermínio que, quando não nasce no coração dos homens, é fomentado e incrementado pelas estruturas que, de uma forma ou de outra, lucram com o negócio. Parece, portanto, que toda essa gente, que vive movida unicamente pelo desejo de destruir fisicamente o seu semelhante deveria ser internada em campos de extermínio, aonde, impedida de continuar a molestar os outros, aguardasse "tranquilamente" a Solução "adequada".
Samuel Ramey em Filippo II,na ária "Ella giammai m'amò" da ópera Don Carlo, de Verdi.
Orquestra do Teatro alla Scala de Milão, direcção de Riccardo Muti
Uma das grandes árias da história da música, e uma evocação da transitoriedade do poder, do amor, da glória. À sombra do Sommo Imperatore e do fantasma do Escorial. Talvez seja o Don Carlo a ópera máxima de Verdi, pelo menos aquela que reflecte com mais profundidade os sentimentos humanos e o confronto entre o poder temporal e o poder espiritual. Bastava esta ópera para a eterna glória do compositor, embora Verdi nos brindasse ainda com outras obras-primas.