tag:blogger.com,1999:blog-2298776560388969480.post4363766186718027950..comments2024-01-24T23:33:46.711+00:00Comments on Do Médio-Oriente e afins: A ANTIGA CAPARICA EM VERSÃO GAULESABlogue de Júlio de Magalhãeshttp://www.blogger.com/profile/08568515322552353410noreply@blogger.comBlogger1125tag:blogger.com,1999:blog-2298776560388969480.post-31103335283723165382013-06-20T02:31:28.673+01:002013-06-20T02:31:28.673+01:00No tempo em que não havia internet e tanta oferta ...No tempo em que não havia internet e tanta oferta em termos de estabelecimentos nocturnos, praias, parques, matas ou urinóis eram o local onde os homossexuais e os bissexuais matavam a solidão. <br /><br />No Algarve também existem «Caparicas», a praia de Cacela Velha, a oeste da Manta Rota, ou a Praia do Submarino, perto de Portimão, entre outras. As dunas e o matagal entre a Manta Rota e Cacela Velha funcionam como ponto de encontro para andaluzes, algarvios e turistas nacionais e do Norte da Europa. Contudo, as gerações lusitanos mais novas, com menos de 30/35 anos, nutrem algum preconceito por estes locais. No Algarve, na praia de Cacela Velha, são andaluzes ou ingleses, homo ou bissexuais, na casa dos 20, que ocupam o areal e convivem com os amigos. Neste tipo de pontos de encontro, o português prefere caminhar de passagem, como que perdido, fingindo que não sabe o que se passa à sua volta. Curiosamente são os portugueses mais velhos (acima dos 35/40) os mais desinibidos.<br /><br />No Norte e Centro tambémm houve praias do género. Creio que algumas ainda mantém «actividade». <br /><br />Com o aparecimento da internet, as novas gerações habituaram-se a procurar amigos ou parceiros sexuais em salas de chat e sites de perfis. Em frente a um ecrã satisfazem fantasias e tudo acaba por não passar de uma conversa de internet. No passado, a sexualidade era vivida de uma forma mais humana. E portanto, mais saudável. <br /><br />Resta acrescentar que num passado recente houve a vivência da sexualidade entre homens nos quartéis e na guerra colonial. O meu professor de condução, um senhor com perto de 70 anos, ex-sindicalista, culto e moderno, contou-me que quando esteve na tropa tomou conhecimento de dois relacionamentos homossexuais entre tropas, que duraram enquanto permaneceram no quartel. Relata que havia tolerância para estas situações, desde que houvesse discrição. Num desses relacionamentos estava envolvido o seu melhor amigo, que acabaria por casar, mantendo contudo o contacto com o amante. <br /><br />Acrescento ainda que em Coimbra, durante décadas, a estrada de Bencanta, junto ao rio Mondego, funcionou como local de «cruising». Um frequentador relatou-me que nos anos mais movimentados do local, ao Sábado pela noite, havia dezenas de carros a passear pela escura estrada. Esse frequentador contou-me ainda que ao longo de anos conheceu por lá médicos do HUC, professores da Universidade, padres italianos de passagem por Fátima, homens casados de todas as idades, prostitutos, estudantes. Mas o que mais me impressionou foram estas palavras: «nós não vamos lá para engatar; vamos para conversar, conviver; por vezes conheço alguém e podemos estar horas só a conversar dentro dos carros». <br /><br />Uma sociedade que ainda reprime a vivência livre entre adultos da sexualidade inata só gera solidão, logo sofrimento. <br /><br />Saudações cordiais. Zephyrusnoreply@blogger.com