sábado, 24 de julho de 2010

À SOMBRA DE CRISTO E DE CARLOS-QUINTO



O Teatro Nacional da Baviera, vulgo Ópera de Munique, apresentou no dia 18 deste mês uma nova produção de Don Carlo, ópera que há anos não era reposta naquela cena lírica. Tratou-se de um grande espectáculo, quer do ponto de vista musical, quer do ponto de vista cénico.



A Bayerisches Staatsorchester, dirigida por Marco Armiliato, teve uma prestação de alto nível, o mesmo se podendo dizer dos cantores. Integravam o elenco, nos principais papéis, René Pape (Filipe II), Ramón Vargas (Don Carlo), George Petean (Rodrigo), Paata Burchuladze (Grande Inquisidor), Christian Van Horn (Um Monge/Carlos-Quinto), Olga Guryakova (Elisabetta) e Nadia Krasteva (Eboli). Foram especialmente apreciadas as intervenções da búlgara Nadia Krasteva e do romeno George Petean, o que continua a demonstrar a excelência dos cantores do Leste europeu, que nos deu figuras tão famosas como Boris Christoff ou Nicolai Ghiaurov.

A encenação de Jürgen Rose, também autor do cenário e figurinos, é uma criação notável (apesar de uns ligeiríssimos toques de gosto duvidoso) mas também polémica, concebida à sombra da Cruz e do espírito do sommo imperatore Carlos-Quinto, que já havia inspirado Schiller, Verdi e Boito.

Carlos-Quinto, pintado pelo Tiziano - Munique, Alte Pinakothek
Parece que esta produção não será editada em DVD (segundo informações locais) o que, a ser verdade, profundamente se lamenta e constituirá motivo de irritação para todos os melómanos do mundo. Na verdade, não sendo possível descrever em poucas palavras esta encenação (aliás, quaisquer palavras trairiam a realidade), apenas a visualização do espectáculo permitirá aquilatar da excelência da sua concepção. Considero pessoalmente que Don Carlo é uma das melhores óperas de Verdi e de todo o repertório lírico, para não dizer a mais importante, já que é sempre prudente, nestas matérias, não pronunciar juízos absolutos.

2 comentários:

Anónimo disse...

Primeira reacção: a da pura inveja,por não poder assistir a esse acontecimento. Espero que o Ramon Vargas não estivesse rouco,como aconteceu num recital frustrado em S.Carlos há uns anos,e gostave de ouvir ao vivo como o actualíssimo Paata se compara com o para mim inultrapassável modelo de Inquisidores,evidentemente o Martti Talvela,por exemplo no D.Carlos do Solti. São experiências como a que teve o privilégio de partilhar em Munique que nos fazem pensar que sempre há algumas coisas que nunca nos podem desiludir, e que na memória ficam mais preciosas do que outras que nos pareciam no imediato mais irresistiveis e envolventes. Há proustianismo por aqui? Há e ainda bem.

Anónimo disse...

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