quinta-feira, 30 de abril de 2009
BERLIM II
Tem Berlim a particularidade de possuir a maior parte dos seus principais museus numa mesma zona, a chamada Ilha dos Museus, no rio Spree, no centro da cidade. Aqui se encontram o Altes Museum, o Bodemuseum, a Alte Nationalgalerie, o Neues Museum e, primus inter pares, o Pergamonmuseum. Abriga este último, entre inúmeras preciosidades, o célebre e monumental altar do Templo de Pérgamo e a Porta de Ishtar, de Babilónia. E apresenta ainda nas suas salas duas exposições, uma dedicada a Diónisos e outra ao "Regresso dos Deuses" (Die Rückkehr der Götter), esta evocando sistematicamente os deuses da Antiga Grécia.
Voltaremos aos museus nos próximos dias.
terça-feira, 28 de abril de 2009
BERLIM
Após uma semana em Berlim, regresso ao convívio com os meus eventuais leitores. A cidade mantém a sua imponência imperial e mesmo os novos edifícios, de arquitectura moderna, que substituíram os destruídos durante a Segunda Guerra, não destoam do conjunto na cidade prussiana que foi a capital do Terceiro Reich e é hoje, novamente, a capital da Alemanha.
Ao contrário de Lisboa, onde a construção prossegue desordenadamente, sem gosto e sem planos, Berlim, com os seus espaços verdes em quase todos os quarteirões, a sua limpeza, o seu trânsito automóvel disciplinado e relativamente reduzido, já que a maioria dos cidadãos utiliza a bicicleta ou os transportes públicos, constitui um exemplo que deveria ser imitado, mutatis mutandis, nesta outrora bela capital que é Lisboa.
A oferta cultural é abundante e, para além dos museus e das exposições, dos palácios e das igrejas, os espectáculos dos mais variados géneros são um permanente convite a umas horas de deleite espiritual. Vi, na Staatsoper, um Macbeth, protagonizado por Vladimir Stoyanov e com direcção musical de Julien Salemkour, à frente da Staatskapelle Berlin. Excelente espectáculo, ainda que a encenação fosse demasiado moderna para o meu gosto, mas já nos vamos habituando, por toda a parte, a ver óperas historicamente colocadas fora das suas épocas, o que provoca um óbvio desfasamento entre o que se diz ou canta em cena e a cena em si mesma, refiro-me evidentemente a cenário e figurinos. Quem não conhece a história nada perceberá. Explicar-lhe-ão depois!!! Na Philharmonie, ouvi, pela Berliner Philharmoniker, dirigida por Peter Eötvös, duas peças de Bach, orquestradas por Schönberg, o Idílio de Siegfried e o Requiem für einem jungen Dichter, de Zimmermann, composto em 1969, um ano antes da sua morte. Grande peça da música contemporânea, não faz, naturalmente as delícias dos amantes da música dos períodos anteriores. É interessante conhecer esta obra, mas os ouvidos habituados a Verdi, a Wagner, a Tchaikovsky, a Mozart, a Beethoven, dificilmente a apreciarão; talvez, por isso, muitas pessoas abandonaram o auditório antes do fim, apesar de se encontrarem na casa que, durante décadas, foi dirigida por Herbert von Karajan.
Nos próximos dias, compartilharei com os leitores mais algumas impressões desta estada.
Ao contrário de Lisboa, onde a construção prossegue desordenadamente, sem gosto e sem planos, Berlim, com os seus espaços verdes em quase todos os quarteirões, a sua limpeza, o seu trânsito automóvel disciplinado e relativamente reduzido, já que a maioria dos cidadãos utiliza a bicicleta ou os transportes públicos, constitui um exemplo que deveria ser imitado, mutatis mutandis, nesta outrora bela capital que é Lisboa.
A oferta cultural é abundante e, para além dos museus e das exposições, dos palácios e das igrejas, os espectáculos dos mais variados géneros são um permanente convite a umas horas de deleite espiritual. Vi, na Staatsoper, um Macbeth, protagonizado por Vladimir Stoyanov e com direcção musical de Julien Salemkour, à frente da Staatskapelle Berlin. Excelente espectáculo, ainda que a encenação fosse demasiado moderna para o meu gosto, mas já nos vamos habituando, por toda a parte, a ver óperas historicamente colocadas fora das suas épocas, o que provoca um óbvio desfasamento entre o que se diz ou canta em cena e a cena em si mesma, refiro-me evidentemente a cenário e figurinos. Quem não conhece a história nada perceberá. Explicar-lhe-ão depois!!! Na Philharmonie, ouvi, pela Berliner Philharmoniker, dirigida por Peter Eötvös, duas peças de Bach, orquestradas por Schönberg, o Idílio de Siegfried e o Requiem für einem jungen Dichter, de Zimmermann, composto em 1969, um ano antes da sua morte. Grande peça da música contemporânea, não faz, naturalmente as delícias dos amantes da música dos períodos anteriores. É interessante conhecer esta obra, mas os ouvidos habituados a Verdi, a Wagner, a Tchaikovsky, a Mozart, a Beethoven, dificilmente a apreciarão; talvez, por isso, muitas pessoas abandonaram o auditório antes do fim, apesar de se encontrarem na casa que, durante décadas, foi dirigida por Herbert von Karajan.
Nos próximos dias, compartilharei com os leitores mais algumas impressões desta estada.
domingo, 19 de abril de 2009
FAUSTO
Reapareceu nos escaparates de algumas lojas, a preço de saldo, a edição em DVD (legendada em português) do Fausto, de Goethe, realizado por Peter Gorski em 1960, a partir da produção teatral do Deutsches Schaulspielhaus, de Hamburgo. São intérpretes Will Quadflieg (na edição portuguesa chamam-lhe Quadfield), em Fausto, Gustaf Gründgens, em Mefistófeles e Ella Büchi, em Margarida.
Peter Gorski (n. 1921) realizou este filme (aliás, o único) graças ao empenho de seu pai adoptivo Gustaf Gründgens (1899-1963), que foi um dos maiores actores alemães do século passado. Na realidade, Gorski era amante de Gründgens, e foi adoptado com a finalidade de vir a herdar os seus bens. Gründgens, que se tornou célebre pelas suas interpretações do papel de Mefistófeles, do Fausto, de Goethe, beneficiou da protecção de Göring, mantendo uma relação de comprometimento com o nazismo que lhe permitiu prosseguir a sua carreira durante o período do Terceiro Reich.
A figura de Gründgens adquiriu uma projecção especial, e mundial, não só pela sua excelência como actor, mas igualmente por ter sido o protagonista do romance Mephisto, de Klaus Mann, que se tornou num dos mais famosos casos literários da Alemanha do século XX. Gründgens fora cunhado de Klaus Mann, o filho de Thomas Mann, por ter casado com sua irmã Erika e os três trabalharam no teatro, dando-se o caso de serem todos homossexuais, aliás como o próprio Thomas Mann. As relações singulares destas personagens reais (que poderiam sê-lo apenas de ficção) encontram-se descritas numa obra recente (2008), In the Shadow of the Magic Mountain, de Andrea Weiss. Gründgens, após o casamento com Erika (que durou de 1926 a 1929), casou uma segunda vez, em 1936, com a famosa actriz alemã Marianne Hoppe, relação que durou até 1946.
Klaus Mann suicidou-se em Cannes, em 1949; Gustaf Gründgens morreu em Manila, em 1963, de uma hemorragia interna (de facto, suicidou-se com uma dose mortal de comprimidos); Erika Mann, após uma vida tumultuosa, morreu em Zurich, em 1969, ocupando-se, nos últimos tempos, da publicação das obras do pai e do irmão.
Não admira que todas estas figuras tivessem uma atracção especial (e fatal) pela personagem de Mefistófeles, que Goethe imortalizou no seu Fausto, dando continuidade à antiga lenda germânica que já Marlowe tornara conhecida na velha Albion.
Peter Gorski (n. 1921) realizou este filme (aliás, o único) graças ao empenho de seu pai adoptivo Gustaf Gründgens (1899-1963), que foi um dos maiores actores alemães do século passado. Na realidade, Gorski era amante de Gründgens, e foi adoptado com a finalidade de vir a herdar os seus bens. Gründgens, que se tornou célebre pelas suas interpretações do papel de Mefistófeles, do Fausto, de Goethe, beneficiou da protecção de Göring, mantendo uma relação de comprometimento com o nazismo que lhe permitiu prosseguir a sua carreira durante o período do Terceiro Reich.
A figura de Gründgens adquiriu uma projecção especial, e mundial, não só pela sua excelência como actor, mas igualmente por ter sido o protagonista do romance Mephisto, de Klaus Mann, que se tornou num dos mais famosos casos literários da Alemanha do século XX. Gründgens fora cunhado de Klaus Mann, o filho de Thomas Mann, por ter casado com sua irmã Erika e os três trabalharam no teatro, dando-se o caso de serem todos homossexuais, aliás como o próprio Thomas Mann. As relações singulares destas personagens reais (que poderiam sê-lo apenas de ficção) encontram-se descritas numa obra recente (2008), In the Shadow of the Magic Mountain, de Andrea Weiss. Gründgens, após o casamento com Erika (que durou de 1926 a 1929), casou uma segunda vez, em 1936, com a famosa actriz alemã Marianne Hoppe, relação que durou até 1946.
Klaus Mann suicidou-se em Cannes, em 1949; Gustaf Gründgens morreu em Manila, em 1963, de uma hemorragia interna (de facto, suicidou-se com uma dose mortal de comprimidos); Erika Mann, após uma vida tumultuosa, morreu em Zurich, em 1969, ocupando-se, nos últimos tempos, da publicação das obras do pai e do irmão.
Não admira que todas estas figuras tivessem uma atracção especial (e fatal) pela personagem de Mefistófeles, que Goethe imortalizou no seu Fausto, dando continuidade à antiga lenda germânica que já Marlowe tornara conhecida na velha Albion.
segunda-feira, 13 de abril de 2009
FRANÇOIS MAURIAC
Publicou recentemente Jean-Luc Barré uma biografia de Mauriac intitulada François Mauriac: biographie intime. Nela, alude o autor às preferências homossexuais do grande escritor francês, aliás de há muito conhecidas, embora o próprio sempre se tenha esforçado por escamoteá-las, e que são agora trazidas ao leitor com novos e abundantes pormenores.
A propósito do livro, escreve Jean Daniel no editorial do "Nouvel Observateur" desta semana:
"... Et puis voilà que l'on s'est mis à parler, et avec quelle complaisance, de l'homosexualité supposée ou probable de François Mauriac. A ce propos, un auteur dont les écrits ne nous avaient pas eté indifférents a choisi d'écrire une «Biographie intime». L'adjectif intime n'est pas innocent car l'ouvrage de Jean-Luc Barré concerne essentiellment l'homosexualité. Au point qu'il n'hésite pas à égratigner au passage ceux qui n'ont pas cru devoir se livrer à une enquête exhaustive sur les inclinations de notre grand écrivain..."
"...En réalié, et cela concerne le gidien que je suis, ce dont on accuse Jean Lacouture, c'est d'avoir privé Mauriac du bénéfice de cette homosexualité latente qui l'aurait conduit à prendre le parti des Basques républicains massacrés par les armées de Franco. Sans cette disposition, prétend-on, Mauriac aurait soutenu Vichy et Pétain contre De Gaulle! Il ne se serait pas investi dans la lutte contre le colonialisme, n'aurait pas chanté les vertus de Mendès-France et ne serait pas passé du «Figaro» à «l'Express» (celui de Servan-Schreiber). Même Gide qui, lui, revendiquait avec éclat son homosexualité aurait refusé d'attribuer son soutien à la cause des Noirs africains contre les Blancs au fait qu'il avait eu certains penchants pour de jeunes Congolais. Arrêtons ce délire! Encore une fois, pour Mauriac, voyez Lacouture!"
Admira-me que Jean Daniel, um homem inegavelmente inteligente e culto, possa extrair semelhante conclusão. Que dizer então das passagens de Gide, Montherlant, Genet, Paul Bowles, Tennessee Williams, William Burroughs, Oscar Wilde e tantos outros pelo Norte de África? Qual a razão do absoluto empenhamento de Genet a favor dos palestinianos? Porque motivo Pierre Loti se apaixonou pela Turquia? E tanto mais que haveria para dizer. Não, Jean Daniel! Como observou Ortega y Gassett o HOMEM é sempre ele e a sua circunstância. E nestes casos, as circunstâncias são sobejamente conhecidas!!!
A propósito do livro, escreve Jean Daniel no editorial do "Nouvel Observateur" desta semana:
"... Et puis voilà que l'on s'est mis à parler, et avec quelle complaisance, de l'homosexualité supposée ou probable de François Mauriac. A ce propos, un auteur dont les écrits ne nous avaient pas eté indifférents a choisi d'écrire une «Biographie intime». L'adjectif intime n'est pas innocent car l'ouvrage de Jean-Luc Barré concerne essentiellment l'homosexualité. Au point qu'il n'hésite pas à égratigner au passage ceux qui n'ont pas cru devoir se livrer à une enquête exhaustive sur les inclinations de notre grand écrivain..."
"...En réalié, et cela concerne le gidien que je suis, ce dont on accuse Jean Lacouture, c'est d'avoir privé Mauriac du bénéfice de cette homosexualité latente qui l'aurait conduit à prendre le parti des Basques républicains massacrés par les armées de Franco. Sans cette disposition, prétend-on, Mauriac aurait soutenu Vichy et Pétain contre De Gaulle! Il ne se serait pas investi dans la lutte contre le colonialisme, n'aurait pas chanté les vertus de Mendès-France et ne serait pas passé du «Figaro» à «l'Express» (celui de Servan-Schreiber). Même Gide qui, lui, revendiquait avec éclat son homosexualité aurait refusé d'attribuer son soutien à la cause des Noirs africains contre les Blancs au fait qu'il avait eu certains penchants pour de jeunes Congolais. Arrêtons ce délire! Encore une fois, pour Mauriac, voyez Lacouture!"
Admira-me que Jean Daniel, um homem inegavelmente inteligente e culto, possa extrair semelhante conclusão. Que dizer então das passagens de Gide, Montherlant, Genet, Paul Bowles, Tennessee Williams, William Burroughs, Oscar Wilde e tantos outros pelo Norte de África? Qual a razão do absoluto empenhamento de Genet a favor dos palestinianos? Porque motivo Pierre Loti se apaixonou pela Turquia? E tanto mais que haveria para dizer. Não, Jean Daniel! Como observou Ortega y Gassett o HOMEM é sempre ele e a sua circunstância. E nestes casos, as circunstâncias são sobejamente conhecidas!!!
quinta-feira, 9 de abril de 2009
SALAZAR II
No livro recém-publicado Salazar, o maçon, de Costa Pimenta, afirma o autor que o antigo presidente do Conselho de Ministros teria pertencido à Ordem Maçónica. Para isso se baseia numa série de premissas de que retira conclusões tidas como irrefutáveis.
Muito se tem escrito nos últimos anos sobre Salazar, desde a biografia que lhe consagrou Franco Nogueira até a obras de veracidade discutível, algumas fruto de imaginações delirantes. Não se esperava, porém, que alguém viesse sustentar que Salazar fora maçon. Embora sempre rodeado de maçons, como o Marechal Carmona ou o conselheiro Albino dos Reis, para citar apenas um presidente da República e um presidente da Assembleia Nacional, a política de Salazar sempre pareceu contrária à Maçonaria, nomeadamente a partir da célebre lei das Associações Secretas, de 1935, cujo projecto se deveu ao deputado José Cabral.
O livro de Costa Pimenta é, antes de tudo, um manual de introdução à Maçonaria (à Maçonaria Simbólica e à Maçonaria dos Altos Graus), transcrevendo largas passagens dos rituais adoptados em Portugal ou no estrangeiro, e acrescentando em apêndice o "Cobridor Geral dos XXXIII Graus". De todas estas transcrições e de algumas afirmações de Salazar extrai Costa Pimenta a conclusão de que Salazar era Maçon. Mais escreve o autor, na Conclusão da obra: "Por outro lado, se Salazar era maçon, então os seus escritos dizem muito mais do que aparentam dizer. Na verdade, os maçons escrevem da seguinte maneira: [C]om um «positivo» de leitura directa e acessível aos profanos e um «negativo», apenas decifrável por um restrito universo de iniciados. Por conseguinte, os escritos de Salazar serão uma mina de informações, embora só ao alcance de um número restrito de pessoas. Realmente, usando o idioma maçónico, Salazar diz, por exemplo, de Portugal, da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra e do Cardeal Cerejeira coisas verdadeiramente surpreendentes." É pena que Costa Pimenta nada nos diga sobre essas coisas, que ele provavelmente sabe, já que tão bem utiliza a linguagem maçónica na sua obra. A menos que reserve tão extraordinárias revelações para um próximo livro.
Anunciado como "um documento histórico único", apresentando "factos inéditos" e revelando "todas as provas ocultas", o livro apenas demonstra o elevado grau de conhecimentos maçónicos do seu autor, sendo substantivamente inconclusivo quanto à alegada filiação maçónica de Salazar. Ainda que num ou noutro ponto se verifique, realmente, uma identificação da linguagem de Salazar com os princípios da Maçonaria.
O que a História até hoje registou (publicamente) foi que Salazar sempre se comportou como um adversário daquela Augusta Ordem. Para que a História possa ser revista são necessárias provas inequívocas que não as conclusões extraídas por Costa Pimenta.
Até lá...que seja trabalhada a pedra bruta.
Muito se tem escrito nos últimos anos sobre Salazar, desde a biografia que lhe consagrou Franco Nogueira até a obras de veracidade discutível, algumas fruto de imaginações delirantes. Não se esperava, porém, que alguém viesse sustentar que Salazar fora maçon. Embora sempre rodeado de maçons, como o Marechal Carmona ou o conselheiro Albino dos Reis, para citar apenas um presidente da República e um presidente da Assembleia Nacional, a política de Salazar sempre pareceu contrária à Maçonaria, nomeadamente a partir da célebre lei das Associações Secretas, de 1935, cujo projecto se deveu ao deputado José Cabral.
O livro de Costa Pimenta é, antes de tudo, um manual de introdução à Maçonaria (à Maçonaria Simbólica e à Maçonaria dos Altos Graus), transcrevendo largas passagens dos rituais adoptados em Portugal ou no estrangeiro, e acrescentando em apêndice o "Cobridor Geral dos XXXIII Graus". De todas estas transcrições e de algumas afirmações de Salazar extrai Costa Pimenta a conclusão de que Salazar era Maçon. Mais escreve o autor, na Conclusão da obra: "Por outro lado, se Salazar era maçon, então os seus escritos dizem muito mais do que aparentam dizer. Na verdade, os maçons escrevem da seguinte maneira: [C]om um «positivo» de leitura directa e acessível aos profanos e um «negativo», apenas decifrável por um restrito universo de iniciados. Por conseguinte, os escritos de Salazar serão uma mina de informações, embora só ao alcance de um número restrito de pessoas. Realmente, usando o idioma maçónico, Salazar diz, por exemplo, de Portugal, da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra e do Cardeal Cerejeira coisas verdadeiramente surpreendentes." É pena que Costa Pimenta nada nos diga sobre essas coisas, que ele provavelmente sabe, já que tão bem utiliza a linguagem maçónica na sua obra. A menos que reserve tão extraordinárias revelações para um próximo livro.
Anunciado como "um documento histórico único", apresentando "factos inéditos" e revelando "todas as provas ocultas", o livro apenas demonstra o elevado grau de conhecimentos maçónicos do seu autor, sendo substantivamente inconclusivo quanto à alegada filiação maçónica de Salazar. Ainda que num ou noutro ponto se verifique, realmente, uma identificação da linguagem de Salazar com os princípios da Maçonaria.
O que a História até hoje registou (publicamente) foi que Salazar sempre se comportou como um adversário daquela Augusta Ordem. Para que a História possa ser revista são necessárias provas inequívocas que não as conclusões extraídas por Costa Pimenta.
Até lá...que seja trabalhada a pedra bruta.
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