quinta-feira, 17 de abril de 2014

O PALÁCIO DAS ÁGUIAS




O Palácio das Águias, na Junqueira, imóvel de interesse público, encontra-se em estado de profunda degradação. Para lá do roubo de parte dos azulejos do século XVIII e da talha dourada da capela, o edifício tem sido vandalizado e a quinta envolvente apresenta um aspecto de total abandono.

Sobre a construção, transcrevemos a notícia publicada num site da Câmara Municipal de Lisboa:



Este palácio é parte integrante da Quinta das Águias ou de Diogo Mendonça,classificada como Imóvel de Interesse Público,a qual teve a sua origem no aforamento parcelar do domínio dos Saldanha e Albuquerque.O núcleo primitivo da actual edificação,datado de 1713,foi adquirido por Diogo de Mendonça Corte-Real,filho do Estadista homónimo,Secretário de Estado de D. João V,em 1731,que terá realizado profundas obras na casa e na propriedade,datando dessa época a construção da capela,assim como o delineamento do jardim.Tendo passado por várias mãos,a quinta veio a ser adquirida,em 1841,por José Dias Leite Sampaio,Visconde da Junqueira,e já no séc. XX pelo Dr. Fausto Lopo Patrício de Carvalho,que efectuou uma intervenção profunda com a ajuda dos arqs. Vasco Regaleira e Jorge Segurado.O palácio,de planta regular em forma de quadrilátero,    desenvolve-se  através de um conjunto de volumes de 3 pisos,articulados entre si,realçado nos cantos por torreões salientes de secção quadrada,cujas coberturas,de telha vidrada com beirais salientes,em tronco de pirâmide com mansardas,são sobrepostas por pirâmides de maior abertura.Na fachada principal,de 2 andares e mansarda,o avanço dos torreões formou uma reentrância que corresponde a um alpendre,cuja zona central,apresenta uma arquitrave,em curva,que acompanha a elevação da entrada nobre,de arco de volta inteira,com frontão triangular sobre pilastras.No interior merecem especial referência:a capela,datada de 1748,de planta quadrada,com galeria superior limitada por balaustrada de madeira e silhares de azulejos setecentistas,com pintura ornamental polícroma na sanca e uma pintura atribuída a Quillard;a porta do átrio,guarnecida a cantaria e enriquecida por portal de ferragem portuguesa,da autoria de Vasco Regaleira,rematado pela águia heráldica dos Sampaios;e várias salas com tectos de estuque branco relevados.O jardim apresenta traçado setecentista,com muretes de azulejos azuis e brancos representando cenas de caça,bustos de mármore e espécies vegetais notáveis.
 
 
 
Tratando-se de um património de relevante interesse cultural, ainda que propriedade privada, pergunta-se: o que tem feito a Câmara Municipal de Lisboa pela recuperação do imóvel, numa zona privilegiada em que existem o Palácio Ribeira Grande, em ruínas, o Palácio Burnay, a precisar de um urgente restauro, o palácio dos Condes da Ponte, o Palácio dos Condes da Ega, com o magnífico salão Pompeia, o Palácio Angeja e o Palácio Lázaro Aranha?

3 comentários:

Unknown disse...

Que país somos, que país queremos ser, quando deixamos degradar a este ponto o nosso património colectivo? Sinto uma revolta muito grande quando me apercebo destas coisas.
Não, não foi este o país onde nasci.
Francisco Henriques da Silva

Anónimo disse...

Infelizmente, a preservação do património construído não é uma prioridade política. Acabará certamente remodelado com objectivos meramente economicistas, eventualmente turísticos, com projecto de remodelação mantendo as fachadas e pouco mais. Tem sido esta a política orientadora da CML para estes casos.
José Maria Amador

Carlos T disse...

Interesses Economicos, vandalismo e selvajaria...
Compreendo que há fome, há miséria e uma grande crise financeira. A Camara e o Estado podem ter outras prioridades.
Este Palácio tem sido concerteza comprado e revendido várias vezes objecto de expeculações imobiliárias. Se calhar é mais rentável que o interior caia e apodreça pois é mais barato construir e melhor para reorganizar espaços interiores.
É uma vergonha!