Fui hoje à Loja do Cidadão dos Restauradores tratar da revalidação da minha carta de condução. Preenchi cuidadosamente todos os impressos, porque conheço o zelo inquisitorial com que os funcionários dos serviços públicos analisam todos os papéis. O pedido de revalidação deve ser entregue em duplicado, cada exemplar com uma fotografia colada. EM DUPLICADO, PARA QUÊ? Enfim, procedi em conformidade com as instruções.
Depois de esperar quase duas horas, fui atendido. Para meu espanto, a funcionária reparou que o meu bilhete de identidade (vitalício), que mencionava o concelho e a freguesia, estava desactualizado, já que o local da minha residência fora elevado a freguesia, dentro do mesmo concelho. Assim, e como já não há bilhetes de identidade, deveria requerer o cartão do cidadão, que poderia obter num balcão da mesma Loja do Cidadão. A ela me dirigi mas, não obstante estarmos no princípio da tarde, já não havia senhas.
Voltarei amanhã, sem saber muito bem o que me espera.
Pergunto: que interessa a freguesia no bilhete de identidade, se não figura a morada? O concelho não basta? E também posso mudar-me sem dizer nada a ninguém. A verdade é que continuamos a viver enredados numa teia burocrática que nenhum simplex resolve, pelo contrário. A desconfiança permanente no cidadão, que não evita a prática sempre crescente de crimes, como diariamente se constata, é uma constante dos governantes deste país, supostamente democrático. Quem tem necessidade de obter quaisquer documentos, logo se vê envolvido num processo kafkiano que só com muito paciência, habilidade e em muitos casos dinheiro consegue ultrapassar.
A maioria dos governantes deste país desde 1974, e digo a maioria e não a totalidade porque existiram e existem algumas pessoas de comprovada idoneidade e competência, tratou mais dos seus interesses do que dos interesses da população. Era tempo de se proceder realmente a uma simplificação de procedimentos autêntica e não apenas aparente. A situação com que fui hoje confrontado, e que até poderá ser uma exigência ilegal da funcionária, já que o meu bilhete é vitalício e não mudei de residência, a residência é que mudou de freguesia, facto político ao qual sou absolutamente alheio, comprova o que o que acabei de escrever.
Os portugueses ainda têm de fazer um esforço, um grande esforço, para serem democratas, mas não acredito que o façam!
terça-feira, 24 de março de 2009
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