quarta-feira, 30 de novembro de 2011

ATAQUE EM ISTAMBUL


Palácio Topkapi (entrada)

Um homem armado disparou hoje vários tiros no interior do Palácio Topkapi, uma das principais atracções turísticas de Istambul, ferindo um soldado e um guarda, antes que os snipers da polícia turca o tivessem abatido. Muitos dos turistas que na altura visitavam a antiga residência dos sultões otomanos atiraram-se para o chão, enquanto se sucediam os disparos.

Palácio Topkapi (vista aérea)

Segundo a Associated Press, o homem, um líbio com nacionalidade síria e que teria entrado na Turquia há três dias, chegou ao palácio num carro de matrícula síria minutos depois do ministro turco dos Negócios Estrangeiros ter anunciado a aplicação à Síria de severas sanções económicas.

Os tiros ouviram-se no exterior das muralhas que cercam os vários edifícios que compõem o palácio, a histórica zona de Sultanahmet, que inclui a antiga catedral de Santa Sofia e a Mesquita Azul, e provocaram algum pânico entre as pessoas que se encontravam no local.

Segundo informações de fontes oficiais não identificadas, o atacante, líbio/sírio como escrevemos, tinha 36 anos e chamava-se Samir Salem Ali Elmadhravi. As novas autoridades da Líbia declararam entretanto não ter informações sobre o autor dos disparos.

Dada a actual posição da Turquia em relação à Síria, existe o receio de que possam ser cometidos mais atentados em território turco, especialmente nos locais turísticos, e também em França, Reino Unido e Estados Unidos, países que têm defendido maiores sanções ao regime de Damasco, incluindo mesmo uma acção militar.

Considerando as pressões igualmente exercidas sobre Teerão nesta altura, é de prever um agravamento da situação no Médio Oriente, com consequências imprevisíveis.

O ANÚNCIO FEITO A LONDRES


Dezenas de jovens iranianos, presumivelmente estudantes, assaltaram ontem, por duas vezes, a embaixada do Reino Unido em Teerão, saquearam o interior e substituíram no mastro a bandeira britânica pela iraniana. O edifício foi apedrejado, muitos documentos queimados e trazido para o exterior o retrato da rainha Isabel II, enquanto os manifestantes gritavam "morte à Inglaterra", e também "morte à América" e "morte a Israel". Foi também ocupada durante algumas horas a residência do embaixador expulso pelo Irão.


Iran : l'ambassade de Grande-Bretagne prise... por Nouvelobs

Este incidente verifica-se na altura em que o governo de Londres decidiu aplicar sanções ao Irão, devido às suspeitas que existem sobre o programa nuclear iraniano. Como medida de retaliação, o Irão expulsara já o embaixador britânico e no parlamento iraniano um deputado anunciou que poderia repetir-se na embaixada inglesa o mesmo cenário verificado em 1979 na embaixada dos Estados Unidos, com a tomada de reféns.

Segundo a agência noticiosa Fars, as forças de segurança conseguiram travar o ataque, levado a cabo por uma minoria da grande multidão que protestava frente à embaixada.

O governo britânico manifestou-se profundamente chocado e o Conselho de Segurança condenou severamente o saque da embaixada. Barack Obama qualificou o ataque de inaceitável.

Aguarda-se agora o desenvolvimento da situação, numa altura em que o Ocidente exige a queda do regime de Bachar Al-Assad, na Síria, e que segue para a base naval síria de Tartus uma frota de navios de guerra russos, entre os quais o porta-aviões "Almirante Kuznetsov", numa manifestação musculada de apoio ao governo de Damasco.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

DIA INTERNACIONAL DE SOLIDARIEDADE COM O POVO PALESTINIANO


Em 29 de Novembro de 1947, a Assembleia Geral das Nações Unidas adoptou a resolução 181 (II) sobre a partilha da Palestina em dois estados, um árabe e um judaico, com um regime especial para Jerusalém. Destes, só o estado judaico foi constituído, com a proclamação de independência de Israel em 1948. Por isso, em 1977, volvidos 30 anos, "profundamente preocupada por não ter sido alcançada nenhuma solução para o problema da Palestina, e por este continuar a agravar o conflito no Médio Oriente, de que é o cerne, e a pôr em perigo a paz e a segurança internacionais", a Assembleia Geral da ONU adoptou a resolução 32/40 B que proclamou 29 de Novembro como o Dia Internacional de Solidariedade com o Povo Palestiniano, convidando "todos os Governos e organizações a cooperar na implementação da presente resolução".

O PROBLEMA CONTINUA! 


IMPORTA QUE SEJA RESOLVIDO, RAPIDAMENTE, A BEM DO POVO PALESTINIANO E DA PAZ NO MUNDO.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

EUNICE MUÑOZ


Eunice Muñoz, uma das maiores actrizes portuguesas, completou hoje 70 anos de carreira no teatro. O presidente da República condecorou-a, de manhã, no Palácio de Belém, com a grã-cruz da Ordem do Infante D. Henrique. À noite, no final da estreia da peça O Cerco de Leninegrado, de José Sanchis Sinisterra, no Auditório Municipal Eunice Muñoz, o presidente da Câmara Municipal de Oeiras colocou-lhe ao peito a Medalha de Ouro do município.

Tenho o privilégio de ser amigo de Eunice desde há mais de 40 anos. Por isso, este blogue não poderia ser alheio à efeméride. Renovo aqui as felicitações que lhe dirigi pessoalmente e faço votos para que todos possamos, ainda por muito tempo, desfrutar do seu talento.

domingo, 27 de novembro de 2011

AS VITÓRIAS DOS PARTIDOS ISLÂMICOS

Abdelilah Benkirane

O ministério do Interior marroquino anunciou hoje que o Partido da Justiça e do Desenvolvimento (PJD), um partido islamista (ainda que considerado  moderado), ganhou as eleições legislativas desta semana, obtendo 107 dos 395 lugares do parlamento.

O Partido Istiqlal (independência), do actual primeiro-ministro Abbas El-Fassi, ficou em 2ª posição, obtendo 60 lugares e o Rassemblement National des Indépendants (RNI), de Salaheddine Mezuar, obteve 52 lugares.

Assim, o rei Mohamed VI deverá convidar o secretário-geral do PJD, Abdelilah Benkirane, para formar governo. Os islamistas, que ganharam as eleições na Tunísia, que ganharão certamente as eleições que amanhã começarão (espera-se)  no Egipto, que se instalaram com a ajuda da NATO (?!?) na Líbia e que procuram derrubar o governo sírio de Bachar Al-Assad, estão a apoderar-se, pela via democrática, da governação do mundo árabe.

A solução será o Islão, como proclamam os Irmãos Muçulmanos, ou o Islão significará um retrocesso no capítulo dos direitos humanos, como são entendidos, mas mediocremente respeitados, no Mundo Ocidental? É exportável a Democracia, como, apesar das suas progressivas limitações, ainda a entendemos na Europa?

Todas estas questões, e muitas outras, terão resposta no decorrer do próximo ano.

CONSAGRAÇÃO DO FADO



Após uma saga de vários anos (e muitas peripécias e politiquice), o Fado foi hoje consagrado pela UNESCO como património cultural imaterial da Humanidade. Vingou assim, finalmente, a candidatura portuguesa formalizada pela Câmara Municipal de Lisboa (não sei porque não foi protagonizada pelo ex-Ministério da Cultura), o que permitiu a António Costa perorar na sessão em Bali.

Ignoro quais as reais vantagens desta decisão, para lá de um aspecto simbólico, mas sendo ou não "património da Humanidade", nada poderá apagar certas vozes, maxime, a de Amália Rodrigues.

A FEITICEIRA DE DAMASCO



Armida, de Rossini: Renée Fleming e Lawrence Brownlee; MET, direcção musical de Riccardo Frizza (2010)



Que a feiticeira Armida, princesa de Damasco, consiga o milagre de fazer regressar a paz à Síria.

sábado, 26 de novembro de 2011

INIQUIDADE


Uma coisa é admitir que o país tem de se submeter a uma rigorosa austeridade durante os tempos mais próximos, num horizonte indefinido. Outra é aceitar que os sacrifícios que essa austeridade implica sejam exigidos de forma desproporcionada ao povo português.

O exemplo até agora mais flagrante é a suspensão do pagamento dos subsídios de Natal e de férias aos trabalhadores da função pública e aos pensionistas. Trata-se de uma medida iníqua, como até já o deu a entender o presidente da República. E Mário Soares, com o seu indesmentível faro político, alertou ainda há dias para as consequências de serem pedidos sacrifícios para além dos limites do razoável.

Parece que Passos Coelho não cede nesta matéria, em concordância com o inefável ministro Vítor Gaspar. E haveria alternativas a essa medida. Recordo que, por exemplo, Rui Rio, destacado militante social-democrata, propôs que o corte dos subsídios fosse substituído por um imposto, de igual montante de receita, aplicado sobre todos os cidadãos. Não prejudicando as metas orçamentais previstas, seria esta uma proposta de equidade. Mas o governo não aceita. E não aceita por uma razão muito simples: o que este governo pretende não é suspender o pagamento destes subsídios mas eliminá-los definitivamente do quadro das obrigações do Estado. Passos Coelho talvez não desejasse tomar esta decisão, concedo. Mas está refém das imposições de Angela Merkel e não tem coragem para se lhe opor. Admito até que Merkel não goste muito de proferir um diktat desta natureza. Mas está ela mesma refém das instâncias do Reich e, pior, do "governo mundial", assunto sobre o qual não nos debruçaremos agora. Direi tão só que o objectivo desse "governo" é a pauperização da maior parte da população do mundo, a sua redução ao esclavagismo, em detrimento de uma percentagem mínima de cidadãos, os "sábios", que passariam a governar discricionariamente o planeta.

É por isso que me aflige ver certos idiotas úteis, como o secretário-geral Seguro que, numa atitude que se não fosse trágica seria risível, veio dizer que o PS se abstinha (violentamente) na votação do próximo Orçamento de Estado, antes de apresentar quaisquer propostas ou da discussão das mesmas. De resto, as propostas posteriormente apresentadas, a medo, pelo Partido Socialista são como a pobreza envergonhada. Umas propostas que pretendem disfarçar a prévia e incondicional cedência. Como poderá o PS e o seu grupo parlamentar acompanhar o secretário-geral, sem cair na desonra? Quem faz oposição ao governo não é este PS (que acabará por ser remetido para a inutilidade e acabará nas vascas da agonia, com grande satisfação do PCP e do BE), quem se opõe mais aberta ou sibilinamente é Mário Soares e o próprio presidente da República, que apesar de um mandato pouco brilhante já se apercebeu do apocalipse que se avizinha.

Aguardemos!

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

RONALDINHO GAÚCHO


Segunda informa o "Correio da Manhã", o futebolista brasileiro Ronaldinho Gaúcho filmou um vídeo frente ao seu computador, enquanto praticava actos íntimos. O vídeo publicado na versão online daquele jornal está censurado, mas a versão integral no Youtube, neste momento também já censurada, não mostrava, como foi afirmado, os órgãos sexuais do jogador.

Este vídeo, que foi colocado na internet, confirma a tese de que os futebolistas se tornaram símbolos sexuais, situação que acumulam com a prática desportiva. Aliás, Cristiano Ronaldo já se expôs publicamente quase nu em anúncios de publicidade e também já se deixou fotografar despido. Só lhe falta mesmo um vídeo. Aguardemos.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

BERNARD-HENRI LÉVY, UM FILÓSOFO DA IGNOMÍNIA


Bernard-Henri Lévy (BHL), que se tornou conhecido por fazer parte do grupo chamado dos "nouveaux philosophes" e que tem publicada uma vasta obra, é uma personagem presente em todas as guerras, sem ter feito nenhuma.

Vem isto a propósito do seu último livro, acabado de editar, La guerre sans l'aimer, sobre a revolução na Líbia. Esteve BHL em Benghazi desde o começo da revolta líbia, servindo de elo de ligação entre os insurrectos e Sarkozy, acabando até por levar uma delegação dos mesmos ao Eliseu. Exaltou desde o início a magnanimidade da revolução líbia e, supõe ele, tornou-se num dos principais responsáveis pelo derrube do regime de Qaddafi. Imagina já que a posteridade o colocará ao lado de outros escritores que estiveram no campo de batalha, como Malraux, T.E. Lawrence ou Byron. Puro engano, apesar da eficiência com que trabalha a sua imagem.

Uma crítica ao livro e ao seu autor foi publicada por Pierre Assouline no seu blogue "La République des livres", com o título "Lévy d'Arabie". Trata-se de uma análise lúcida e implacável sobre o homem e a obra, naquele que é um dos mais conceituados blogues literários franceses. É um post que explica tudo. Quero acrescentar que a crítica de Assouline à infamante carreira de Lévy não poderá ser em caso algum classificada de anti-semita, já que ambos são judeus.

Na verdade, se Qaddafi era um líder infrequentável, apesar de ter sido acarinhado por todos os grandes deste mundo (petróleo oblige), os homens que derrubaram o anacrónico e criminoso regime líbio não parecem ser melhores que o ditador assassinado. O actual presidente do Conselho Nacional de Transição da Líbia, Mustafa Abdul Jalil, foi ministro da Justiça de Qaddafi até ao estalar da revolução. Alguns dos principais novos dirigentes líbios eram até há pouco procurados pela justiça internacional, acusados de pertencerem à Al-Qaïda. E o novo poder instalado em Tripoli proclamou que a sharia seria a base da futura Constituição do país.


A imprensa internacional tem sido mais parca em notícias sobre a Líbia nas últimas semanas, mas não duvidamos das intenções do governo líbio. Comprovam-nas, o assassinato de Qaddafi, um criminoso, é certo, mas que deveria ter sido julgado por um tribunal competente. Ou o corte de três dedos ao seu filho Saif Al-Islam, os dedos com que apontava os revoltosos como ratos, que é reclamado pelo Tribunal Penal Internacional mas que o novo poder líbio insiste em julgar, podendo ser-lhe aplicada a pena de morte. Isto para mencionar apenas dois casos notáveis, esquecendo os ajustes de contas de parte da população mas que a comunicação social não divulga, até porque ignora muitas das coisas que agora se desenrolam no terreno.

A tomada do poder pelos islamistas na Líbia, a vitória do partido islamista nas eleições da  Tunísia, a agitação no Egipto, a revolta na Síria, e o mais que se verá, são sinais bastantes para uma preocupação internacional sobre o acesso dos países árabes à democracia, apesar da proclamação dos novos dirigentes relativamente à defesa dos direitos humanos.

Não cultivo ilusões quanto ao futuro da Líbia. E os países que se empenharam no ataque da NATO ao país, acção militar que por decisão do Conselho de Segurança deveria restringir-se à protecção dos cidadãos de Benghazi ameaçados por Qaddafi, arrepender-se-ão mais depressa do que julgam. E BHL terá de recorrer à mais rebuscada imaginação para justificar a sua interferência num processo em que se distinguiu mais por vaidade do que por convicção. Aliás, como sempre.

Adenda: Também Jean Daniel, no Nouvel Observateur desta semana (Nº 2454) se refere ao caso BHL no artigo "Plus fort que Malraux?".

O APELO DE SOARES


Mário Soares é o primeiro subscritor de um manifesto que apela à mobilização dos cidadãos contra as medidas de austeridade que, segundo o documento, ultrapassam os limites dos sacrifícios que podem ser exigidos aos portugueses.

Neste apelo, intitulado UM NOVO RUMO, que é também um grito de indignação contra a actual situação internacional, na linha do manifesto de Stéphane Hessel, Indignez-vous!, publicado em Janeiro deste ano e que comentámos aqui, protesta-se contra a colonização financeira levada a cabo pelos mercados e que coloca em questão a própria democracia.

O manifesto, conforme é aqui referido, advoga a necessidade de se «encontrar um novo paradigma para a União Europeia» e a sua publicação ocorre a poucas horas do início de uma greve geral nacional.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

UMA VIÚVA EXEMPLAR


Faleceu esta madrugada, em Paris, com 87 anos, Danielle Mitterrand, viúva do presidente François Mitterrand. Militante de esquerda e mulher de causas, foi uma intransigente defensora dos oprimidos e desenvolveu uma actividade incansável à frente da fundação que criara em 1986, France-Libertés. Empenhou-se na luta contra a sida e no acesso à água potável em todo o planeta e foi para o antigo presidente a sua "consciência de esquerda", como o mesmo gostava de salientar.

Esteve sempre ao lado do marido, ignorando as infidelidades conjugais a que François não se furtava, e após a morte de Mitterrand, continuou a sua luta em prol dos direitos humanos, evitando falar da vida privada do casal. No 25º aniversário da fundação, no mês passado, declarou que o objectivo continuava o mesmo: «um mundo mais justo».

Esposa fiel, companheira dedicada, Danielle Mitterrand foi uma viúva exemplar.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

AS DUAS ESPANHAS


Como se esperava, o Partido Popular (PP) venceu as eleições legislativas em Espanha. Verifica-se semelhante tendência em outros países da Europa, onde governos de direita substituem governos (ditos) de esquerda e vice-versa. A mudança tem-se verificado mais no sentido esquerda » direita, já que eram de esquerda a maior parte dos governos em funções. A pseudo-mudança de orientação ideológica dos executivos (é quase ridículo falar-se em ideologia, já que a prática dos governos de direita e de esquerda é quase idêntica, devido aos constrangimentos internacionais) dever-se-á, por isso, principalmente a uma vontade de changement, seja em que sentido for, já que, para a maioria dos cidadãos, o resultado é o mesmo. O que os europeus pretendem, acima de tudo, é correr com os governantes em funções e substituí-los por outros. Já nem falo das falsas promessas pré-eleitorais em que hoje pouca gente acredita. O que os europeus pensam ser necessário é mudar o que está para ver o que dá, embora sem grande convicção, numa era em que começam a surgir os comissários políticos da União Europeia,  que não prenunciam  um bom futuro.

No caso particular da Espanha e tendo em vista as eleições de hoje, é oportuno revisitar o livro de Fidelino de Figueiredo, As Duas Espanhas, publicado em 1932 e reeditado três vezes. A imagem é da 4ª edição (1959). De facto, existem duas Espanhas. E não me refiro ao aspecto geográfico, em que existiriam várias. A linha divisória é de mentalidades e não de territórios, embora em algumas zonas possam prevalecer umas ideias mais do que outras. Não está em causa ser de Castela ou da Catalunha, da Andaluzia ou do País Basco, da Galiza ou de Navarra. O que verdadeiramente separa os espanhóis são convicções e não regiões. Há dois tipos de espanhóis: uns são religiosos, católicos, conservadores, monárquicos; outros são laicos, ateus, progressistas, republicanos. E poderíamos acrescentar mais rótulos. Foi esta divisão dos espanhóis que levou à sangrenta Guerra Civil de 1936-1939, que provocou um milhão de mortos.

Nas eleições de hoje, com os votos já contados, a linha divisória esquerda/direita continua a cortar a Espanha ao meio, ainda que a direita obtenha uma maioria de lugares no parlamento, decorrente do sistema eleitoral. Os espanhóis, para viverem em paz, estão, pois, condenados a um compromisso: o do equilíbrio da governação. Não poderá o governo de Rajoy afastar-se muito, na essência, da política de Zapatero, como este não se afastou substancialmente da política de Aznar. E como Aznar não se demarcara profundamente da política de Gonzalez. Especialmente em questões internas, salvo alguns aspectos mais simbólicos. Na política externa, Aznar aproximara-se demasiado dos Estados Unidos da América, o que foi um erro e contribuiu, juntamente com o "equívoco" da autoria dos atentados de Madrid, para que o PP perdesse as eleições.

Aguardemos agora o programa do novo governo do Partido Popular.

domingo, 20 de novembro de 2011

SOBERANIA LIMITADA


Em 1968, para justificar a intervenção militar soviética na Checoslováquia, Leonid Brejnev criou a doutrina da "soberania limitada": os países do Pacto de Varsóvia deveriam manter-se alinhados com a União Soviética. Já em 1956, ainda antes da elaboração da tese intervencionista, mas com a mesma intenção, as tropas soviéticas tinham invadido a Hungria e esmagado a revolta naquele país.Consistia a tese em sustentar que os países governados por partidos socialistas (leia-se, comunistas) tinham a obrigação de apoiar os seus "irmãos", quando se verificasse uma revolução contra o poder instituído. Segundo a doutrina de Moscovo, as contestações aos governos socialistas, no poder, eram obra de instigação estrangeira e contrárias aos interesses dos trabalhadores. Em parte sê-lo-iam, mas existia igualmente uma animosidade crescente contra a "tutela" soviética. Caído o Muro de Berlim e desintegrada a União Soviética, os países seus satélites recuperaram a sua autonomia ou, mais concretamente, julgaram recuperá-la, na medida em que ficaram reféns de poderes mais subtis: a economia de mercado já no começo da sua fase neo-liberal, a NATO, por fim a UE, etc. Mas salvaram-se as aparências.

Por ironia da história, surge agora um novo conceito de soberania limitada, desta vez em nome não da União Soviética e do comunismo internacional, mas da União Europeia (leia-se, da Alemanha) e dos mercados internacionais. As intromissões do neo-liberalismo económico já se faziam sentir, e o facto de muitos países (quase todos) terem aderido à União Europeia, e a maioria dos ditos à Zona Euro, retirara-lhes uma parcela da sua soberania. Todavia, mantinha-se, por decoro, a ilusão da independência nacional e realizavam-se eleições para designar os governos (ainda que a escolha, devido aos constrangimentos comunitários, se fizesse num reduzidíssimo leque).

Mas, agora, perdeu-se a vergonha. Estão a ser catapultados para dirigir governos, em nome da necessidade de novas políticas económicas e financeiras, indivíduos sem qualquer legitimidade democrática, se é que a palavra ainda tem algum sentido. Papademos na Grécia e Monti na Itália, surgiram da banca e alcandoraram-se ao lugar de chefes de governo. Legalmente. A prática estender-se-á rapidamente a Portugal, a Espanha, à Bélgica, à Áustria, à Irlanda, quiçá à França. Ou não, se os governos em funções se encarregarem, eles mesmos, de desempenhar o papel de comissários políticos do poder financeiro internacional e dos interesses do Reich. Angela Merkel percorre entusiasticamente e com determinação esse caminho, com o apoio dos seus pares germânicos. Porém, não tenho a certeza que seja essa a via que mais convenha à Alemanha e à banca internacional. Vivemos numa floresta de enganos, os melhores e mais bem informados analistas equivocam-se com inusitada frequência e tomam a nuvem por Juno. A eventual queda do euro será a queda da União Europeia, logo da Europa. Quem aposta nesta solução ignora os desígnios da História.

Mais vale renunciar a Satanás e às suas pompas e às suas obras. Enquanto é tempo!

sábado, 19 de novembro de 2011

A SANTA ALIANÇA


Os governos da Santa Aliança

«A uniformização de governos e ideologias a que se assiste na UE talvez só tenha paralelo nos anos restauracionistas da Santa Aliança depois das guerras napoleónicas, com a agravante das intervenções agora serem «sem rosto». A troika substituiu a «A Santíssima Trindade»...»

(Publicado por Medeiros Ferreira no blogue "Córtex Frontal")

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

O EQUÍVOCO DA PRAÇA AT-TAHRIR


Dezenas de milhar de egípcios reuniram-se hoje na Praça At-Tahrir, no Cairo, e também em Alexandria, para protestar contra o que consideram uma intromissão dos militares na vida política, nas vésperas das eleições legislativas do próximo dia 28, e para exigir a eleição de um presidente da República até Abril do próximo ano.

Conforme se lê aqui, as Forças Armadas pretenderiam, na nova arquitectura constitucional, ter uma palavra decisiva nos principais assuntos do Estado, como guardiões da "legitimidade constitucional", mesmo depois de um parlamento civil e de um presidente eleito.

O documento contestado, apresentado por Ali Silmi, vice-primeiro-ministro do governo interino, inclui, entre outras, uma cláusula que retira ao parlamento competência sobre o orçamento militar e confere ao Conselho Supremo das Forças Armadas, que governa o país desde o derrube de Mubarak, a última palavra em todas os assuntos militares. E, por inerência, já que as Forças Armadas Egípcias são um Estado dentro do Estado, em todos os assuntos relevantes da nação.

Participaram na contestação os islamistas da Irmandade Muçulmana e das organizações salafistas e também os militantes dos partidos liberais e de esquerda. Clamam os manifestantes que, afinal, nada foi feito até agora. Mantém-se o estado de emergência que dura desde que Mubarak assumiu o poder há 30 anos, os dissidentes continuam na prisão, a situação económica é a pior das últimas décadas.

Começa a confirmar-se o que já se suspeitava: a revolta de Janeiro na praça At-Tahrir, desencadeada por uma multidão em que predominava a média burguesia do Cairo, nomeadamente estudantes, desempregados, profissões liberais, pequenos empresários e a que se juntaram, num momento posterior, os partidos religiosos e jovens marginais, pode ter assentado num equívoco. A instauração de uma democracia à europeia (um conceito também cada vez mais ambíguo) reivindicada pelos manifestantes pode não se concretizar, pelo menos no curto prazo. Especialmente depois da vitória do partido islamista nas eleições tunisinas e da proclamação de que a sharia constituiria a base do futuro texto constitucional da Líbia.

Avoluma-se o número de descontentes entre os 80 milhões de egípcios, que vivem cada vez pior (excluindo os detentores de grandes, ou imensas, fortunas) devido à queda abrupta do turismo que, directa ou indirectamente, era uma das principais fontes de receita do país, especialmente para as famílias mais modestas, cujos membros sempre beneficiavam com a presença de estrangeiros. Essas pessoas, que não se importam muito com a actividade política, ao contrário dos habitantes das principais cidades (que são poucas) preferem acima de tudo a segurança, a possibilidade de efectuarem os seus pequenos negócios, uma vida tranquila nas suas vilas e aldeias. O Egipto é um país muito especial, e todos os países árabes são hoje estruturalmente distintos. Não existe uma receita comum, além de que a Democracia  (com todas as suas virtudes e vícios) não se exporta, como proclamava Bush para justificar a invasão do Iraque. Aliás, o que Bush queria exportar não era propriamente a Democracia mas a Economia Liberal(íssima).

A Primavera Árabe, que mobilizou as elites do Mundo Árabe e excitou o Ocidente pode não ter passado de um equívoco, que aproveitou fundamentalmente aos fundamentalistas. Oxalá não se lhe siga o Inverno do Descontentamento.

E há sempre quem lucre com a instabilidade.

TRINTA ANOS DEPOIS

Natalie Wood

Completam-se 30 anos, em 29 deste mês, que a actriz Natalie Wood (1938-1981), célebre pela sua interpretação em West Side Story, morreu afogada no Oceano Pacífico, ao largo da costa da Califórnia. Segundo se lê aqui, o processo vai ser agora reaberto, por existirem dúvidas quanto à verdadeira causa da morte.

Robert Wagner

A actriz viajava no seu  iate "Splendour" com o marido, o actor Robert Wagner (n.1930), e um amigo deste, o actor Christopher Walken (n.1943), que fora convidado para esse passeio durante o fim de semana do Dia de Acção de Graças.

Christopher Walken

Conforme testemunhos da época, teria havido nessa noite uma violenta discussão entre os dois homens, não devidamente especificada, sobre questões sentimentais. Também o comandante do iate nada adiantou então sobre o desaparecimento da actriz, que se teria recolhido no quarto, na sequência da altercação acalorada entre Wagner e Walken. Só mais tarde se constatou que Natalie não se achava a bordo, sendo o seu corpo encontrado a flutuar na água a 1,5 quilómetro do iate.

Aguarda-se agora, com a reabertura do processo, que se esclareça sem ambiguidades a verdadeira causa da morte.

A SÍRIA E A RÚSSIA


Kirill I, Patriarca de Moscovo e de Todas as Rússias visitou no passado domingo, dia 13, em Damasco, o presidente sírio Bachar Al-Assad.

Conhecendo-se os estreitos laços existentes entre a Igreja Ortodoxa Russa e o poder político, nomeadamente as relações de Kirill com Putin, esta visita não pode ser desligada da actual situação na Síria e do apoio que o governo de Putin tem assegurado ao regime sírio.

Existem várias razões para o apoio russo. A Síria é o último aliado de Moscovo na região e um dos principais compradores de armas; Putin obteve de Assad a renovação da base naval de Tartus, indispensável à marinha russa no Mediterrâneo; os russos estão arrependidos da sua abstenção na Resolução 1973 do Conselho de Segurança da ONU sobre a Líbia, que acabou por derrubar o regime de Tripoli e permitir o assassinato de Qaddafi; a atitude do Quai d'Orsay, visando uma resolução da ONU sobre a Síria, fez perder à França o seu estatuto de protector dos cristãos no Médio Oriente, posição que a Rússia agora reivindica; o governo russo sabe que a maioria da população síria, por umas razões ou por outras, ainda está ao lado de Assad; também não ignora o governo russo que a queda do regime alauíta provocará durante muitos anos uma guerra civil na Síria semelhante à que se verifica no Iraque, desde que Bush e Blair e mais alguns comparsas decidiram invadir o país. Estão, aliás, na Síria, milhares de iraquianos que fugiram da invasão anglo-americana, que provocou, desde 2003 até hoje, cerca de CINCO milhões de vítimas.

Os Estados Unidos, o Reino Unido, a França e Israel e também a Arábia Saudita e os países do Golfo, estão interessados agora na queda de Assad, até por causa da influência do Irão. A miopia política destes países não tem limites. Uma guerra civil na Síria desestabilizaria totalmente o Médio Oriente, com consequências inimagináveis. Nem sei mesmo se, tout compte fait, Israel beneficiaria com essa situação. O Estado judaico, que possui armas nucleares, não poderá usá-las indiscriminadamente, sob pena da sua própria destruição.

É evidente que muita gente, especialmente os fabricantes de armamento, está interessada numa guerra alargada, mesmo numa guerra mundial, já que as guerras locais não são negócios suficientemente rentáveis. Duvido, todavia, que mesmo os interessados acabem por tirar dividendos de uma conflagração internacional, que tanto parecem desejar.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

EMBAIXADAS E CULTURA


O ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, anunciou ontem o encerramento (provisório) (?) de 7 embaixadas e de vários serviços consulares e representações bilaterais e multilaterais, devido à contenção de despesas. As embaixadas que vão fechar são as seguintes: Malta, Andorra, Estónia, Letónia, Lituânia, Quénia e Bósnia. É sempre desagradável encerrar representações diplomáticas, mas compreende-se que a situação actual não permita a manutenção de serviços em países com os quais as nossas relações são escassas. Aliás, foram já encerrados por governos anteriores alguns postos abertos, com larga generosidade, a seguir à Revolução de 1974. Ter uma embaixada na capital de um país tem um significado simbólico mas há circunstâncias em que o serviço desenvolvido não justifica os gastos efectuados.

Coisa diferente é o encerramento de representações bilaterais e multilaterais, nomeadamente a extinção da representação na UNESCO, que passará a ser assegurada pela embaixada em Paris. A missão junto da UNESCO, para lá do seu simbolismo, tem características próprias que justificam a sua autonomia. Sendo um organismo dedicado às relações culturais, científicas e educacionais a nível internacional, a UNESCO desempenha um papel crucial na vida cultural dos povos, o que implicaria a existência de um embaixador próprio.

Lamenta-se que o Governo assim não o tenha entendido, mas não se estranha. Este executivo começou por baixar de categoria a pasta da Cultura, despromovendo-a de ministério a secretaria de Estado. Não se poupa nada com a despromoção do titular (talvez alguns euros no vencimento). O que não se justificava era a existência simultânea de um ministro e de um secretário de Estado. Parece que Rajoy, se ganhar as eleições em Espanha, adoptará o mesmo figurino. Também não fico admirado. Existe em certas áreas ideológicas um desejo ostensivo de menosprezar a Cultura. É claro que não é um departamento do Estado que faz a Cultura de um país, mas ajuda. E, neste caso, o simbolismo é altamente significativo. Mas talvez a Escola de Chicago e o seu mentor, Milton Friedman, que tanto parecem inspirar Vítor Gaspar, segundo o mesmo confessa, considerem a Cultura um acessório descartável.

Quando num governo se atribui ao mesmo titular a Economia, o Trabalho, as Obras Públicas, os Transportes, as Comunicações e já nem sei que mais, então nada mais é preciso acrescentar.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

VITÓRIA SOBRE A BÓSNIA


O jogo de ontem no Estádio da Luz, em que Portugal venceu a Bósnia-Herzegovina por 6-2, foi um momento de grande brilho para a Selecção Nacional.

Cristiano Ronaldo marcou dois golos, o mesmo acontecendo com Hélder Postiga. Miguel Veloso marcou um golo e Nani um outro golo, espectacular, a confirmar os dotes do jogador.


Os bósnios são bons jogadores, têm um simpático guarda-redes, Begovic, com quase dois metros de altura, mas que não esteve feliz nesta partida, permitindo que lhe metessem seis golos na baliza.

Os jogadores portugueses entregaram-se a efusivas manifestações de carinho, após cada golo, como é hábito e se pode testemunhar na imagem.


Na assistência viam-se diversas figuras da vida política portuguesa, de vários quadrantes, que seguiram o desenrolar do encontro com uma comovente atenção, como se do resultado dependesse o futuro da Pátria.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

OA SÁBIOS, SEMPRE



Por considerar tratar-se de serviço público, transcrevo o texto do jornalista José Manuel Rosendo, publicado no Facebook:

 

O protocolo dos sábios do serviço público

por José Manuel Rosendo a Terça-feira, 15 de Novembro de 2011 às 23:06

Sou um simples jornalista. Gosto tanto deste ofício, e não querendo fazer outra coisa, penso trabalhar enquanto tiver saúde para isso.
Habituei-me a gostar de pessoas com ideias e pensamento sustentado. Pensamento profundo de preferência, mesmo que sejam utopias e ainda que os pensamentos dominantes as considerem marginais. Sendo que nos dias que correm ser marginal ao sistema é quase uma honra, tal é a podridão.
Estou farto de ouvir figurões repetirem-se à exaustão, justificando a situação a que o país chegou. São os mesmos, ou os descendentes directos, dos que nos iniciaram nesta longa marcha. Repetem, repetem, até que as memórias registem a mensagem. Desses, peço desculpa, não gosto! E tenho pena que a rádio não encontre tempo para as boas conversas. Daquelas que nos iluminam o caminho e os dias. Mesmo que eu não concorde com as ideias daqueles com quem converso e a quem me atrevo a fazer algumas perguntas. Mas isso da rádio já não ter tempo para as boas conversas, pensando bem, talvez seja apenas uma etapa dessa longa marcha. Afinal, conversar para quê? Provavelmente apenas teríamos como resultado algum informação subjectiva.
Longa introdução para chegar às recomendações do chamado Grupo de Trabalho que quis definir o conceito de serviço público de rádio e televisão. Li as 32 páginas. Trabalho árduo. Esperava muito mais, mesmo que não concordasse com o resultado. De gente da Academia, directores de órgãos de comunicação, gente com passado nas bancadas parlamentares, esperava muito mais. Não me vou perder em minudências (como as diferenças entre o verbo haver e “a ver”), mas esperava tudo menos a fé como base de um argumento.
Deste grupo de pessoas eu esperava respostas e a orientação para um caminho; esperava argumentos sustentados em estatísticas sérias, em dados confirmados, em estudos académicos, em perspectivas de evolução dos media; esperava uma definição de “serviço público” a pensar no público.
Deste grupo de pessoas eu não esperava um arrazoado de informação contraditória; não esperava que quisessem mexer em algo tão importante como a RTP (Rádio e Televisão) sem apresentarem uma solução satisfatória; não esperava que considerassem dispensável aquele (Informação) que é o principal (para mim) pilar do serviço público; não esperava que tentassem ofender-me enquanto jornalista; não esperava que quisessem, entre tantas asneiras, transformar a RTP Internacional num canal do MNE (será parte da nova Diplomacia Económica?).
Deste grupo de pessoas, adversários com provas dadas em relação ao serviço público de rádio e televisão, eu não esperava descortinar essas raivinhas de estimação.
Peço desculpa, mas por ser jornalista a Informação é o que mais me preocupa. Todos sabemos que uma sociedade bem informada decide melhor, participa mais, não se deixa enganar facilmente e vota mais. Em suma, a Democracia tem mais qualidade. Mas este grupo de pessoas, nem verdades acabadas como a que referi consegue produzir no relatório, apenas tem fé. Tem fé que a aniquilação da RTP evite a manipulação que diz existir na Informação da RTP. Reduzi-la (a Informação) ao mínimo, é a solução. Os privados que façam Informação, mesmo que apenas o façam quando isso dê o lucro que legitimamente procuram. Que se lixe a Democracia.
Este relatório recordou-me “Os Protocolos dos Sábios de Sião”, que é uma falsificação anti-semita do final do século XIX, quando surgia o movimento sionista e que terá sido feita pela polícia secreta do CZAR. Há outras teorias, mas enfim. Aí se escrevia que os judeus tinham planos para dominar o mundo através da economia e da infiltração no poder. Hitler utilizou-o para propaganda do nazismo.
Este relatório dos “sábios” do serviço público demonstra-nos várias coisas: em primeiro lugar não são sábios; depois querem alguma coisa que nós não conseguimos descortinar o que é (mas querem…); e, sem sombra de dúvida, querem acabar com a RTP, mas não sabem como; foram de uma total inépcia. Este relatório é uma falsificação de qualquer coisa que não consigo perceber o que é. E tal como “Os Protocolos dos Sábios de Sião” presta-se a todas as especulações e a todas as teorias da conspiração.
Depois de me terem tentado atingir na minha dignidade, tentando ofender-me e desconsiderando as minhas competências profissionais com afirmações gratuitas, reivindico o direito de lhes dizer o que bem me apetecer. Mas não o vou fazer. Apenas uma dica: deviam ter vergonha do mau serviço que prestaram ao País, à Democracia e ao Serviço Público de rádio e televisão.

José Manuel Rosendo

Lx, 15 de Novembro de 2011

Adenda 1: Entre os membros do grupo de trabalho que produziu este "protocolo", e excluindo os que entretanto  se demitiram, certamente por vergonha, figuram um desprezível economista e um desprezível jornalista.

Adenda 2: Mota Amaral manifestou-se frontalmente contra o relatório.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

O EURO E A EUROPA




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Uma esclarecedora entrevista de Daniel Cohen ao Nouvel Observateur (Nº 2452 - 3-9/11/2011)

A ONU E A PALESTINA


Pela sua importância para a compreensão do processo de admissão da Palestina como Estado membro de pleno direito das Nações Unidas, em discussão no Conselho de Segurança, transcrevemos o importante artigo de René Backmann, no Nouvel Observateur:

 

12.11.2011

Que dit le rapport du Conseil de sécurité des Nations Unies sur l’admission de la Palestine ?


Comme prévu, le Comité des admissions du Conseil de sécurité de l’ONU, chargé d’instruire la candidature de la Palestine, a adopté hier, vendredi, un rapport dans lequel il se déclare « incapable d’émettre une recommandation unanime au Conseil de sécurité ». En clair, les Palestiniens ne disposent pas des 9 voix (sur 15) qui auraient permis au Comité de formuler une recommandation favorable pour l’adoption d’une Résolution sur l’admission de la Palestine. Comme on le sait, même dans cette hypothèse, la Palestine n’aurait pas été admise, les Etats-Unis ayant prévenu qu’ils étaient résolus à opposer leur veto à cette décision.
Il revient désormais aux Palestiniens de décider s’ils souhaitent aller jusqu’au vote, ce qui obligerait les 15 membres du Conseil à rendre public leur choix, mais donnerait un caractère plus visible à leur échec. Ou si, en attendant une nouvelle tentative au Conseil de sécurité, ils vont demander, comme le leur suggère Paris, un vote à l’Assemblée générale pour obtenir  le statut d’Etat-non membre, semblable à celui du Vatican.
Ce scrutin, où aucun veto n’est possible, ne leur réserverait aucune – mauvaise – surprise : près de 140 Etats sur 194 ont déjà fait connaître leur intention de voter en faveur de l’octroi de ce statut à la Palestine. Selon Nimr Hammad, conseiller politique du président palestinien Mahmoud Abbas, cette hypothèse est actuellement l’objet de discussions au sein de la direction palestinienne qui a décidé de consulter sur ce point la Ligue arabe. Une rencontre entre Mahmoud Abbas et des représentants de la Ligue arabe est prévue mercredi.

Le Conseil de sécurité coupé en deux

« Après notre admission à l’UNESCO, le 31 octobre, nous existons désormais dans le système de l’ONU, constate de son côté le représentant de la Palestine à l’ONU, Riyad Mansour. Nous allons décider très rapidement quelle sera notre nouvelle initiative au sein des Nations Unies. » L’obtention du statut d’Etat-non membre donnerait aux Palestiniens la possibilité d’adhérer à toutes les organisations et agences des Nations Unies comme, par exemple, la Cour internationale de Justice, ce qui ne manque pas d’inquiéter Israël.
Conformément à l’usage, les votes exprimés sur le rapport de la Commission des admissions n’ont pas été rendus publics. En recoupant les confidences de diplomates impliqués dans le dossier, on peut cependant constater que le Conseil de sécurité s’est coupé en deux sur le sujet. La Russie, la Chine, le Liban, le Brésil, l’Inde et l’Afrique du Sud ont voté en faveur de l’admission de la Palestine. Les votes du Gabon, du Nigeria et de la Bosnie-Herzégovine sont discutés. Les deux premiers pourraient avoir soutenu la Palestine tandis que la dernière se serait abstenue, comme la France et le Royaume-Uni, qui avaient officiellement annoncé leur décision. Se seraient également abstenus le Portugal et la Colombie. Le choix de l’Allemagne est plus difficile à établir : certains indiquent qu’elle aurait imité les Etats-Unis en votant non ; d’autres qu’elle aurait choisi l’abstention.
L’étrange, dans cette affaire, est que le texte du rapport est dans l’ensemble plutôt favorable à l’admission de la Palestine. Résultat de plus d’un mois de travaux, de deux réunions plénières - le 30 septembre et le 3 novembre - mais aussi de cinq réunions informelles – dont quatre tenues au niveau des experts –, ce document de trois pages, en 23 points, dont le Nouvel Observateur a obtenu une copie, rappelle les critères d’admission d’un Etat au sein de l’ONU, tels qu’ils sont définis à l’Article 4 de la Charte, et examine en détail la manière dont la Palestine répond à ces critères.

La Palestine peut-elle devenir un Etat ?

« Les experts, lit-on au point 3 du rapport, ont examiné si la Palestine remplit les conditions permettant de devenir un Etat, si elle est un Etat pacifique et si elle a la volonté et la capacité de remplir les obligations définies par la Charte. » Des « vues différentes », indique le rapport, ont été exprimées sur ce point. Mais « il a été affirmé que ce travail du Comité, quel qu’en soit le résultat, doit tenir compte du contexte politique général. Il a été rappelé  qu’une solution négociée demeure la seule option pour atteindre une paix durable et que le statut final doit être décidé par la négociation.
Un soutien a été affirmé à une solution à deux Etats basée sur les  frontières d’avant 1967, résultant de négociations politiques débouchant sur un Etat indépendant de Palestine avec Jérusalem-Est pour capitale.
Il a aussi été indiqué, avec une insistance particulière, que le fait de « garantir à la Palestine son droit à l’autodétermination et à la reconnaissance ne peut être vu comme contraire au droit inaliénable d’Israël à exister ». Les auteurs du rapport ont également noté que « la candidature de la Palestine n’était ni contradictoire avec le processus politique ni une alternative aux négociations.» « Des inquiétudes, ajoutent-ils, ont été soulevées à propos de la poursuite de l’activité israélienne de colonisation. Elle est illégale au regard du droit international et constitue un obstacle à une paix totale. »
Sur la question de savoir si la Palestine remplit les conditions requises pour devenir un Etat, le texte f      ait référence à la Conférence de Montevideo en 1933 sur les Droits et devoirs des Etats, selon laquelle une entité doit posséder, pour accéder à la personnalité juridique d’Etat, une population, un territoire défini, un gouvernement et la capacité à entrer en relations avec d’autres Etats.

Plus de 130 Etats ont reconnu la Palestine

La Palestine, selon le rapport du Comité d’admission, remplit clairement les deux premières conditions. Même si le Hamas exerce une « autorité de fait dans la bande de Gaza » et même si « l’occupation israélienne empêche le gouvernement palestinien d’exercer un contrôle complet sur l’ensemble de son territoire ».
Le Comité a également admis que la Palestine remplissait le critère lié à l’existence d’un gouvernement, même si le Hamas contrôle environ 40% de la population. « C’est l’OLP, note le document, et non le Hamas, qui est le représentant légitime du peuple palestinien ». Le Comité rappelle d’ailleurs que les rapports de la Banque Mondiale, du FMI, et du Comité de liaison pour la coordination de l’aide internationale aux Palestiniens ont conclu que les fonctions gouvernementales actuelles de la Palestine permettaient le fonctionnement d’un Etat.
Sur le dernier des quatre points définis par la conférence de Montevideo – l’aptitude à nouer des relations avec d’autres Etats –, il a été également indiqué que la Palestine répondait à ce critère. Le texte rappelle que la Palestine est membre du Mouvement des non-alignés, de l’Organisation de la Conférence islamique, de la Commission économique et sociale des Nations Unies pour l’Asie occidentale, du groupe des 77, et de l’UNESCO. Et que plus de 130 Etats l’ont reconnue comme un Etat indépendant et souverain. La question a été cependant soulevée de savoir si le fait pour l’Autorité palestinienne de nouer des relations avec d’autres Etats n’est pas contradictoire avec les Accords d’Oslo.

L’exemple …d’Israël

La Palestine est-elle pacifique ? La question a visiblement fait débat. L’opinion a été exprimée que la Palestine répond aussi à ce critère par « son engagement en faveur d’une résolution juste et durable du conflit israélo-palestinien ». Attitude confirmée par sa disposition à « reprendre les négociations sur tous les points du statut final, sur la base des termes de référence endossés par la communauté internationale, des résolutions des Nations Unies, des principes de Madrid, de l’initiative de paix arabe et de la Feuille de route du Quartette. »
Certains membres du comité ayant soulevé la question du Hamas, qui refuse de renoncer au terrorisme et conserve pour objectif la destruction d’Israël, d’autres ont avancé la position de la Cour internationale de Justice  sur la Namibie, en 1971, selon laquelle « les seuls actes qui peuvent être attribués à un Etat sont ceux accomplis par les autorités reconnues de cet Etat ».
Le point le plus paradoxal du rapport est abordé lorsque le Comité s’interroge sur l’aptitude – et la volonté – de la Palestine de respecter la charte des Nations Unies. Pour certains membres du Conseil, un engagement verbal ne suffit pas. Un candidat doit « démontrer son intention de résoudre pacifiquement les conflits et renoncer à la menace de la force dans la conduite des relations internationales, obligations que le Hamas n’a pas acceptées ».
A l’appui de leur thèse, les parties favorables à l’admission de la Palestine rappellent un précédent qui remonte à plus de 60 ans et concerne…Israël. A l’époque, indique le rapport, lorsque l’ONU avait examiné la candidature d’Israël, il avait été avancé que « l’engagement solennel d’Israël à remplir ses obligations telles que définies par la Charte était suffisant ».
Après avoir constaté que l’unanimité n’avait pas pu être obtenue à l’issue de ses travaux, le Comité suggère qu’à titre de « mesure intermédiaire » l’Assemblée générale adopte une résolution faisant de la Palestine un Etat-Observateur (non-membre). C’est ce à statut provisoire que les dirigeants palestiniens pourraient se résigner dans les jours prochains, avec l’aval de la Ligue arabe et l’approbation de plusieurs capitales, dont Paris. Comme le rappelle un diplomate palestinien, « Israël non plus n’a pas été admis à l’ONU à sa première candidature. Nous recommencerons autant de fois que nécessaire ».

domingo, 13 de novembro de 2011

LIGA ÁRABE SUSPENDE A SÍRIA


A Liga Árabe, numa reunião realizada ontem na sua sede no Cairo, decidiu suspender a Síria da organização, advogando ainda a adopção de sanções contra o regime de Bachar Al-Assad e a retirada dos embaixadores árabes de Damasco. Foi reiterado ao regime alauíta o pedido de parar imediatamente com a morte de civis.

Trata-se de uma decisão surpreendente, e certamente motivada por preocupações outras que não a repressão desde há meses levada a cabo pelo governo sírio. Aliás, a Arábia Saudita , um dos países mais entusiastas desta tomada de posição, vem fornecendo desde os princípios do ano apoio militar directo para reprimir as manifestações no Bahrein e no Iémen.

Existem alguns motivos, que são aqui apontados, além de outros, para uma resolução que foi muito mal recebida pela maioria do povo sírio. Os contestatário do regime de Al-Assad são muitos, em termos absolutos, mas são poucos, relativamente à totalidade da população do país, mais de 20 milhões de habitantes. Os líderes árabes, que determinaram a votação, estão cada vez mais inseguros, por razões internas e externas.

Também é certo que a Rússia e a China se opõem a qualquer intervenção militar na Síria. E eventualmente no Irão. E a posição destes países será determinante na evolução da situação no Médio Oriente.

Como Israel se prepara para atacar as centrais nucleares do Irão, tarefa porventura difícil dada a sua dispersão (não se sabendo ainda se o país dispõe já de armamento atómico), deparamo-nos com um quadro cada vez mais complexo naquela que é, porventura, a mais complexa região do globo.

sábado, 12 de novembro de 2011

OS AMERICANOS E A CRISE EUROPEIA

Segundo a BBC:

Euro crisis leaves US howling into the wind

11 November 11 03:27 GMT
German Chancellor Angela Merkel with French President Nicolas Sarkozy and US President Barack Obama By Mark Mardell
North America editor

Financiers in New York and politicians in Washington look on aghast as a hurricane moves across Europe, toppling leaders and ripping up the roots of recovery.

They feel Europe's leaders don't see the big picture, can't join the dots and aren't thinking big.
Above all, they fear they will reap the whirlwind when the storm crosses the Atlantic.
US Treasury Secretary Tim Geithner has said: "It is crucial that Europe move quickly."
President Barack Obama may have been more direct when he spoke privately to German Chancellor Angela Merkel and French President Nicolas Sarkozy.
"It's dramatic," the managing director of a big global finance firm told me. The boss, who didn't want to be named went on.
"The lack of unity, the lack of credibility coming out of Europe is disheartening. Spain and France are now starting to weaken."
Is it going to get worse? "You betcha. It's crazy."

Curveballs

The White House would not be quite so blunt. At least not in public. But there is deep frustration that for months their message has been ignored.
One source reminded me that for 35 years the White House has wanted a single phone number for EuropeLink. Now it has one, they continued, and it is Angela Merkel's. But the Americans feel that while she is taking their calls, she is not really listening.
There's a joke in Washington: Who could defeat Obama next year? Angela Merkel.
OK, it is a think-tank type of joke and isn't very funny. But you get the point. Those who tell it believe if Germany doesn't take fierce action, Europe will go into recession, the US will follow and Barack Obama hasn't a prayer of being re-elected.
The frustration in Washington is that Europe's leaders not only don't seem able to get ahead of the curve, they don't even seem to understand the concept.
It seems obvious to the administration that big, bold, dramatic action is needed. In other words Germany has to come up with not just enough money to stave off a crisis for a week, but so much that it surprises and impresses the markets.
Oh, and a stimulus package to get growth going again would be nice, too.

New recession fears

If that doesn't happen Washington cannot bear to think of what might.
There is quite a debate about the risk to American banks. Certainly Greece wasn't much of a problem. But Italy is much more worrying.
Back in the summer, Mr Geithner said the exposure to Europe as a whole was "quite small".
But Congress has been told it is 5% of total banking assets, some $640bn (£402bn). There are indications that fear of the euro disaster has already stopped banks lending.
But the worry is bigger, if less specific. It is simply that a recession in Europe is almost inevitable and that will push America back into recession.
Thomas Kleine-Brockhoff, director of strategy at the German Marshall Fund of the United States, says there is not just a eurozone crisis, but a "bi-continental crisis" because of the "deep integration" of the two economies. He says confidence is being hit right now because business fear "unknown avenues of contagion".
The European Commission says the EU and the US "enjoy the most integrated economic relationship in the world, illustrated by unrivalled levels of mutual investment stocks, reaching over 2.1tn euros".
But "enjoy" may not be the right word right now. Domenico Lombardi of the Brookings Institution already sees tell-tale signs of American exports suffering.
"Exports to Europe may slow down significantly in the next few months following the recession Europe is dipping into. In Indianapolis, a hub for US pharmaceutical exports to Europe, the industry has already suffered three consecutive quarters of double-digit job losses."
These are just straws in a growing wind.
There is a sense in the US that they are howling into the storm, urgently shouting advice while the immediate victims blithely and calmly do to little to escape the catastrophe that is about to over take them.
Their horror grows with every passing moment because of their certainty that if they're ignored, they're next

O AVISO DE PUTIN


O primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, afirmou hoje, segundo Press TV, numa reunião de peritos internacionais em Krasnogorsk, que um ataque à Síria, nos moldes da intervenção militar da NATO na Líbia, seria completamente inaceitável.

A MANIFESTAÇÃO


Realizou-se hoje em Lisboa uma manifestação (na verdade, várias manifestações consubstanciadas num só propósito) de protesto contra o Orçamento de Estado para 2012 e as medidas de austeridade no mesmo contidas, consideradas insuportáveis pela população portuguesa.

A manifestação, que congregou cerca de 200 mil pessoas, juntou funcionários públicos, polícias, guarda-republicanos, guardas prisionais, reformados, estudantes, etc., e foi considerada uma preparação para a greve geral do próximo dia 24.

Os militares realizaram uma manifestação separada, que marchou do Rossio até ao Terreiro do Paço, frente ao Ministério das Finanças, e que contou com mais de 10 mil oficiais, sargentos e praças, trajando civilmente. Os militares apelaram à intervenção do presidente da República e irão concentrar-se no próximo dia 30 em frente do Palácio de Belém.

Entretanto, o almirante Vieira Matias, ex-Chefe do Estado-Maior da Armada, alertou para uma situação de "ruptura" nos três ramos das Forças Armadas.

Existe a convicção generalizada entre os portugueses de que o programa de austeridade que o Governo pretende impor não conseguirá recuperar Portugal, antes o conduzirá, se for aplicado, à destruição. Não são apenas as vítimas menos esclarecidas que o dizem, mas é a opinião da maior parte das figuras da inteligentzia nacional que o proclama sotto voce ou publicamente. A Grécia, que desde há muitos meses suporta um programa semelhante, continua na marcha para o abismo e a Itália seguir-lhe-ia o exemplo, se adoptasse, o que certamente não fará, medidas idênticas.

Nem os gauleiters  propostos pelo Reich (Papademos ou Monti), lograrão qualquer sucesso. O que está profundamente errado, embora ainda ninguém, dentro da Nomenclatura, queira admiti-lo em público, é o sistema. E é esse que terá de mudar, mais tarde ou mais cedo.Com ou sem Terceira Guerra Mundial. Neste momento, além de protestar, só nos resta esperar.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

NANI COMPLETA 50 JOGOS INTERNACIONAIS


Segundo se regista aqui, após o jogo de hoje com a Bósnia-Herzegovina, na primeira "mão" do playoff para o Euro 2012, Nani completou 50 internacionalizações ao serviço da Selecção Nacional.

Até hoje o maior número de internacionalizações foi de Luís Figo, 127, tendo Cristiano Ronaldo envergado já 86 vezes a camisola das quinas.

BISPOS PORTUGUESES RECEIAM FIM DA DEMOCRACIA


Numa mensagem dirigida aos cidadãos, a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) afirma que "É cada vez mais claro que a política internacional não pode reduzir-se, nem muito menos submeter-se, a obscuros jogos de capital que fariam desaparecer a própria democracia".

Segundo o PÚBLICO, os bispos criticam a especulação financeira dos últimos anos, que consideram estar na origem da crise actual, e afirmam que “o capital provém do trabalho que, realizando a pessoa humana, mantém prioridade absoluta”.

Esta tomada de posição da CEP está em consonância com recentes posições do Vaticano, denunciando o progressivo empobrecimento das populações, ao mesmo tempo que se verifica um escandaloso enriquecimento de uma percentagem ínfima de pessoas.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

SEM EURO E SEM PALAVRAS !



Aguardam-se os próximos episódios!

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

UM GOLPE MILITAR?


Segundo o PÚBLICO, Otelo Saraiva de Carvalho declarou em entrevista à Agência Lusa que «para mim a manifestação dos militares deve ser, ultrapassados os limites, fazer uma operação militar e derrubar o Governo».

Não creio que estejam criadas as condições, quer a nível nacional, quer a nível internacional, para um golpe militar em Portugal. Contudo, numa situação limite, a hipótese não deverá ser absolutamente descartada. As exigências que vêm sendo progressivamente feitas a alguns países europeus, Portugal incluído, são propícias a uma indignação geral dos cidadãos.

Segundo notícias recentes, divulgadas pela televisão, na reunião de hoje, em Frankfurt, Angela Merkel e Nicolas Sarkozy terão encarado a possibilidade de uma Europa a duas velocidades, onde os países periféricos (quais?) seriam banidos da zona euro, o que, a ser exacto, contradiz as declarações proferidas à mesma hora, na Fundação Gulbenkian, pelo presidente do Euro-Grupo e primeiro-ministro do Luxemburgo, Jean-Claude Juncker, em defesa da vigência da moeda única.

Com tantas reuniões, cimeiras e confusões é difícil descortinar o destino próximo, salvo que os políticos europeus não são pessoas sérias. O que dizem hoje não é o que afirmaram ontem nem o que defenderão, certamente, amanhã. Islândia aparte, o drama começou na Grécia, passou à Irlanda, depois a Portugal, agora à Itália, a que se seguirão, neste percurso imparável, a Espanha, a Bélgica e, porque não, a França. Talvez seja essa a razão que faz correr Sarkozy.

Um golpe de Estado em Portugal, com a consequente instauração de uma Ditadura Militar, é improvável mas não impossível. Como o não é na Grécia (onde Papandreu substituiu há dias as chefias militares, atitude irrelevante para o caso), ou noutros países europeus. Recordemos que por golpe militar ou via democrática, a Europa teve nas últimas décadas muitas ditaduras: Franco, em Espanha, Mussolini, na Itália, Hitler, na Alemanha, Horthy, na Hungria, Antonescu, na Roménia, Papadopoulos, na Grécia, Pilsudski, na Polónia, etc., para não falar dos regimes comunistas do leste europeu, embora estes se considerassem democracias populares. Não eram muito populares, nem deviam, de facto, muito à democracia. Mas, é conveniente constatá-lo, as democracias ditas ocidentais (e cujo conceito engloba hoje esses países do leste europeu), são cada vez mais impopulares e de democracia quase já só conservam a forma.

Por isso, devemos ser prudentes, governos e cidadãos, para evitar situações que conduzam à violência (e algumas situações conduzem) e das quais não possamos depois arrepender-nos. Porque a única resposta seria então a que Norma deu a Pollione, no 2º acto, cena X, da ópera de Bellini: "È tardi".

ENTREVISTA COM O GRANDE MUFTI DA SÍRIA


Uma importante entrevista do Grande Mufti da Síria, o Sheikh Ahmad Hassoun à revista Der Spiegel

Grand Mufti Sheikh Hassoun, the highest Islamic authority in Syria and a close confidant of embattled President Bashar Assad, talked to SPIEGEL about the threat of civil war, possible suicide bombings in Europe and his son's murder at the hands of Islamist insurgents.

For some he is a holy man, for others he is little more than a rabble-rouser. But no one can dispute that Grand Mufti Ahmad Badreddine Hassoun, 62, is one of the most important men in Syria, a man who, as the country's most senior religious scholar and a close political advisor to President Bashar Assad, plays a role in shaping war and peace in his country and in the entire Middle Eastern region.

Sheik Hassoun, a Sunni religious scholar at Al-Azhar University in Cairo and a member of parliament for eight years, has always found conciliatory words in the West. He sharply criticized the term "Holy War" in front of the European Parliament, saying: "Only peace is holy." At the Ecumenical Church Congress in Munich, he impressed fellow participants with his plea for interfaith dialogue and stunned German bishops with the proposal that the Christian Democratic Union (CDU) should remove the letter C from its name, for reasons of secularism.

Now, in October, Hassoun has adopted a decidedly different tone in his homeland. The following passage was leaked from the eulogy he gave for his son Saria, who had been killed by militant regime opponents: "The moment the first (NATO) missile hits Syria, all the sons and daughters of Lebanon and Syria will set out to become martyrdom-seekers in Europe and on Palestinian soil. I say to all of Europe and to the US: We will prepare martyrdom-seekers who are already among you, if you bomb Syria or Lebanon. From now on, an eye for an eye and a tooth for a tooth."

SPIEGEL was able to accompany the grand mufti through Aleppo last week, a rare opportunity to get a close-up look at the dramatic changes in the country that, as former US Secretary of State Henry Kissinger once said, is the key to peace in the Middle East.

State of Emergency
Syria is in a state of emergency. An uprising has been raging for the last eight months, in which at least 3,000 people have already died, according to UN estimates. But now Syria is also disintegrating into surreal juxtapositions. There have been bloody clashes in cities like Homs, Hama and Latakia, while Amnesty International is reporting cases of torture, even in hospitals, as well as kidnapping and tribal conflicts. The 4,000-year-old city of Aleppo, a crossroads on the legendary Silk Road, feels like a city that is nervously in limbo, sniffing the air to see what comes next: peace on parole.
In the winding alleys beneath the citadel, a UNESCO World Heritage site, tradesman and merchants are putting on a defiant show of normalcy, while at the same time exchanging the local currency for US dollars on the black market. An eerie silence prevails in the painstakingly restored Ottoman-era mansions that have been converted into boutique hotels.
Church bells ring almost simultaneously with the call of the muezzin. Catholic and Orthodox Christian churches are sprinkled here and there among the many mosques. In the markets, women in full veils jostle next to others in miniskirts and high heels. The armed struggle seems endlessly far away at first, but then its presence is suddenly very close, as sirens pierce the air and ambulances bring the dead and wounded from a bloody battle only 15 kilometers from the center of Aleppo.

No Sign of Any Calm
Are the denominations also being played off against one another in this heated atmosphere? Could the Sunni majority, 71 percent of the population, be about to take its revenge on the Alawite minority (12 percent), to which the presidential family of authoritarian rulers for the last 40 years belongs?
Last Wednesday, the government agreed to a peace plan proposed by the Arab League. But there is no sign of the situation becoming any calmer; bloody battles erupted once again after Friday prayers.
The grand mufti meets with us in the office of his apartment near the university. He is sitting in front of a large set of bookshelves, interrupted only by calligraphy that reads, in Arabic: "God teaches us everything, including the best way to use language." The talks with the grand mufti span two afternoons. They are periodically interrupted when, for example, the conversation turns to the death of his son and the mufti is overcome with sadness, or more rarely, when a visitor arrives, delivers a letter and, according to tradition, kisses the religious leader's hand. A friend of the mufti who everyone calls George -- not a Muslim, but an Armenian Christian -- acts as an interpreter.


SPIEGEL: Sheikh Hassoun, at least 3,000 people have died in Syria since March. Can civil war still be averted?
Hassoun: It is possible, but then all sides must truly desire peace. The government has just agreed to take the first step: It will withdraw the army and all tanks from city centers. One has to be aware of how it all began to understand how long the path to reconciliation still is. Some forces, especially abroad, have an interest in further escalation.
SPIEGEL: What do you mean?
Hassoun: In March, there was a completely justified, peaceful rally in Daraa against the governor of the region, who had thrown schoolchildren into prison. Daraa is a town near the Jordanian border known for smuggling. I went there right away and brought calm to the situation, and I promised the people an independent investigation. At my suggestion, the president removed the governor from office. But then imams who had come from abroad, especially Saudi Arabia, stirred things up with their inflammatory speeches. The news channels stationed in the Gulf states, Al-Jazeera and Al-Arabiya, helped them by falsely claiming that the clergy was on the side of the anti-Assad protesters.
SPIEGEL: Are you saying that the uprising against Assad was not triggered by regime repression but is being controlled from abroad?
Hassoun: Look at the second center of unrest, next to Daraa: Homs. That city is also very close to the border, in this case with Lebanon. Unpleasant elements -- Iraqis, Afghans, Saudis and Yemenis -- have also come from there, all with a radical, fundamentalist agenda. The provocateurs even attacked police chiefs and military officers in their homes.
SPIEGEL: It sounds like a conspiracy theory, with which you are trying to gloss over the failure of the Assad regime.
Hassoun: The government is not as you describe it. But it has made political and economic mistakes and did not liberalize quickly and comprehensively enough. The president is taking responsibility for that.
SPIEGEL: You say this to him in your private conversations?
Hassoun: It is well known that I generally support the president's policies. But when I feel the need to criticize and correct, I do so. Take, for example, the need to improve the living conditions of poorer classes and the treatment of dissidents. There is an old guard in our government circles. These people are impediments and must be isolated.
SPIEGEL: And the president listens to you? We have the impression that he is resistant to advice from others.
Hassoun: I don't think he clings to his position that much.
SPIEGEL: In your view, under what circumstances would Assad be willing to step down -- a condition that many insurgents have made and that is shared by US President Barack Obama and European politicians?
Hassoun: I am convinced that he will gradually introduce reforms, allow free and fair elections with independent parties, and then, after a peaceful transition, he might be willing to step down. He's no president for life. Bashar Assad, a former eye doctor, wants to return to his old profession. I can easily imagine it. In fact, he has told me several times about his dream of running an eye clinic.
SPIEGEL: At the moment, however, he has been very hesitant in agreeing to reforms. Under massive pressure from the Arab League, he agreed to end the violence within the next two weeks. Did Assad underestimate the scope of revolutionary change in the Middle East? Did you, too, fail to anticipate that the region's authoritarian rulers could be swept away?
Hassoun: Oh, the Arab League and the so-called Arab Spring. In my opinion, the League is deeply divided, into a wing that sees itself primarily in opposition to Israel, and another one that positions itself against supposed Iranian dominance. Since the League is so concerned about Syria, where is its outcry over Yemen and Bahrain, where the conditions are much worse? And what has really improved in Egypt? Should we welcome the rise of Islamist parties? I believe in the strict separation of church and state.
SPIEGEL: Not all Islamists are enemies of democracy. The winners of the election in Tunis have committed themselves to pluralism, and the Justice and Development Party (AKP) in Ankara largely practices this pluralism.
Hassoun: I was in Turkey nine months ago and met with almost all the top politicians. And I have to admit that I was very impressed.
SPIEGEL: Your northern neighbor has sided with Assad's opponents. Turkey is allowing the so-called Free Syrian Army to organize attacks against northern Syria from its territory. It is also harboring the Syrian National Council, the joint opposition group, which announced its formation in Istanbul a few months ago.
Hassoun: Yes, I was very surprised and outraged about that. This so-called national council doesn't even have a political program. I say to them: Show us something, negotiate with the Assad regime over a realistic timetable, and then let the people decide who has the more convincing ideas.
SPIEGEL: At least a portion of the Assad opponents now seem to favor a Libyan scenario, an armed struggle ...
Hassoun: ... which doesn't stand a chance. Assad isn't Gadhafi, and Syria isn't comparable with Libya. We are a great cultural nation, and bloody revolutions aren't our style. Besides, we have a functioning, tradition-conscious and loyal army.
SPIEGEL: That's what you say, but many soldiers have joined the resistance movement.
Hassoun: How many, 50 or 55? We're talking about an army of tens of thousands of men. But some of the radical Sunni imams from Saudi Arabia and the Gulf region are stirring people up, and unfortunately they are finding a few Sunni imams in my country who sympathize with them. For instance, they have pronounced a fatwa against me, because in their view I am betraying religion and am too moderate. But I'm not the only one on their hit list.
SPIEGEL: Who else?
Hassoun: They set their sights on my innocent son Saria, a 22-year-old student who was always friendly to everyone, who was studying International Relations and did not want to make religion his profession. So much for the kin liability you've criticized elsewhere! Oh, if only the four killers had killed me instead!
During the late afternoon, the grand mufti has other appointments: condolence visits with a Christian and a Muslim family. In the evening, he will have to comfort his wife once again, who is completely distraught over the death of Saria. He was the youngest of the couple's five sons, and the only one still living at home. Saria's fellow students are holding a vigil at his stone sarcophagus, even now, four weeks after the murder. The young man's last resting place can be found in the courtyard of a modest mosque. Sheikh Hassoun visits this sad place every day: a despairing father, an impassioned preacher, a man who with his words can set fires and can put out fires. He continues the interview the next day.
SPIEGEL: Why did you threaten to send suicide bombers to Europe and the United States in your speech at the gravesite?
Hassoun: I didn't threaten to send suicide bombers. I merely described a scenario in which it could easily emerge from the situation, and I warned against what could happen. Sentences were taken out of context and given a different coloring. Besides, the context to which my remark applied was a self-defense situation: a possible NATO attack on Syria ...
SPIEGEL: ... which former American presidential candidate John McCain as well as some of the members of the Syrian opposition operating abroad have already talked about.
Hassoun: If it comes to that, the world will explode. There will be an enormous bloodbath, and it will also affect you in the West. That's why Europe, in particular, should be more involved in the region. The Europeans would be better peace brokers than the Arab League.
SPIEGEL: Back to your eulogy ...
Hassoun: ... the character of which is being distorted by the sentences you cited. I wasn't interested in inciting people to go to war, but in reconciliation -- even with the murderers of my son Saria. "For those who killed him, I ask God that they not be forced to drink from the same cup as I do, this cup of suffering," I said. "I ask God to forgive you." And I called upon all parents whose sons carry weapons: "Make sure that they no longer use their guns."
SPIEGEL: But you also claimed that what the murderers were targeting was "not Saria, but Syria. They want Syria to bow down to Zionism and America." If you believe that the killers are Sunni extremists, why are you accusing Israel and the United States?
Hassoun: There are close ties between the Saudi royal family and the American White House. The Americans are often on the side of the oppressors. I am always on the side of the oppressed.
SPIEGEL: What does that mean for your role in Syria?
Hassoun: I see myself as the grand mufti of all 23 million Syrians, not just Muslims, but also Christians and even atheists. I am a man of dialogue. Who knows, maybe an agnostic will convince me with better arguments one day, and I'll become a non-believer. And if I'm enthusiastic about the opposition's political platform, I also might change sides.
SPIEGEL: What do you want your legacy as a religious scholar to be?
Hassoun: The bloodshed has to stop! If I could manage to bring about peace, I'd be happy to let my enemies kill me -- I'd be happy to give my life for that!
SPIEGEL: Sheikh Hassoun, we thank you for this interview.

Interview conducted by Erich Follath in Aleppo, Syria