segunda-feira, 21 de setembro de 2009

PRAGA

Rudolfinum

Regressado de Praga, aonde voltei após 12 anos de ausência, verifico que o clima político português não cessou de deteriorar-se durante o período da minha estada na capital checa.

É Praga uma das mais belas cidades do mundo, que soube conservar os edifícios antigos (quero dizer, anteriores ao século XX) , sendo a excepção (reduzida) os prédios da época comunista e uns tantos exemplares de arquitectura moderna (na maioria de duvidoso gosto). E diga-se que as casas de estética "soviética" são principalmente construções novas e não substituições de prédios demolidos. Quando comparo a cidade do Moldava com a cidade do Tejo sinto um aperto no coração. É que Lisboa, onde quase todo os edifícios com mais de 100 anos foram destruídos e substituídos por outros "modernos" parece ter sofrido um terramoto sobre cujos escombros se ergueu a cidade actual. A responsabilidade dos autarcas dos últimos 35 anos configura, pois, um crime contra o património urbano.

Nestas primeiras, e breves, notas de regresso não posso deixar de referir a esfuziante vida artística de Praga. Sempre a cidade vibrou com o teatro e a música, mas a actividade é agora mais intensa por causa do enorme afluxo turístico.

Tive oportunidade de assistir a uma Carmen, no Teatro Nacional (encenação moderna com alguma imaginação mas também com toques de populismo), a um Otello, na Ópera Estatal (encenação embora convencional mas sem cenários e quase sem apontamentos), ambas as óperas com a "prata da casa" mas constituindo prestações muito satisfatórias, e de ouvir, no Rudolfinum, um magistral concerto da Orquestra Filarmónica Checa, dirigida por Herbert Blomstedt, interpretando a Sinfonia nº 6 (Pastoral), de Beethoven e a Sinfonia nº 9 (Do Novo Mundo), de Dvorak. Um espectáculo memorável. Devo confessar que há muito não escutava um tão notável desempenho musical.

Há também aspectos menos simpáticos em Praga, de que apenas referirei a sistemática exploração de turistas ou viajantes, a proliferação de clubes nocturnos e casas de jogo, o ostensivo parque automóvel novo e de alta cilindrada (como não vi há meses em Berlim) que deixa adivinhar um rápido e substancial enriquecimento de muitos (que não de todos) por meios que não terão certamente a ver com o incremento da actividade económica. E também uma certa americanização do estilo de vida. E a prostituição feminina que continua a exibir-se, abertamente, na Praça Venceslau.


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