domingo, 29 de janeiro de 2012

PLUS C'EST GROS, MIEUX ÇA PASSE


Como previ neste blogue, a Síria encontra-se praticamente mergulhada numa guerra civil. Muitos ingénuos, alguns idiotas úteis e os tradicionais agentes das potências ocidentais, para melhor chegarem ao Irão e com o Iraque já domesticado, estão agora ferozmente empenhados na agitação na Síria.

Qualquer observador minimamente dotado sabe que o regime de Damasco era muito diferente dos regimes tunisino, egípcio ou líbio. A revolta na Tunísia começou, crê-se, com um acto espontâneo que desencadeou uma revolução. No Egipto houve a preocupação de imitar a Tunísia, embora as manifestações da praça At-Tahrir estivessem já programadas para uns meses mais tarde. Aconteceu o que sabemos mas não sabemos ainda o que vai acontecer. Na Líbia tratou-se de uma invasão descarada da NATO, em que os governantes ocidentais, perdida que foi a mais elementar decência, nem se preocuparam em disfarçar a intervenção militar. Resta que os partidários do defunto Qaddafi (certamente um homem pouco recomendável) já reconquistaram Bani Walid às forças do governo provisório e vão dar muito que fazer ao novo poder instalado em Tripoli.

Na Síria tudo é diferente. Não que o regime de Bachar Al-Assad não tenha um carácter ditatorial, mas certamente muito menos acentuado que o dos estados totalitários que são as monarquias do Golfo, com as quais o dito Mundo Ocidental obviamente não se preocupa. A Síria encontrava-se, antes do começo do levantamento "popular" num caminho de reformas políticas, suaves, com certeza, mas progressivas. E o país conhecia um acelerado desenvolvimento económico e um incessante afluxo de turistas, desejosos de visitar o território que foi berço das mais antigas civilizações mundiais.

Parece, contudo, que o Ocidente, com a complacência da Liga Árabe e o apoio do Conselho de Cooperação do Golfo se empenham em derrubar o actual regime sírio, o que constituirá uma catástrofe ainda maior do que a verificada no Iraque, aquando da sinistra invasão anglo-americana.

O emir Al-Thani, do Qatar, é uma marioneta na mão dos americanos, e até a sua televisão Al-Jazira passou a deformar os factos para melhor sustentar a propaganda dos órgãos de informação estrangeiros.

Gostaria de ver os "democratas" ocidentais organizarem  uma acção militar contra os soberanos da Península Arábica. Talvez um dia, mas só quando lhes faltar o petróleo, pois de direitos humanos eles não cuidam.

É claro que têm morrido, desde o começo das hostilidades, vários milhares de sírios: civis, militares, desertores, manifestantes, terroristas tout court. Mas as notícias tendem sempre a favorecer o recém-criado Conselho da Oposição, que ninguém elegeu, ninguém chefia, e não tem nenhum programa para apresentar à população.

Têm sido postas a correr as notícias mais inverosímeis e contraditórias sobre os factos no terreno. As agências de desinformação trabalham activamente face a uma resistência que não esperavam encontrar. E os governos ocidentais lançam para o ar as maiores enormidades sobre o conflito, até porque já não lhes resta pingo de vergonha.

Como dizem os franceses: PLUS C'EST GROS, MIEUX ÇA PASSE.

1 comentário:

Anónimo disse...

Já ninguém tem vergonha, se é que alguma vez a tiveram. A Síria será um inferno quando e se o regime cair. é disso precisamente que os americanos estão á espera mais alguns imbecis como Sarkozy, Cameron ou Merkel. Que mundo desgraçado.